20.6.10

DA CONVERSA DE CHACHA

Pretenderam fazer da ausência física do Chefe de Estado no funeral de Saramago um assunto de Estado. Com Louçã à dar o mote, os jornalistas de serviço encarregaram-se do resto. Enquanto PR, Cavaco fez-se representar junto do féretro e da família do escritor pelos seus chefes das casas civil e militar e, assim, honrou o que havia a honrar. Mais do que isso seria hipocrisia de Cavaco Silva que os fartos viúvos e viúvas de Saramago não deixariam de anotar, como anotaram o contrário. Todavia, alguém que, na opinião do falecido, «não tem ideia nenhuma do que é a literatura ou a arte», que era tido como «génio da banalidade» e a quem Saramago não tencionava conceder o "privilégio" da sua presença se o outro fosse eleito PR, ia lá fazer o quê?

44 comentários:

Ana Gabriela disse...

João
Saramago disse isso do actual Presidente? Que capacidade de "análise cirúrgica" (segundo o Ouriquense) e sintética!

Cada um deve estar onde acha que deve estar e ir aonde acha que deve ir.
Mas um Presidente, que chatice!, deve ser Presidente sempre. E, chatice pior ainda!, representar "todos os portugueses".

Mas ainda estou fascinada com a análise de Saramago a propósito do actual Presidente: "génio da banalidade". E a quem se aplica também, na perfeição, o título genial deste blogue: sim, Portugal dos Pequeninos que supostamente "nos representam".
Ana (a chata do costume)

João Gonçalves disse...

A Ana também se deve estar a referir a muita da nossa literatura. O temor reverencial perante certas "figuras" também é um sinal de pequenez parola e deslumbrada. Estilo Canavilhas, percebe?

ferreira disse...

Também acho que o Presidente da República deve ser "de todos os portugueses". Bem, não podendo ser de todos, que seja da maioria.
Eu, mais 90% dos portugueses que não suportam Saramago, agradecemos ao Presidente por nos representar.

M. Abrantes disse...

Por vezes a vida faz lembrar um jogo de xadrez. As jogadas que fizermos hoje vão condicionar as que poderemos fazer amanhã. Pelo menos assim julgo ser, ao menos para quem tem carácter.

Cavaco ficou muito mal na fotografia, junto da patética e vacuosa figura de Sousa Lara. Mas optou por essa jogada [o lobby dos beatos de direita tem muito poder; como a história pode ser cínica!]. A sua ausência da cerimónia fúnebre de Saramago foi a jogada possível. Podem chamar-lhe tudo [e como o homem se põe a jeito!], menos hipócrita.

Cavaco joga xadrez, e tem em memória fotográfica todos os lances da partida. A esquerda, por seu lado, não joga nada. Toca uma pandeireta rota enquanto derrete uns charros.

Anónimo disse...

Cavaco como PR eleito tem obrigações para com o todo da nação e da pátria que ultrapassam a sua mesquinhez pessoal.

Foi ele aliás que se meteu na questão, primeiro colocando o livro de saramago no Index e depois metendo-se a PR, coisa para que manifestamente não tem estatuto nem dimensão. Só engole sapos quando é um qualquer biltre checo a mandar-lhe bocas. Quando se lhe exige presença de Estado na presença de um escritor da globalização, o único escritor português globalizado, dá nisto. Fica de férias.

Anónimo disse...

Também a notícia do Osservatore Romano mostra bem a Igreja que Saramago combateu.

Num momento destes, e numa nota tão diferente da da pastoral portuguesa, que essa sim é uma nota cristã, o diário do Vaticano preferiu servir-nos mais uma vez o Deus monstruoso e incapaz de perdão que Saramago destratou.

Culpa de certos homens da Igreja, claro que preferem o Deus inquisidor ao Deus cristão. Que seja o órgão oficial da Igreja católica a tomar conta do recado torna a coisa mais grave, mas clarificador. Não foi nenhum talibã local que falou. O Osservatore Romano vem dar razão a Saramago, contra todos aqueles que lhe criticam excessos anti-clericais.

De nihilo nihil disse...

Que chatice, vão agora obrigar o senhor a enterrar todos os portugueses?

Anónimo disse...

Dr. João Gonçalves: um olhar sempre muito atento segue os seus passos e prepara-lhe uma muito justa punição. Ainda está a tempo de mudar a orientação do seu blogue.

Mani Pulite disse...

