2.6.11

"CIRCUS POLITICUS"


«As circunstâncias críticas em que o País vive deveriam ter ditado uma campanha diferente - mais esclarecedora, mais pedagógica e mais responsável. Onde se debatessem os problemas do País e as diferentes perspectivas para os resolver, atendendo não só às limitações do quadro nacional, mas também ao impasse europeu e às gigantescas transformações em curso no plano internacional. Nada disto se fez. Vivemos quinze dias de excitação encenada, com gritarias, jantaradas e arruadas, pontuada por slogans e outras declarações que todos já conhecíamos de cor, como se tratasse de cumprir um mero ritual tão preparado como esgotado, que já poucos toleram e ninguém é capaz de justificar. A não ser - e é sem dúvida esse o caso - que o que conta hoje em dia seja esta co-produção mediático-política, que está a matar o que resta de dignidade na política e a desacreditar o que resta de seriedade no jornalismo. Por muito que se acusem e recriminem entre si, é nestes momentos que se vê com absoluta clareza como a cumplicidade entre os media e a política é cada vez mais complementar e intersticial, às vezes até obscena. Com os políticos sempre à espera da ocasião, para repetirem a sua sempre mais do que previsível frase do dia. E com os media sempre à espreita desse momento, como se de um grande furo se tratasse. Todos perfilados à hora dos vários telejornais do dia, como verdadeiras marionetas deste cada vez mais insólito "circus politicus" em que vivemos.»

Manuel Maria Carrilho, DN

5 comentários:

Anónimo disse...

É superficial. O que está a matar a campanha é que o país passa o tempo a baixar o nível porque tem de andar permanentemente a discutir as vigarices, mentiras e omissões do PM. É ele que lidera a campanha eleitoral ao rebaixar a nação ao ponto de tentar esconder até às eleições o documento que assinou em nome de todos nós e ao negar em pleno debate, fazer aquilo com que se comprometeu perante o FMI. É isso que não deixa margem para qualquer espécie de evolução, até porque de cada vez que se fala ou questiona sobre opções políticas o único partido cujas medidas estão de facto em análise (o PSD), o PM e o seu rebanho de obreiros aparece logo a aldrabar as medidas, apresentando-as distorcidas e cortadas, não restando outra hipótese que não seja tentar mostrar às pessoas que estão a ser aldrabadas. No fundo, o problema é que o país baixou ao nível de Sócrates e não consegue sair dele enquanto ele e os seus Silvas Pereiras por cá andarem. De resto, o futuro do país passará muito mais por aquilo que Carrilho não vai sequer tentar fazer a essa gente do PS do que pelos jornalistas. E essa gente vai "andar por aí".

Anónimo disse...

A caminho de findar todo este carnaval de campanha (mesmo com a grave situação presente já nos espíritos de alguns, como mudar toda uma sociedade do dia para a noite? que esperava Carrilho do Povo e do País? Elevação em 24 horas?), o criminal-PS, o líder e as sombras brutas do costume já se agitam perante os vários cenários que se preparam - nenhum deles brilhante: tal como a Mafia e a Camorra, apresentam-se fazendo-se necessários e chantageando já; querem não ser completamente postos na rua; rangem os dentes defendendo os seus empregos, os seus saques mensais, as suas rendas, os seus pratos, os seus gabinetes; o pêlo está-lhes levantado no garrote e arqueiam as costas, avançando de lado. O "Defender Portugal" é o 'defender as nossas negociatas e o nosso poder'; aquele poder ao qual eles-PS não estão agarrados (...). Em duas décadas este bando de políticos afunilou o País e o seu próprio modo de vida, aumentando enormemente o gigantesco número dos dependentes recentes da teta estatal. A chulice profissional da "situação" está em perigo. Vergonha.

Ass.: Besta Imunda

Artur disse...

Sinceramente, 15 dias de campanha eleitoral é excessivo nos dias de hoje. Creio até que a necessidade de "bater o Sertão" para contactar com as populações não só não tem efeito nenhum em termos de conquista de votos como potencia os "fait-divers" e os pintelhos que os jornalistas gostam de mostrar nas televisões às 8. Uma semana chegaria perfeitamente para alguns colóquios onde se debatem as propostas dos partidos com a participação livre das pessoas e, vá lá prontos, um comiciozinho para o pessoal abanar as bandeirinhas--tudo isto precedido pela apresentação dos Programas de cada partido e os debates. Entre pré-campanha e campanha, 2 semanas chegavam perfeitamente. No modelo actual, esta malta passa 2 meses inteirios a fazer barulho desnecessariamente.

Anónimo disse...

As campanhas eleitorais nunca serviram para esclarecer nada.
São um tempo de aliciamento do eleitor com aldrabices.
Rui Mateu já o dizia nos anos 90.
E Carrilho nas eleições municipais a que concorreu,fez o mesmo.

Anónimo disse...

«Onde se debatessem os problemas do País e as diferentes perspectivas para os resolver, (...)»

O sr. Carrilho estará certamente a referir-se ao seu partido e ao PSD. Eu ouvi muito boa gente a debater e apresentar "perspectivas para os resolver". Ele é que se faz de surdo.