Muito se tem escrito nos últimos dias sobre "nomeações". Em jeito de paráfrase a um verso morto de Joaquim Manuel Magalhães, fala-se da "nomeação" como se da pequena crise da ejaculação se tratasse. No DN, Ferreira Fernandes é mais explícito. «O assunto dá polémica nacional. Vou medi-la: no momento em que escrevo, há no online do semanário Expresso 189 comentários sobre o ordenado da chefe de gabinete do ministro da Economia. Marta Neves ganha 5891 euros, brutos. O número é impressionante. Mas não, não falo dos euros do salário. Falo de no País haver 189 entendidos na contratação de chefes de gabinete para o Ministério da Economia. Fico sempre espantado com o número dos nossos entendidos.» Aos "entendidos" todavia escapou a circunstância de os mil e tal dirigentes de topo da administração pública, vulgo Estado, terem permanecido indemnes nos lugares para os quais foram sido escolhidos nos derradeiros seis anos. Fora três ou quatro casos - estou a lembrar-me da cultura e, segundo li no referido Expresso, na secretaria-geral dos serviços de informação da República -, mais relacionados com a idade ou o termo da comissão do que com outra coisa qualquer, e uma vez que os ditos mil e tal "caíram" com a queda do governo e o novo executivo tinha 45 dias (terminados hoje) para os confirmar ou infirmar, praticamente estão todos no seu posto. Quanto a outras "nomeações", imagino que ninguém estivesse à espera que o governo governasse maioritariamente com os colaboradores do governo anterior. A "pequena crise" em torno destas nomeações - que virão todas devidamente esparramadas no Diário da República cujo atraso em relação aos actos publicados é confrangedor - teria sempre lugar se elas não fossem divulgadas. Está na "massa" dos "entendidos".
Nota pessoal: Cruzei-me outro dia com um jornalista que me disse que talvez fosse melhor blogger do que outra coisa qualquer. Sucede que o "bloggerismo" é, para mim, uma actividade pedestre (do inglês pedestrian), independente e não neutra, que emergiu e cresceu na contingência. De resto, a minha profissão está, vai para 25 anos, ligada exclusivamente à administração pública onde ingressei por concurso público em 3.10.88 (os cretinos patrulheiros podem ir ao DR verificar) . Salvo a passagem por dois jornais, o Semanário - entre 84 e 86 - e O Independente (umas semanas no Verão de 88 e quase no fim, em 2005/06, em regime pro bono e de amizade pela Inês Serra Lopes), a minha vida oscilou entre a actual Inspecção Geral das Actividades em Saúde, a então DINFO do EMGFA, a Inspecção Geral de Finanças, a Inspecção Geral da Administração Interna, o então Instituto de Reinserção Social, o Teatro Nacional de São Carlos (como o cargo era equivalente a sub-director geral, a minha declaração de rendimentos ficou depositada no Tribunal Constitucional) e a Direcção Geral dos Impostos onde auferia, para além do vencimento, o suplemento previsto no Decreto-Lei 335/97, de 2 de Dezembro, em função do cargo de dirigente intermédio que desempenhava. Dito de outra forma e para facilitar a vida aos "entendidos", o meu rendimento bruto anual diminuirá e não aumentará (é só fazer as contas, como dizia o outro). Mais. No verão de 2000, estive um mês com o Inspector-Geral da Administração Interna, o saudoso dr. Rodrigues Maximiano, numa missão da Comissão Europeia destinada a avaliar dois programas da dita em curso na Guatemala e em El Salvador relativo às polícias locais. Também passei pelo Regimento de Lanceiros de Lisboa onde fui oficial de Justiça, nadei, andei a cavalo e pratiquei algum tiro (de pistola e de pistola-metralhadora). Em suma, não nasci ontem. Até 30 de Setembro tenho de entregar à DGCI €146,94, depois de liquidado o IRS de 2010. Não possuo património imobiliário (a casa onde vivo é da minha Mãe) nem contas a prazo ou acções. E ainda estou a pagar o automóvel que comprei em 2007. Estamos "entendidos"?
Nota pessoal: Cruzei-me outro dia com um jornalista que me disse que talvez fosse melhor blogger do que outra coisa qualquer. Sucede que o "bloggerismo" é, para mim, uma actividade pedestre (do inglês pedestrian), independente e não neutra, que emergiu e cresceu na contingência. De resto, a minha profissão está, vai para 25 anos, ligada exclusivamente à administração pública onde ingressei por concurso público em 3.10.88 (os cretinos patrulheiros podem ir ao DR verificar) . Salvo a passagem por dois jornais, o Semanário - entre 84 e 86 - e O Independente (umas semanas no Verão de 88 e quase no fim, em 2005/06, em regime pro bono e de amizade pela Inês Serra Lopes), a minha vida oscilou entre a actual Inspecção Geral das Actividades em Saúde, a então DINFO do EMGFA, a Inspecção Geral de Finanças, a Inspecção Geral da Administração Interna, o então Instituto de Reinserção Social, o Teatro Nacional de São Carlos (como o cargo era equivalente a sub-director geral, a minha declaração de rendimentos ficou depositada no Tribunal Constitucional) e a Direcção Geral dos Impostos onde auferia, para além do vencimento, o suplemento previsto no Decreto-Lei 335/97, de 2 de Dezembro, em função do cargo de dirigente intermédio que desempenhava. Dito de outra forma e para facilitar a vida aos "entendidos", o meu rendimento bruto anual diminuirá e não aumentará (é só fazer as contas, como dizia o outro). Mais. No verão de 2000, estive um mês com o Inspector-Geral da Administração Interna, o saudoso dr. Rodrigues Maximiano, numa missão da Comissão Europeia destinada a avaliar dois programas da dita em curso na Guatemala e em El Salvador relativo às polícias locais. Também passei pelo Regimento de Lanceiros de Lisboa onde fui oficial de Justiça, nadei, andei a cavalo e pratiquei algum tiro (de pistola e de pistola-metralhadora). Em suma, não nasci ontem. Até 30 de Setembro tenho de entregar à DGCI €146,94, depois de liquidado o IRS de 2010. Não possuo património imobiliário (a casa onde vivo é da minha Mãe) nem contas a prazo ou acções. E ainda estou a pagar o automóvel que comprei em 2007. Estamos "entendidos"?
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