«Quase ao fim do século terceiro, encontramos pela primeira vez em Roma, no sarcófago de um menino e no contexto da ressurreição de Lázaro, a figura de Cristo como o verdadeiro filósofo que, numa mão, segura o Evangelho e, na outra, o bastão do viandante, próprio do filósofo. Com este bastão, Ele vence a morte; o Evangelho traz a verdade que os filósofos peregrinos tinham buscado em vão. Nesta imagem, que sucessivamente por um longo período havia de perdurar na arte dos sarcófagos, torna-se evidente aquilo que tanto as pessoas cultas como as simples encontravam em Cristo: Ele diz-nos quem é na realidade o homem e o que ele deve fazer para ser verdadeiramente homem. Ele indica-nos o caminho, e este caminho é a verdade. Ele mesmo é simultaneamente um e outra, sendo por isso também a vida de que todos nós andamos à procura. Ele indica ainda o caminho para além da morte; só quem tem a possibilidade de fazer isto é um verdadeiro mestre de vida. O mesmo se torna visível na imagem do pastor. Tal como sucedia com a representação do filósofo, assim também na figura do pastor a Igreja primitiva podia apelar-se a modelos existentes da arte romana. Nesta, o pastor era, em geral, expressão do sonho de uma vida serena e simples de que as pessoas, na confusão da grande cidade, sentiam saudade. Agora a imagem era lida no âmbito de um novo cenário que lhe conferia um conteúdo mais profundo: « O Senhor é meu pastor, nada me falta [...] Mesmo que atravesse vales sombrios, nenhum mal temerei, porque estais comigo » (Sal 23[22], 1.4). O verdadeiro pastor é Aquele que conhece também o caminho que passa pelo vale da morte; Aquele que, mesmo na estrada da derradeira solidão, onde ninguém me pode acompanhar, caminha comigo servindo-me de guia ao atravessá-la: Ele mesmo percorreu esta estrada, desceu ao reino da morte, venceu-a e voltou para nos acompanhar a nós agora e nos dar a certeza de que, juntamente com Ele, acha-se uma passagem. A certeza de que existe Aquele que, mesmo na morte, me acompanha e com o seu « bastão e o seu cajado me conforta », de modo que « não devo temer nenhum mal » (cf. Sal 23[22],4): esta era a nova « esperança » que surgia na vida dos crentes.»
Bento XVI, Encíclica Spe Salvi, 2007
10 comentários:
Hoje não vi insurgir - se contra os prós da D. Fátima.
Não vi. Às segundas vejo House. Ou janto fora. Foi o que aconteceu, aliás.
«Na Igreja que está em Portugal, um procura muito mostrar-se o primeiro; inquietação a que Cristo Jesus repondeu há muito: Quereis ver o primeiro, olhai o último!»
(Ioseph Ratzinger, Bento xvi)
MOV02732 Daqui ainda não diviso nem Ioseph Ratzinger nem Bento xvi.MPG(152MB)
http://www.youtube.com/watch?v=yhsWs0MbEpM
descrição:
No dia do início da visita de Sua Santidade o Papa Bento xvi a Fátima e Portugal esta minha homenagem a Ioseph! «Na Igreja que está em Portugal, um procura muito mostrar-se o primeiro; inquietação a que Cristo Jesus repondeu há muito: Quereis ver o primeiro, olhai o último!»
palavras-chave:
bentoxvi angeloochoa iosephratzinguer praceta portugal setúbal igreja ioseph ieoua miria
No fim-de-semana o SLB ganhou o campeonato.
Durante a semana há Fátima e o Papa.
No próximo fim-de-semana, já devemos estar preparados: o governo anunciará o aumento do IVA e o imposto (adicional) sobre o subsídio de natal.
O povo gosta.
"O verdadeiro pastor é Aquele que conhece também o caminho que passa pelo vale da morte; Aquele que, mesmo na estrada da derradeira solidão, onde ninguém me pode acompanhar, caminha comigo servindo-me de guia ao atravessá-la"
Como eu compreendo JG.
'a esperança salva'
'é sempre a última a morrer'
gostei de ouvir a coragem manifestada para com os inimigos internos 'a 5ª coluna'
relembro a importância das identidade pessoal e dos povos.
a condenação da globalização e capitalismo selvagens
o 'comício papal'
deixa na fossa os sapatilhas, pittas, alegres e outros
Este é um dos mais belos e profundos textos citados ne seu blog. Se toda a encíclica é notável é de muito alta qualidade teológica,este pequeno texto vai alem da especulação teológica clássica(referências patrísticas,filosóficas,etc) para entrar no domínio do humano como ser destinado ao sofrimento,mas tambem à capacidade de redenção. Pena é que alguns comentadores tenham que vir tentar sujar o eco desta notável reflexão com as referências comezinhas habituais,mas vivemos onde vivemos. Mas acabam por não sujar.A lama seca e cai. Senão,que seria de nós.
E' interessante que este 'e primeiro Papa de que tenho conhecimento que 'e referido pelo seu nome proprio a par com o do seu nome como Papa (Karol Wojtila sempre foi referido como Joao Paulo II depois de ter ascendido a Papa).
E' curioso.
Rui Silva
«Pena é que alguns comentadores tenham que vir tentar sujar o eco desta notável reflexão com as referências comezinhas habituais»
Meu caro, tudo faz parte da vida. Ou preferia que vivêssemos todos no silêncio do sepulcro como mortos com vida?
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