1.6.10

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA


Os dias disto e daquilo são uma parvoíce comercialona e interesseira. Mas este post de Manuel S. Fonseca, por instantes (e julgo que a ele também ocorreu) recordou-me um texto de Truman Capote, sobre Marilyn Monroe, em Música para Camaleões. O título dele é A beautiful child. Foi como Truman, sem pieguices, a quis recordar. Marilyn era a prova viva - e foi-o ainda mais na morte - de que essa coisa de ser uma eterna criança, ainda por cima bela, paga um pesado juro de monstruosidade que nem todos aguentam pagar. O escrito de Truman conclui-se (escrevo de cor) com Marilyn a afastar-se depois de uma conversa num lugar público, real ou imaginado, com o autor. O sorriso com que ela se despediu definiu-a para sempre - uma linda criança, a beautiful child de quem a vida não era digna. Isto já é Ruy Belo. Porque Ruy Belo disse-a em português (a ela, a essa bonita criança) melhor do que ninguém.

Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia.

8 comentários:

Anónimo disse...

O governo assinalou o dia da criança anunciando que a idade pediátrica, nos serviços publicos de saúde, vai ser alargada para os 18 anos.
http://aeiou.expresso.pt/dia-da-crianca-idade-pediatrica-alargada-para-os-18-anos-governo=f586021

Será que os estudantes de 18 anos que apanham valentes bebedeiras aos sábados à noite, vão passar a
ser assistidos no Hospital da Estefania?

Garganta Funda... disse...

«We are the world, we are children».

Que seria o nosso mundo sem estas liturgias farisaicas?

(O «Avó Cantigas» que está em Estrasburgo é que podia vir cá ao rincão animar esta rapaziada...).

Floribundus disse...

Lollobrigida
Sofia Loren
Mlle Bardot
também foram criancinhas

Anónimo disse...

A mulher mais linda, ingénua, sensível e boa (no sentido de kind) do mundo. Tudo nela era perfeito. E no entanto nunca teve a seu lado quem lhe desse o devido valor como ser humano único que era, com a excepção, por pouco tempo, de Joe DiMaggio. Nem Arthur Miller que ela adorava, a compreendeu. Um dia este disse numa entrevista (transmitida na nossa televisão), após ter-lhe sido perguntado como era possível duas pessoas tão diferentes se terem unido, que casou com ela porque achava piada ao facto de ela ser tão branca de pele e ele ser muito moreno. Era esse contraste que o atraiu em Marilyn. Foi infeliz na infância e na adolescência e já no cinema foi aproveitada e explorada por todos quantos a rodearam, desde os magnatas do cinema aos agentes, passando por alguns e algumas colegas que a invejavam ao máximo e sobretudo pelo psiquiatra que a acompanhou nos últimos anos de vida (psiquiatra que lhe foi especialmente recomendado por Lee Strasberg com quem teve algumas aulas no Actor's Studio e onde infelizmente o conheceu) e que lhe forneceu as drogas que a mataram, através da mulher de Strasberg, Paula - isto dito nessa entrevista pela boca do próprio Miller). Marilyn, que por insistência deste casal passou a viver no apartamento deles em Nova York por uns tempos. Era nessas noites e dias que Paula lhe proporcionava as ditas drogas fornecidas pelo psiquiatra amigo de ambos, drogas essas que a punham a dormir dias seguidos propositadamente e que, como era de esperar, começaram a destruir-lhe o cérebro irreversìvelmente e que a levaríam pouco tempo depois ao suicídio. O que a maldade e inveja humanas podem fazer a seres profundamente bons e ingénuos (e Marilyn não foi a única a ser crucificada, outras e outros antes dela já o haviam sido) não tem limites. Só teve um verdadeiro amigo no fim da vida - Dean Martin, outra alma boa, com quem contracenou no seu último filme e que defendendo-a ao limite, disse ao produtor que se recusaria a terminar o filme caso ela, que tinha sido despedida, não fosse readmitida... o que aconteceu. Pobre Marilyn. Que triste fim para a mulher mais bonita do mundo e com a alma mais pura do cinema.
Maria

Karocha disse...

Única.

Bem escrito Maria.

Anónimo disse...

Das crianças apenas digo que deviam ser mais (precisamos de gente que sustente o sistema no futuro), que são certamente o futuro (que sopeirice) e que as devemos proteger, educar, transmitir valores, ensinar a ler e escrever etc. De resto quero-as longe e em silêncio; ou seja, no seu devido lugar. Não há criança que não acabe por degenerar num adulto. É esse o seu fado - excepto os anjinhos, mas que diabo, não vamos pensar nisso agora. Todo este falatório à volta das crianças também só é possível porque existe uma indústria, dirigida por pedantes e vácuos que se fazem necessários. Nunca como agora se falou e escreveu tanto sobre tão poucas crianças e com resultados tão maus: em certa medida, e face às condições de cada época, nunca como agora as crianças, e a infância principalmente, foram tão vilmente usadas e tão maltratadas.
De Marilyn apenas direi que tinha a aparência de um belo mamífero, mas o interior devastado, usado e abusado das velhas cortesãs quando resolveu "deixar-nos". Paz à sua alma e que contemple a serena face do Senhor até ao fim dos tempos.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Obrigada pela simpatia, Karocha.
Maria

Anónimo disse...

Quanto a Truman Capote ... enfim. Aquela reportagem sobre o assassínio da família Cutler estragou tudo.

Lembra-se João?