14.6.10

VER O MUNDO COM OS OLHOS DA VIDA E DA LIBERDADE

Uma leitura de Jorge de Sena. "Vem tudo do fígado", diz o Bruno, dando prova que ainda tem "muito" Sena para "comer". Mesmo assim, anda por perto. "Como bom e amargo lúcido, Jorge de Sena tinha clara consciência da sua relação com o mundo (não limitar a sua desilusão à pobre pátria que o pariu) e as suas próprias palavras são definitivas: “Perdoa o sermão que o não é, mas só a muita e inescapável amargura de quem ama a vida e a liberdade, e odeia totalmente o mundo em que lhe é dado viver."
Adenda (bem pensada do Impensado): "Proclamar Sena um «desiludido genérico» é querer esquecer as realíssimas razões que ele tinha para se desiludir particularmente com Portugal e a «filhadeputice» lusitana, de aquém e além ditadura, de que não terá sido episódio menor e exemplar o não o não ter recebido qualquer convite oficial depois do 25 de Abril para poder voltar ao seu país. Para quem navega em águas de adocidados doutoramentos com bolsas de estudo gulbenkinas, equiparações a, e os elogiozinhos nos locais habituais, a caminho do mandarinato - depois da Europa, caminho atapetado com farta cópia de euros, não será fácil ver a sensatez do desespero de Sena."

4 comentários:

floribundus disse...

o figado é um orgão que funciona como uma etar.
purifica o organismo de toda a porcaria que o sangue transporta.
excepto aquela que é inalada e só passa parcialmente e em segunda volta.
dos coléricos dizia-se «têm maus fígados»

já não se vendem iscas nem 'cacholêra' e sopa de cachola

impensado disse...

Eu diria mais, do fígado dos outros. Dos maus fígados de quem o sacaneou a ele, muitas vezes de modo impessoal, apenas por ele não ter as credenciais que nos mundos que frequentou isentavam das necessárias humilhações.
Nessa correspondência, quando Sofia se confessa encantada com o acolhimento da inteligzentia brasileira Sena chama-lhe a atenção esse bom acolhimento se não traduzir em nada mais do que simpáticas e vãs palavras e que, apesar das simpatias ninguém a citaria, ou incluíria em bibliografias. E assim terá sido.
Proclamar Sena um «desiludido genérico» é querer esquecer as realíssimas razões que ele tinha para se desiludir particularmente com Portugal e a «filhadeputice» lusitana, de aquém e além ditadura, de que não terá sido episódio menor e exemplar o não o não ter recebido qualquer convite oficial depois do 25 de Abril para poder voltar ao seu país.
Para quem navega em águas de adocidados doutoramentos com bolsas de estudo gulbenkinas, equiparações a, e os elogiozinhos nos locais habituais, a caminho do mandarinato - depois da Europa, caminho atapetado com farta cópia de euros, não será fácil ver a sensatez do desespero de Sena.
Nota - O autor deste comentário não conhece o autor do post que o Dr. JG comenta. Estas considerações são impessoais.

Anónimo disse...

Mais uma vez a velha máxima se aplica - não se deve ter razão demasiado cedo. Sob pena de ser apelidado de bilioso. E ao JG só lhe falta uma coisa para entrar no clube: deixar de apoiar o dr. Cavaco e passar para o lado do Pedro Santana Lopes.

Ass: Um verdadeiro bilioso

Anónimo disse...

Outro que vê o mundo com os olhos da vida e da liberdade e, Deo gratias, ainda vivo:
Juan Manuel de Prada, Nadando contra corriente, Buenas Letras 2010

Interessante entrevista em: http://www.religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=9212