3.8.11

UMA EUROPA BEM ENTENDIDA


«A Europa perde em todas as frentes. Perde a voz nas grandes questões internacionais, perde o mercado interno e o internacional, perde a face no conflito israelo-árabe e vai perdê-la, com toda a probabilidade, no caso da Líbia, perde a autoridade e a possibilidade de intervenção eficaz por falta de capacidade militar onde seria necessário defender contra o genocídio aqueles mesmos direitos humanos que se preocupa tanto em exportar sem contrapartidas. Os contornos de um federalismo financeiro e económico acentuam-se. Mas, como não é possível escorá-lo num federalismo político, os limites da solução são evidentes. Um federalismo claudicante sempre será muito mais perverso do que uma Europa das nações bem entendida.»

Vasco Graça Moura, DN

8 comentários:

floribundus disse...

na opinião de Tucídides
«o exercício do poder politico pode levar a espécie humana de regresso a animalidade»

é melhor estarem juntos

Anónimo disse...

Bendita Guerra Fria, enquanto durou. Julgo que a influência e o poderio americanos foram decisivos - enquanto a ameaça soviética crescia e se atingia a paranóia - para encobrir a inoperância e as debilidades europeias. Enquanto a Alemanha se manteve "a pagar" (conforme os noticiários das Novidades anunciavam nos cinemas antes dos filmes franceses) tudo correu bem. Até houve tempo para o aparecimento e a consolidação de algumas boas lideranças europeias (mas dos respectivos países...). A questão do Canal do Suez foi um bom exemplo de "quem é que mandava de facto". A 'diplomacia' de barco de guerra e o poderio europeus sempre foram uma falácia desde 1945 (por uma unha negra, o Reino Unido não ia perdendo contra as forças armadas do ditador Galtieri em 1982, e beneficiando da ajuda americana...). Enquanto a Europa crescia e atingia a adolescência (fazendo entre países os seus mercados e as "suas coisinhas") à sombra do guarda-chuva americano tudo correu bem. Mas o Tio Sam degradou-se, perdeu a sua vocação, em certo sentido também teve de se adaptar a uma nova realidade pós-queda-do-muro. Parece não ter sido bom para ninguém. A Europa ainda 'se manteve' algum tempo tentando o convívio fraterno com as lideranças tribais e torcionárias das ex-colónias: vendendo armas, fazendo negociatas (veja-se o Iraque do pré-1989, em que franceses, alemães, britânicos, americanos e até portugueses molhavam o pão - nós vendendo, minas, espingardas, munições e fardamento tanto ao Irão como ao Iraque...). Tudo "de bom" que entretanto foi conseguido na Europa pareceu esfumar-se em poucos anos - de tão frágil, artificial e insustentável que era. Cai o pano e a verdade aparece - nua e crua. Afinal, desde o fim dos impérios coloniais (a verdadeira vocação da Europa desde o Séc. XV) nunca fomos grande coisa.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Todos embevecidos com o novo governo e não são muito diferentes dos últimos 20 ou 30 anos. Gostava de ver a Besta (e o) ministro a justificar as suas opções.
Um texto para reflectirem:
http://pt.mondediplo.com/spip.php?article820

Anónimo disse...

