5.8.11

A "EUROPA"

«Portugal parece ignorar a hostilidade crescente da opinião pública europeia à própria ideia de "União". A Dinamarca renunciou ao acordo de Schengen e fechou as fronteiras. O Parlamento da Eslováquia recusou (por 69 votos contra dois) dar um tostão à Grécia. Os partidos que se opõem à supremacia de Bruxelas ganham popularidade de eleição para eleição. E as sondagens mostram que, na Bélgica (sim na Bélgica), na Holanda, na Finlândia, na Polónia, em França e, como de costume, em Inglaterra e na República Checa, o eleitorado não acha que a Europa seja uma boa coisa e não a honra com a sua confiança. Não admira que os parlamentos nacionais reclamem agora a plena soberania que pouco a pouco foram cedendo a uma construção (como se dizia dantes) transitória e utópica. A culpa é da crise, argumentam os devotos. Será. Só que o Mercado Comum e sucedâneos também nasceram de uma crise, nomeadamente da necessidade da América de conter a URSS nas suas fronteiras e de não deixar que o comunismo alastrasse para Ocidente. Em última análise, a vontade e o poder económico e militar americano fizeram a Europa, como hoje o desinteresse e o declínio americano a desfazem. Para lá da ridícula pretensão de tornar a UE uma terceira potência mundial (ainda por cima desarmada) entre a América e a URSS, a verdade é que sem a força integradora da guerra fria, a "Europa" não existiria. Com o colapso da URSS e do império soviético, essa força desapareceu e as velhas divisões do continente voltaram logo à superfície. A famigerada "falta de solidariedade" de que tanto se queixa Portugal não passa do regresso a uma história interrompida. Uma história em que a "Europa" já não é necessária.»

Vasco Pulido Valente, Público

8 comentários:

Alexandre Carvalho da Silveira disse...

Então e agora? reduzidos que estamos ao rectanguluzinho no fundo da Europa, entalados entre a Espanha falida e o Atlantico, como é que vai ser? em termos de territorio, regressàmos ao seculo XV.
No meu modesto entender só temos uma opção: Angola, onde já entenderam isto há muito tempo; por cá é que parece que não.
Norton de Matos teve razão antes do tempo. Até fundou uma cidade chamada Nova Lisboa, e tudo!

Anónimo disse...

Caro ACS, por cá, neste rectângulo cada vez mais pequeno(!), Homens como Norton de Matos não existem, nem existirão jamais.
A pequenez jacobina que está implantada no nosso país, é para o levar à decadência moral e material, porque não é possível desenvolver uma nação com medidas avulsas e experimentais sem intervenções de fundo.
Hoje mais do que nunca estamos necessitados de gente sem colação às cores rosa, vermelho,laranja e azul.
A África é sem dúvida o nosso horizonte de esperança, mas também liberta totalmente de ditadores.
A velha Europa está caduca, e também sofre dos mesmos males do nosso país. Não tem ninguém que se distinga da mediocridade reinante, o que só prova que, tal como os portugueses, são gente sem competência para liderar seja o que for.
A União Europeia serve apenas os interesses da Alemanha, já que não conseguiu subjugar a Europa pela guerra, procura a sua hegemonia pelo seu poderio económico.

SRG

Anónimo disse...

Não esta a vossa «Europa»?

A Europa governada pela «direita» e pelo PPE?

De que é que se queixam?

Cáustico disse...

E se governada pela chamada esquerda, a Europa será a mesma merda.
Não esquecer que na Europa o único povo com condições, apesar dos defeitos que tem, é o alemão. O resto nada vale.

JSP disse...

Maldita realidade ...histórica.
A tal que volta sempre a galope...

MINA disse...

Suponho, mas posso estar enganado, que os europeus querem a Europa; não querem é a União Europeia, ou, pelo menos, esta União Europeia.

A Europa é demasiado velha (ou antes, antiga) para se poder resumir a uma união de Estados. Isso está bem para os Estados Unidos da América ou para a República Federativa do Brasil. O que são 200 anos comparados com 2.000 anos (aliás, muito mais)?

VPV diz algumas verdades mas não soube ou não quis ir ao âmago da questão.

Jaques disse...

Este homem tem os olhos abertos: é lúcido.
Portugal só tem um futuro: não passar a vida à procura de t(r)etas.

Anónimo disse...

...o que a Alemanha fez (e continua) foi trabalhar, evoluír, crescer, enriquecer, produzir, exportar - como qualquer país devia fazer SEMPRE independentemente de pertencer a um 'club' ou não: cumprir o seu dia-a-dia. Outros países encostaram-se (para alguns é mesmo uma vocação, o encosto...). Apesar de não gramar alguns alemães que conheço pessoalmente, não posso dizer por isso que "não gosto de alemães ou da Alemanha"; eles têm preconceitos como nós também. Estenderam as suas "armadilhas economico-financeiras" ao Sul - que durante décadas tem andado a financiar o crescimento alemão, pelo consumo tonto a crédito. Mas apenas porque o Sul 'é parvo'. O cinismo e o calculismo entre Estados existe SEMPRE; é uma constante e uma premissa de qualquer política externa: ninguém oferece nada a ninguém, mesmo na "União". Em vez de uma concorrência entre os estados da União, o que se passa são assimetrias (já irrecuperáveis) que não levam ao crescimento. Os pressupostos da vinda dos 'fundos' europeus estavam armadilhados e baseavam-se em falácias. Mas quem ousou dizer tal coisa na altura? Com ou sem divisões Panzer a esmagar cearas de trigo em território alheio, a Alemanha é 'a maior'. Todos os outros 'escolheram' ficar mais pequenos.

Ass.: Besta Imunda