«Na Madeira, Alberto João Jardim proibiu os dirigentes do PSD-M de escreverem artigos de opinião no Diário de Notícias local, jornal privado que o chefe do governo regional vê como principal força da oposição. Todos os dirigentes, à excepção de um, obedeceram. Jardim visa beneficiar o diário que o governo regional financia com dinheiros públicos e alimentar a ideia de que o Diário de Notícias só representa os sectores não-governamentais da opinião.
Em Lisboa, o presidente da República anuiu com um processo sugerido pelo procurador-geral contra o director da Sábado por uma frase que exprime uma opinião — dura para com Cavaco Silva, mas uma opinião. Tendo o presidente feito um primeiro mandato irrepreensível no domínio da defesa da liberdade de expressão e opinião, é infeliz esta anuência ao processo sugerido por Pinto Monteiro. Este caso motivou alguns genuínos defensores das liberdades, mas também gente de “esquerda” que só as defende quando concorda com os textos alvos dos ataques. São já tantos os casos em que esta “esquerda” se limita a defender a sua própria opinião que temos de ver no conjunto um padrão extremamente enviesado das liberdades. Correcto será defender, em primeiro lugar, os direitos de quem exprime opiniões para nós detestáveis ou factos para nós desagradáveis. Esta “esquerda” que nos saiu na rifa silenciou, por exemplo, o processo da ERC contra Sinel de Cordes, autor de humor negro na SICR. Só se indigna, o que é fácil, com o processo retrógrado de familiares do director da PIDE Silva Pais aos dramaturgos da peça A Filha Rebelde, processo que, aliás, parte de particulares e não de quem ocupa cargos públicos. É muito feio silenciar alguns casos de ataques às liberdades e fazer parangonas de outros. Esta esquerda ou não é verdadeira ou defende, como os governos de Sócrates, mais liberdades para si do que para os outros.»
Em Lisboa, o presidente da República anuiu com um processo sugerido pelo procurador-geral contra o director da Sábado por uma frase que exprime uma opinião — dura para com Cavaco Silva, mas uma opinião. Tendo o presidente feito um primeiro mandato irrepreensível no domínio da defesa da liberdade de expressão e opinião, é infeliz esta anuência ao processo sugerido por Pinto Monteiro. Este caso motivou alguns genuínos defensores das liberdades, mas também gente de “esquerda” que só as defende quando concorda com os textos alvos dos ataques. São já tantos os casos em que esta “esquerda” se limita a defender a sua própria opinião que temos de ver no conjunto um padrão extremamente enviesado das liberdades. Correcto será defender, em primeiro lugar, os direitos de quem exprime opiniões para nós detestáveis ou factos para nós desagradáveis. Esta “esquerda” que nos saiu na rifa silenciou, por exemplo, o processo da ERC contra Sinel de Cordes, autor de humor negro na SICR. Só se indigna, o que é fácil, com o processo retrógrado de familiares do director da PIDE Silva Pais aos dramaturgos da peça A Filha Rebelde, processo que, aliás, parte de particulares e não de quem ocupa cargos públicos. É muito feio silenciar alguns casos de ataques às liberdades e fazer parangonas de outros. Esta esquerda ou não é verdadeira ou defende, como os governos de Sócrates, mais liberdades para si do que para os outros.»
*Eduardo Cintra Torres, Público
3 comentários:
O Eduardo Cintra Torres já tem idade para não se admirar com a esquerda que temos!
Qual a esquerda, em Portugal ou no mundo que funciona como ele acha que devia?
Cá, até pode começar pelo PS e pelos episódios amordaçantes ao longo da legislatura!
Nem precisa de ir à esquerda mais retrógrada!
nada disto que está aqui escrito, desculpa as arbitrariedades de Jardim que tem um jornal gratuito há anos, em que o erário público gasta cerca de 20.000 euros por dia para satisfazer este seu seu "capricho". Há casos, como este, em que as comparações são perfeitamente dispensáveis. Aliás, o Diário de Notícias da Madeira´tenta ser o mais possível objectivo, fazendo parte, do diário, colunistas do PSD que Jardim agora proibe de escreverem! O homem passou-se!
Não há qualquer contradição. Jardim é um homem de esquerda encriptado. A sua obra é a construção do socialismo em duas ilhas.
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