Caro 6:49,

se há coisa que a minha pobre escrita barbaresca revela é a total e absoluta ausência de "embevecimento" com o que quer que seja. Releia (se assim o desejar...) os comentários em "A pergunta de 2,4 mil milhões de Euros". 'Este' governo não é composto por serafins puros ou marcianos aqui aterrados - sem ligações à sociedade; e sim por pessoas que já têm às canelas pressões, cunhados, concelhias, hábitos, vícios, pedinchas, autarquias, fernandos-ruas-e-quejandos, construtores civis, padres, guardas florestais, chulos vários, apaniguados, funcionários dos partidos, velhas e generais, etc, etc - todos a querer evitar a todo o custo que as suas vidinhas mudem. Não acredito na capacidade deste governo de levar a cabo TODAS as mudanças necessárias para que o País saia do charco de merda em que se encontra. Mas alguma coisa terá de ser feita; e não será certamente sonhar com "estados sociais de fantasia" onde todos são bons e honestos e onde há dinheiro à farta para tudo e para todos - eternamente; ou sonhar com maravilhosas empresas públicas constantemente túrgidas de dívidas absurdas e onde o "trabalho" é feito à custa de horas extraordinárias; ou sonhar com um estado socialista dourado onde Paulo Campos e as prostitutas suas amigas têm BMW's série 7 para irem à depilação - e depois para levarem para casa a custo zero: são cerca de 60.000,00 (sessenta mil) veículos - fora Forças Armadas e polícias - que o Estado tem para "deslocações", e não são Renault's Clio. Se alguns boys deste governo 'roubarem', merecem o cárcere; assim como toda a 'administração sócrates' - ele-próprio compreendido - que devia ter logo saído da cerimónia de posse deste governo, directamente em carros celulares para Pinheiro da Cruz.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Ontem, a Secretária de Estado Maria Luís Albuquerque teve uma muitíssimo boa intervenção na 'comissão': manteve a boa educação e a compostura; falou bem, esclareceu, foi directa e sincera até onde o cargo o permitia; justificou as razões do Governo quanto à venda do BPN. E ainda fez outro tanto na TVi - onde teve de responder a um redundante e mal preparado José Alberto Carvalho. Todavia o BE - pela boca sábia se Semedo - citou "9 mil milhões" de buraco do BPN (supostamente ausentes das contas do governo) que o BE descobriu inteligentemente em 'jornais da época'; que por sua vez tinham fontes anónimas; que por sua vez referiam o processo e as investigações da Procuradoria que estão em segredo de justiça; que por sua vez terão tido em conta todo o movimento de massarocas pela plataforma off-shore SLN; que por sua vez ainda não conseguiu apurar se são verdadeiras ou falsas; e como ninguém foi acusado e não houve qualquer conclusão em 3 anos, só podemos temer o pior - embora os 'números' que a Procuradoria terá 'atirado' para a frente ou deixado escapar possam estar hipertrofiados (tal como o número de crimes - às dezenas - que é costume usar para espremer arguídos e que depois se resumem a 2 ou 3). É necessário saber depressa! embora agora o negócio esteja feito. Em vez de chatear Albuquerqe, Semedo devia era chatear Pinto Monteiro e o DCIAP. Quanto a Honório (dito "O Novo" para se distinguir do fabricante de carroçarias frigoríficas do Cartaxo) fazia bem em não usar metáforas, exemplos, comparações, hipérboles, Hipálages, fábulas e graçolas baseadas no Benfica, em 'robertos' e transferências, emitidas roucamente em registo de tasca: que baixaria.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Caro Besta Imunda

Assino quase tudo o que disse. A sério, há imensa má gestão no aparelho do Estado com uma cambada de interesses que conscientemente sabotam a máquina a seu proveito coisa que não teriam tomates de fazer em outros locais. Mas daí a culpar o Estado vai uma longa distância, é como culpar uma vítima pelo crime que lhe foi cometido!

Há justificação para o aumento dos transportes e do corte no 14ºmês? Haver há mas depois de se saber os valores que o país poupa com os juros mais baixos e mais tempo para pagar o empréstimo da troika há justificação? Não! Aquilo que arrecadam com o 14ºmês é sensivelmente o mesmo valor da poupança em juros e pagamentos dos empréstimos. Portanto poupam de um lado e ainda taxam extraordinariamente do outro.
E não é só isso, vangloriam-se porque o novo imposto no 14ºmês não afecta 80% dos pensionistas e 65% das famílias como se fosse algo positivo. Positivo?! Isso só demonstra a tremenda pobreza deste país! Reparai que isto quer dizer que 80% dos pensionistas não recebe mais de 485€ por mês!!! Que aqueles que têm a sorte de terem direito a subsídio de Natal, mais de metade não ganha acima do salário mínimo que já de si é uma miséria!
Ganhamos pior que a média europeia e temos preços iguais ou acima da média! O país é uma miséria e querem taxar mais e você ainda dá o amén!

