1.5.10

PORTUGAL VÍTIMA DE SÉRIES DE TELEVISÃO PARA PROVINCIANOS


«Há quem fale por aí do "autismo"de Sócrates. Não concordo. Verdade que o poder leva sempre a um certo irrealismo: pelo isolamento, pelo incenso de uma corte dependente e (como se constata) acéfala e pelo facto, não despiciendo, de que um primeiro-ministro precisa de acreditar no que faz. De qualquer maneira, não é manifestamente o "autismo" que move Sócrates. O que move Sócrates não é mais do que a imagem, de "modernizador" e "duro", que, no fundo de si próprio, ele julga ser. Gostava de nos legar um Portugal irreconhecível e maravilhoso: com computadores na escola, com o MIT, com o Simplex triunfante, com o novo aeroporto, com o TGV. Um Portugal como essa América que ele viu na Beira em séries de televisão para provincianos. Sucede que Portugal, a que falta tudo ou quase tudo, não se tranformou, ou se transforma, com propaganda cosmética. Sócrates percebeu o fracasso. Mas, "como um animal selvagem", resistiu. Queria deixar um monumento ao seu glorioso consulado. O Simplex não servia, o inglês na escola também não e, muito menos, servia a contenção do défice, que de repente explodiu, ou a hegemonia do PS, que já desapareceu. Do Portugal fantástico com que ele sonhou, sobra o aeroporto, a TTT e o TGV. Isso, sim, está à altura dele. Não contem com ele para desistir.»

Vasco Pulido Valente, Público

12 comentários:

Mani Pulite disse...

A VERDADEIRA ESTÓRIA TEM MAIS A VER COM COMISSÕES DO QUE COM TELEVISÕES...

Manuel Brás disse...

Mali principii malus finis...

Essas obras majestosas
da nossa modernidade
são criações portentosas
da nossa insanidade.

Esta cegueira emblemática
destes anos tão entristecidos
concentra-se numa temática
de elefantes embranquecidos.

Com tanto fulgor financeiro,
em decisões esbanjadoras,
brotou um culto calaceiro
de marcas prenunciadoras.

Deste país deslumbrado
com a entrada de milhões
fica um fado quebrado
pelo pesar dos mexilhões.

fado alexandrino. disse...

Muito bem visto.
Já há muito que digo o mesmo, o Pinóquio é vaidoso e teimoso, esta conjugação num politico é maléfica.
Na próxima semana publicarei a entrevista de VPV a Cavaco nos idos de 90 na K.

Anónimo disse...

Apertar o pescoço a um bando de canalhas não é um acto democrático?

Ana Cristina Leonardo disse...

belíssimo retrato

Anónimo disse...

aquel panadero arriba es el gobernador-general de vuestro pequeño mui pobre retângulo?

madre mia! usted ésta jodido!!!

antonio chupado

Anónimo disse...

Pulido tem alguma razão mas insiste em ser malcriado e sobranceiro, como aliás a sua amiga Mena, em relação aqueles a que chama provincianos.

Tudo porque uma vez - aos 20 anos - esteve seis meses em Oxford.
Nunca mais deixou de nos atirar à cara a sua perspicácia cosmopolita.

De nihilo nihil disse...

Incompetências. Asnáticas pela insistência, pérfidas pelo resultado.

Anónimo disse...

É para o ajudar a desistir que se fabricam canhões.

Ass.: Besta Imunda

Eduardo Freitas disse...

«Não contem com ele para desistir».

É também a minha opinião. Parafraseando alguém, só "à bomba" será obrigado a desistir. Suspeito que sejam os abutres especuladores que irão detonar a coisa.

Moonwalker disse...

O que há a fazer é correr de lá com o homem e com os seus compadres.
O problema é que poderá já ser demasiado tarde...

Anónimo disse...

Vaidoso, teimoso e corrupto. Esta é que é a combinação mais explosiva.
Pobres de nós nas mãos deste. Devia ser feita uma petição, uma hipermanifestação, sei lá ...qualquer coisa que travasse estas obras faraónicas que nos vão matar de vez. Ninguém dá o primeiro passo. Porquê? Há tanta gente tão capaz de demobilizar para uma coisa destas. E as pessoas iam aderir...estão cansadas e assustadas com o futuro.