«Custa a compreender como qualquer pessoa com QI acima de 50 pode votar ou apoiar o Bloco de Esquerda. O Bloco foi um produto da televisão. Tinha quatro ou cinco caras bem falantes e não tinha mais nada. Era suposto ser uma aliança do radicalismo que ficava para além (ou para aquém?) do PC ou, por outras palavras, de trotskistas e de leninistas. Mas Trotsky, o único verdadeiro intelectual e o único verdadeiro escritor do bolchevismo (basta ler A Revolução Russa e A Minha Vida) com certeza que os desprezaria. E Lenine, um primitivo e um terrorista, se não os matasse logo, também não os levaria a sério. Aquelas criaturas que por ali andavam traziam por toda a bagagem ideológica e programática a sua raiva ao PC, que não os queria, e ao PS, que não precisava deles. Ao princípio, o Bloco ainda trouxe ao Parlamento algumas causas, as "questões fracturantes", que, embora por si não chegassem para fazer um partido, eram meritórias e profícuas. Principalmente, porque, nesse capítulo, o catolicismo militante de Guterres deixara o PS paralisado e mudo. Só que Sócrates, para quem a Igreja não contava, tornou desnecessária a retórica de Louçã, resolvendo ele o que havia para resolver. E o Bloco, de repente vazio e sem destino, sem organização e sem dinheiro, resolveu concorrer com o PC, como autêntico representante dos "trabalhadores". Não percebeu, porque pouco percebe, que existe em Portugal uma velha e forte cultura comunista, em que ele não podia penetrar e que, de facto, não penetrou. Subsiste agora num limbo de irrelevância e de frustração. Mas, por isso mesmo, se começou a agitar como um desesperado, ou como um louco. Primeiro veio a campanha de Alegre, uma jornada sentimental absurda, que previsivelmente acabou num vexame. E, depois, quinta-feira, foi o melodrama da moção de censura, que a direita, se não endoideceu (o que não é garantido), rejeitará; e que o próprio Louçã declarara na véspera "sem utilidade prática". Não vale a pena discutir os meandros tácticos desta fantochada. Vale a pena constatar que o Bloco de Esquerda não hesita em comprometer a vida ao país, com o fim faccioso e estúpido de embaraçar o PC, até quando o exercício manifestamente beneficia e fortalece Sócrates. Raras vezes se viu na política portuguesa um espectáculo tão triste.»
Vasco Pulido Valente, Público
9 comentários:
O PSD está sem rumo e com medo.
A voz tonitruante do Relvas não passa disso e o Povo não sabe da existência do Coelho.
Como poderiam votar um acto de higiene pública, que é esta moção?
Os actuais partidos precisam de uma vassourada como precisa o Governo.
a maioria dos portugueses é tão ignorante que não distingue um leninista dum trotsquista
na melhor da hipóteses distingue a camisola dos jogadores de futebol do fcp e do scp
os 'bloqueiros' são um produto colateral dos vários tipos de miséria
Ou seja mais um que "acha" que Sócrates está muito bem onde está. Como Primeiro Ministro.
Já se sabia mas é bom sempre confirmar.
lucklucky
Bem, depois de ontem ter ouvido o que afirmou um sujeito que pensa que é lider parlamentar do Berloque, conclui (ao contrário do que cheguei a pensar, dada a minha vontade de ver o licenciado a um Domingo caído da cadeira do poder) que a moção de censura ao governo e à oposição de direita e ao PCP é uma coisa para rapidamente ser deitada no caixote do lixo da história.
Lamento a lição de Pulido-tudo-como-dantes.
Ó Floribundus, mas já agora qual é afinal a diferença entre um leninista e um trodskista ?...
Ao anónimo das 11.53
A diferença é que um morreu de um derrame cerebral provocado por um AVC e o outro morreu de uma hemorragia cerebral provocada por um picador de gelo.
Pois: Na há trotkista que resita à picareta leninista...
Eles comem-se uns aos outros...os comunas começam com um pequeno almoço de criancinhas, vodka, e pouco mais. Para a noite: uma injecção atrás da orelha aos velhos, para fazerem torresmos,um caldinho, mais um vodka e é para a sossega...
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