2.5.10

«PRODUZIR E POUPAR»

«Perante a catástrofe que se aproxima, há várias maneiras de reagir. Primeira, arranjar "nervos de aço" e prosseguir serenamente na asneira, como o nosso inefável Sócrates; e as consequências que se lixem, sobretudo se forem para o próximo. Segunda, inventar um "ataque especulativo" (o melhor seria uma "conspiração especulativa"), para nos sentirmos, como de costume, a vítima inocente de forças maléficas como o "capitalismo internacional", "o capitalismo de casino" ou monstros do género; o que nos permite não fazer coisíssima nenhuma, em boa consciência e sem cêntimo no bolso. Ou, terceira, tomar medidas para que o pior não chegue ao pior. Peço licença, para dar uma amostra sugerida pela Grécia, pela Espanha e pelo que tenho observado dos costumes da Pátria. Aqui vai. 1.º Reduzir o número de feriados. Quatro (4) chegam: o Natal, o Ano Novo, o Dia de Portugal e a Sexta-feira Santa. Ganhávamos com isso e com a eliminação das "pontes" mais de um mês de trabalho. 2.º Fechar empresas públicas: as que são inteiramente substituíveis (por exemplo, a EPUL e a RTP) e as que perdem dinheiro sem qualquer resultado relevante ou benéfico (a lista é infinita). 3.º Fechar as fundações e pseudofundações que o Governo sustenta, quer directamente (ou seja, do centro), quer através das câmaras. 4.º Vender as propriedades do Estado que não servem um interesse nacional evidente (quartéis, prédios, matas, florestas, por aí fora). 5.º Vender os submarinos e outro armamento inútil ou excessivo. 6.º Demolir e vender o autódromo do Estoril, o autódromo do Algarve e meia dúzia de estádios deficitários, sem indemnização a particulares.Isto ajuda, mas não chega. É preciso continuar. Com o seguinte: 1.º Suspender imediatamente os grandes projectos (o novo aeroporto, o TGV, a TTT). 2.º Não construir um único quilómetro de auto-estrada. 3.º Proibir a contratação de mais funcionários públicos. 4.º Eliminar serviços sem objecto ou mesmo nocivos (por exemplo, o Instituto do Livro). 5.º Congelar as promoções no funcionalismo, pelo menos, durante 5 anos. 5.º Acabar com o chamado "subsídio de férias" (para subsídio, já bastam as férias pagas). 6.º Pôr um limite legal à despesa do Estado. 7.º Aumentar o IVA dois por cento. 8.º Regular a banca estrita e rigorosamente. É muito? É de mais. Acham que sim? Brinquem, brinquem e depois não se queixem.»

Vasco Pulido Valente, Público

Adenda: A propósito dos "exemplos" 4º, segunda parte (eliminar serviços sem objecto ou mesmo nocivos), e 6º (pôr um limite legal à despesa do Estado), ocorreu-me o parlamento e as suas inúteis comissões, os governos civis, a "parpública", os vastos gabinetes ministeriais e de secretários de estado, o parque automóvel oficial, os pagamentos a terceiros de serviços para os quais há milhares de funcionários públicos "treinados" para os fazer e Inês de Medeiros. Sobre esta, a deputada pelo arrondissement de Lisboa, esta petição.

Adenda2 (de um leitor): «
Sugiro, em vez da Regionalização, e a par da extinção dos governos civis, acabar com metade das autarquias. Num País com a nossa dimensão, não faz sentido ter mais de 300 reizinhos e respectiva côrte. Nalguns casos, da janela de uma Câmara Municipal avista-se a Câmara do concelho do lado. Não pode ser. Além disso, a unidade paisagística e cultural das nossas regiões é muito maior do que a divisão concelhia pressupõe. Tal como acontece nas escolas, poderia haver agrupamentos (ex: Gouveia-Seia, Lousã-Gois, Arganil-Poiares, etc, etc), com os mesmos serviços e muito menos custos de instalação. Obrigando as pessoas a mover-se da esfera terrinha na sua região em conjuntos maiores também "abriria" bastante as mentalidades. Seria preciso alguma coragem para isto, mas o resultado seria melhor do que ver concelhos enfezados, fechados sobre si-próprios, à espera da extinção.»

12 comentários:

Anónimo disse...

