«Para sobreviver, o regime precisa de recuperar o controle do espaço público. A contra-multidão de quarta-feira assinala não só que Mubarak não desistiu, como poderá recorrer ao caos para retomar por completo o controle do país. A oposição, para já, nada mais tem além da ocupação do espaço público. Por isso, tem de manter a multidão acesa. A oposição optou pela única solução viável quanto à sua própria gestão da multidão: manter as manifestações sem provocar o regime com actos violentos. A multidão tem tudo a ganhar se não recorrer à violência, apresentando-se como vítima do regime e dos seus provocadores nas ruas, mas isso só é uma estratégia viável com as televisões a transmitirem em directo do Cairo.» Isto escreve Cintra Torres no Público. Mas, com o devido respeito, subsistem demasiados equívocos sobre o que seja a "oposição" ali bem como a "multidão". Aquele ocidentalizado Baradai que pouca gente conhece no Egipto e que regressou arvorado em líder dele próprio e de meia dúzia de "elites? Os barbudos hirsutos e violentos que querem substituir o autoritarismo árabe representado por Mubarak pelo fundamentalismo islâmico de estimação? As televisões e os seus jornalistas que ficam histéricos se não apanham com uma pedra na tola? Repito. O papel das forças armadas nisto é decisivo. Julgo que o milenar e solene Egipto não soçobrará facilmente às mãos de uma palhaçada por mais que o "ocidente" - em que uns hipócritas EUA têm o costumado papel de assegurar a correcção política que até há dias se chamava Mubarak mas que agora não é seguro que ainda se chame assim - reprove os "provocadores" do regime (gangs nas palavras esclarecidas e isentas dos nossos jornalistas) que andam pelas ruas a espalhar o "terror" enquanto espectáculo televisivo em tempo real.
4 comentários:
a oposição organizada é teocrática e pró-iraniana. tem raízes antigas.
o resto é intifada
Os americanos podem apostar no tudo ou nada e obterão um resultado que se aproximará bastante de outros bem conhecidos pelo insucesso declarado. Se houver algum bom senso - e ontem Mubarak não se poupou nas palavras dirigidas ao "bem intencionado" e patético palrador que pontifica na Casa Branca -, deixará a situação regressar paulatinamente à calma, deixando para o fim dos calores do verão que se aproxima, a preparação de uma transição tão pacífica quão desejável.
Apostar na monomania de sempre, ou se trata de atraso mental ou de uma desnecessária canalhice.
Os americanos vêem-se sempre metidos em sarilhos.Têm, não raras vezes, necessidade, por questões de defesa e de política mundial, de apoiar muitos governantes que se posicionam nos "antípodas" da democracia. Quando rebenta a bernarda, são logo apontados como os amigos dos pulhas.
Julgo que qualquer europeu com capacidade pensante deveria, neste momento, tremer de medo perante a simples hipótese de um Norte de África tomado pelo fundamentalismo islâmico.
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