Transportes públicos também muito gostaria que eles apresentassem argumentos para os aumentos além da tal dívida. Gostaria de ver casos de estudo, argumentos técnicos, estudos que mostrem em como não haverá um grande impacto negativo na economia. Sabe o que vamos ver com esta história dos transportes? A mesma do BPN, depois de se equilibrar as contas às custas dos contribuintes vão entregar essas empresas ao desbarato a privados (entregam as partes com potencial de lucro porque as outras ficam com o Estado, claro). Não teria nada contra se me mostrassem empresas de transporte público em qualquer sítio do mundo que não tenham resultados negativos. As que há (Reino Unido por exemplo dá lucros e é privada) têm uma grande teta do Estado (portagens de entrada na cidade são canalizadas para o transporte público), qualidade do serviço é uma merda e preços são altíssimos. Dão prejuízo e sempre darão com ou sem boa gestão (e a que tem havido é má, não há dúvidas disso).

Que mais quer que lhe diga? Venda de activos do Estado? Queixam-se que não há dinheiro e privatizam precisamente os activos que dão dividendos ao Estado. Acabarem com os direitos especiais por não haver a respectiva maioria de acções que os justificariam ainda estou naquela mas desfazerem-se precisamente dos poucos instrumentos que dão dinheiro ao Estado é o quê se não a máxima “nacionalizar prejuízos e privatizar lucros”. Deixam o lixo com o Estado e ainda lhe apontam o dedo por não ser rentável. É o mal desta mentalidade tatcheriana de que um Estado tem que ser gerido como uma empresa quando as estruturas e objectivos nada têm a ver. A mentalidade dessa Hitler de saias também tem muito que se lhe diga… conseguiu equilibrar as contas públicas, não há dúvidas sobre isso mas conseguiu isso à custa de tremendo desemprego, precariedade laboral, erosão de direitos civis básicos, baixos salários, fome, emigração e uma economia que demorou a recuperar.

Anónimo disse...

E é precisamente isso que estamos a ver e vamos ver no futuro. Medidas de austeridade não geram nada mais do que mais recessão e estagnação económica que por sua vez aumenta despesas estatais e dívida pública. Estamos presos numa pescadinha de rabo na boca e anda muita gente na ilusão que serão estes cromos que vão tirar o país desta espiral quando na verdade estão a cavar o buraco ainda mais fundo. Temos uma cambada de cromos teóricos (metade deles advogados, uma grande parte uma cambada de teóricos académicos e o que sobra tem experiência de trabalho em empresas dos grupos económicos que controlam esta merda desde o tempo em que o Salazar decidia o rumo da nação à mesa com Espíritos Santos, Champalimons e companhia) a apregoar que têm a cura para a anemia e essa cura é fazerem sangrias o paciente.
Antes de começar a disparar com os comunas e outras bruxas do Nixon, pedia-lhe que avaliasse o que vai dizer e não usasse a falácia da falsa dicotomia, pode ser? Entre o 8 e 80 existem 72 outros números igualmente válidos. Não apregoo que sei qual o caminho a seguir, antes pelo contrário, digo que não sei qual é o caminho a seguir mas ESTE não é definitivamente o caminho.

Cáustico disse...

Voltei a ver há poucos dias um filme com o Fernandel no papel de
D. Camilo. Mas já como bispo.
É muito curiosa a cena entre D. Camilo e o chefe dos comunas da localidade. Tendo sabido que a este tinha saído o prémio maior do totoloto, usa desse conhecimento para o levar a fazer o que não queria. Recusa, e durante a discussão acaba por dizer que tem direito ao prémio porque foi ele que jogou. Se a situação for do conhecimento geral, terá de o entregar em parte ou na totalidade ao partido.
O filme veio lembrar-me, de novo, o que é o ser humano.
Nas primeiras eleições que se realizaram após a abrilada, era habitual os quadrilheiros políticos distribuirem prospectos de propaganda onde constavam as fotografias, os nomes e as profissões dos quadrilheiros que se candidatavam a lugares da administração.
E não me espantava nada de ver as caras de pessoas que bem conhecia nos prospectos do PS e PCP. Caras de empresários, médicos, advogados
que, na sua actividade profissional, mandavam às malvas a ideologia que defendiam.
E não me surpreendia porque vou conhecendo o que é o ser humano.