«(...)vender os submarinos e outro armamento inútil ou excessivo (...)».
Os submarinos não são nem inúteis, nem excessivos.
Mas naturalmente que é preciso saber porquê e isso só se aprende (e apreende) nas Escolas Militares ou de Defesa.
Porque não há "meio-termo" : ou se tem forças militares ou simplesmente não se tem forças militares. A decisão é muito simples mas não anda prá frente e pra trás ...

M. Abrantes disse...

Até pode ser, em alguns pontos. Mas esta proposta é por demais atarracada. Onde é que está aqui a criação de uma futuro mais produtivo - muito facilmente falam de cortes orçamentais aqueles a quem não falta o dinheiro, não é verdade?

Do sítio onde estou (cada um vê o que pode), a Educação precisava, não de uma revolução (não aprecio o termo), mas, no mínimo, de uma monumental barrela.

Depois (enfim ...) o senhor Pulido Valente não gosta do 25 de Abril. Eu gosto por uma razão: gosto que o 25 de Abril tenha acabado com a porra da ditadura; não tenho espírito de capacho, ainda mais aos pés de indigentes como Américo Thomaz (pela madrugada!), ou do patético e untuoso Cardeal Cerejeira, ou da corte de fachos que mamou na teta das ex-colónias e que tinha uma boa parte das famílias da minha aldeia a viver em chão de terra batida - desculpe-me a linguagem, mas que vão todos prá puta que os pariu! O que não gosto é da forma como as coisas correram depois da revolução (muito depois, para já não falar das maluqueiras do PREC, das ocupações selvagens e dos restantes abusos desta bela esquerda que fomos tendo). Principalmente deste governo e deste primeiro ministro, que cada vez mais me recordam os tempos da outra senhora de que os meus pais falavam.

Enfim, mandou-se abaixo a bela direita, sobejou esta bela esquerda. Às vezes tenho que fazer algum esforço para não partilhar do seu pessimismo sobre isto a que chamamos Portugal.

Unknown disse...

Não entendo, e sobretudo em VPV, que é um historiador, a opinião de que os submarinos sejam dispensáveis. Expliquem-me, por favor, como se fosse (sendo-o) mesmo muito burro.

Para começar acho que podemos esquecer a história, aqui, essa cousa que muitos asseguram que não existe. É que, sem meios de patrulha oceânica com as características duma força de submarinos, outros estarão preparados a fazê-lo por nós, na ZEE. Certamente que os nossos irmãos espanhóis demonstrarão essa boa vontade. Ou os aliados Ingleses. Ou os amigos franceses. Se calhar até os parentes belgas, coitados, mesmo não tendo máquinas que fazem glu-glu. Sei lá que digo eu: alguém, que nos alivie de mais esse fardo, de zelar pelo que nos foi legado.

Nestes dias tão dados à filosofia, tão profundos nas sucessivas e alternantes discussões sobre o "real", martelam-me na mona as palavras dum tal general romano, o que, dos Lusitanos, nossos "pais", dizia: "nem se governam, nem se deixam governar"....

Agora com ironia(!): mas também precisamos de governo e da soberania para quê, digam-me? Será a nossa arte pior? Será a engenharia ou a medicina, se as chaves "disto" estiverem na mão de outrém? O putedo seria outro, isso é certo. E assim sucessivamente.

Já agora, bem sei que não é nem o meio nem a altura para o fazer, mas queria deixar aqui uma palavra de amizade para o João Gonçalves. Já aprendi várias coisas consigo, no PdosP, e considero muito a partilha que faz dos seus sentimentos e preocupações.

Paz de Cristo a todos.

Anónimo disse...

O Pulido Valente não gosta do 25 de Abril ?! Mas que grande equívoco ...

tric disse...

"5.º Vender os submarinos e outro armamento inútil ou excessivo."

vender os submarinos, mas só com a condição de serem as fORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS a tomarem conta do nosso espaço maritimo

Anónimo disse...

O problema que se coloca com a venda dos submarinos é encontrar quem queira comprar estes dois submarinos em concreto, com um conjunto de caracteristicas especificas negociadas entre a marinha portuguesa e o fabricante, de acordo com as disponibilidades orçamentais portuguesas. Não se vende um submarino com a mesma facilidade com que se vende um automovel e seria muito dificil encontrar quem estivesse interessado especificamente nestes dois navios....só se o preço fosse mesmo muito atractivo!
Talvez Taiwan os quisesse comprar, mas isso implicaria uma deterioração acentuada das relações com a China.
O que pode acontecer é os submarinos serem adquiridos por Portugal mas depois não haver orçamento disponivel na Armada para os manter em funcionamento operacional, ficando simplesmente atracados durante anos na Base Naval de Lisboa, a aguardar uma melhoria da situação financeira do país que permita disponibilizar as avultadas verbas necessárias para os manter operacionais.

Javali disse...

Acho que ainda nenhum comentador percebeu que os submarinos são um problema menor, e que o fulcral da coisa reside noutro lado. Andamos sempre nisto, a discutir a forma dos problemas, e não os problemas em-si. Quando é que pretendem acordar?

Anónimo disse...

O Vasco Pulido Valente está doido, isso já se sabia, agora que tinha virado um velhaco e rude e abastado sorvedor de gozo na desgraça dos outros, é novidade. É que só lhe vejo a... malhar nos mesmos de sempre, o que, assim, o torna uma inutilidade visto que para isso há quem chegue e sobre na costumeira trupe de mulas da cooperativa.
Precisava o indivíduo era de uma bengalada bem enfiada pela cornucópia abaixo!!
Rita

Anónimo disse...

Adenda: será que ninguém percebe que o VPV enfia na prosa submarinos e quejandos apenas para servir de vaso ao que realmente interessa: ir à tromba aos desgraçados??!!!
Rita

Anónimo disse...

Além de amar Portugal e ter uma admiração especial pelas Forças Armadas, estou convencido - ou melhor - tenho a certeza de que OS SUBMARINOS SÃO FUNDAMENTAIS PARA QUE O PAÍS RETENHA AINDA ALGUMA CAPACIDADE DE DEFESA E DE DISSUASÃO. Com eles teriam vindo (ainda podem vir...) importantes contrapartidas económicas e tecnológicas. Também virão transferências de tecnologia, contratos de manutenção, formação de engenheiros, técnicos, tripulações etc. Os submarinos, junto com um punhado (3 a 4) de modernas fragatas, 6 a 8 patrulhas oceânicos e 20 a 25 caças F-16, são mesmo o que interessa ao País conservar, modernizar e ACARINHAR. Assim como os dedicados soldados, marinheiros e aviadores que ganham mal, amam a Pátria e têm um propósito na vida. Concordo que talvez existam oficiais generais em número excessivo; que certos programas são megalómanos e convenientes apenas para a Eurocopter, para a Eads e para a Airbus. Sei também - tenho a certeza - que os deputados e suas comissões são preguiçosos, ignorantes, manobrados, comprados e não amam Portugal. Sei também que o desacompanhamento das contrapartidas foi propositado como sabotagem. Sei que pseudoeconomistas e pseudojuristas deputados nada sabem de nada acerca de nada. O custo dos submarinos empalidece e torna-se ridículo comparado com "ajudas à Grécia", nacionalizações de BPN e outras caixas de lacraus, e é certo que os desperdícios da função pública de um ano dariam para comprara várias frotas de submarinos. Esta despesa é feita de 40 em 40 anos, apenas. NÃO BRINQUEM É COM O ROUBO CONSTANTE, DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL, ANUAL, PERPETRADO PELOS INDIGNOS CIDADÃOS E PELOS POLÍTICOS INCOMPETENTES E CORRUPTOS. VPV é homem lúcido; está certo em quase tudo o que diz. É impossível acertar sempre. Ele, porém é historiador e pessoa de recursos. Informe-se melhor - e lembre-se que suprimir muitos gabinetes chupistas e inúteis é justo e urgente, mas atingirá perigosamente alguma da gentinha que ele conhece (e já não seria sem tempo!).

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

O Autódromo do Algarve é privado. E, por sinal, até dá lucro. VPV às vezes distrai-se com estas coisas.

jccl disse...

De facto, 25 de Abril sempre, 26 de Abril nunca mais! (espero...)

Quanto ao resto, não acho que seja a cura adequada, mas tudo se pode conjugar para que estes quasi-déspotas não iluminados (ainda que pensem que o são) nos levem a um caminho ainda pior que o descrito...