PARA ALGUÉM QUE O DESRESPEITOU SISTEMÁTICAMENTE COMO HOMEM,ESTADISTA E PRESIDENTE DA REPÚBLICA,O PR FEZ EXACTAMENTE AQUILO QUE DEVIA COMO CHEFE DE ESTADO.CUMPRIU O SEU DEVER COMO SEMPRE TEM FEITO.TUDO O RESTO É O APROVEITAMENTO POLÍTICO DA MORTE DE UM ESCRITOR POR PARTE DA ESQUERDA SEM EMENDA.DOS NOSTÁLGICOS DO GULAG AOS QUE ARRUINARAM PORTUGAL.

Anónimo disse...

Cavaco pode até ser o "representante de todos os portugueses" - concedo isso com facilidade, para não complicar medonhamente a questão, discutindo uma tão rudimentar frase. Mas por que raio haverão "todos os portugueses" de ir lá homenagiar o morto-saramago? Algo obriga "todos os portugueses"? Uma lei? Uma imposição? Um chicote? Uma arma? Um protocolo? Um prémio?!?
Era o morto-saramago um chefe-de-estado? E se era, de que país?
Também seria bom saber, com estatística segura e inquérito imparcial, quantas daquelas alminhas - públicas e anónimas - o leram de facto. Não sou especial apreciador da sua literatura, e do azedo comunista-comissário-censor-homem-saramago muito menos; mas li três livros dele (sei que terá publicado uns 16). Quantos daquela audiência política de carpideiras ideológicas estarão nas mesmas condições? E o "povo" que diz, papalvamente a um microfone da rtp, que saramago "era um grande homem e muito bom"? Será que o "povo" o leu? E se leu percebeu? Quantos imberbes do jornalismo televisivo o terão lido? E foi isso impedimento para o comentário idiota e bajulador em directo? CIRCO!

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Do Saramago sei que era um sujeito antipático, talvez doente do fígado. Muito antipático. Mas se calhar sou eu que sou pequenino ...

Graça Sampaio disse...

O presidente Cavaco, aliás como o autor deste blog, parece esquecer-se que, tal como o hino e a bandeira, ele é um símbolo da república e só por isso havia de lá estar. Mas isso é pedir muito...
Leram o texto que o chefe do maior partido espanhol da oposição publicou sobre a morte da Saramago? Deveriam ler.

Anónimo disse...

Com uma pequena diferença. O pequenino Cavaco é conhecido apenas em Portugal e talvez la fora (duvido) porque é Presidente de um País. O "pequeno" Saramago é conhecido em todo o Mundo .Com Cavaco Portugal fica-se por cá nesta Santa Terrinha à beira mar plantado Com Saramago Portugal vai la para fora e através dele chega a milhões de pessoas. É esta a "pequena"diferença entre estes dois pequeninos.

João Gonçalves disse...

Um valente anónimo fala em "escritor da globalização, o único escritor português globalizado". Que esperteza saloia, tão fashion. Como ser "globalizado" fosse um elogio. A batata frita também é tal como a estupidez. E depois?

Anónimo disse...

Hitler, Pol Pot, Mao e Estaline são conhecidos em todo o Mundo. Que grandes figuras, que mérito, que classe...o Diabo que os carregue.

Anónimo disse...

Então as cinzas primeiro eram para ficar na sua oliveira em Lanzarote, depois para ir metade (?) para a Azinhaga e outra para as Canárias, e agora ficam todas em Lisboa??? Que o escritor detestava?
Diz a inefável Pilar que foi um desejo "nos últimos segundos de vida"? (será influência da linguagem futebolística?).
Será que as benesses da Casa dos Bicos (fadado nome), os respectivos subsídios e cargos inerentes não têm nada a ver com este alteração de ultima hora, anunciada pelo presidente da câmara?
Não é estranho o silêncio dos jornalistas sempre tão prontos a levantar suspeitas?
Não é algo de esperar de alguém que fez mudar o apoio e voto de Saramago ao PCP pelo apoio ao PS a troco da dita casa e fundação? Não será tudo mais um bico?
FGCosta

Anónimo disse...

Gonçalves, a quebra do meu anonimato (às 4h50 e às 4h56) risca-me o quê em termos de valentia? Ou sequer de projecção, já que nunca andei atrelado Às políticas como V.Exa.? Quem me conhece que tornasse relevante um nome? Se precisa, digo-lhe que sou Nuno de Magalhães, e vai onde com isso?

Já se a sua estupidez não fosse localmente verificável perceberia a relevância do escritor ser globalizado e das implicações que isso tem em termos de notoriedade da língua, do país e da sua cultura. Algo que lamento, mas deve ser valorizado por um país como o nosso que muito graças também aos seus Cavacos tem pouco mais em que se arrimar em termos produtivos e de alma.

João Gonçalves disse...

O facto de se chamar Nuno não diminui a usa imbecilidade. Lamento.

Garganta Funda... disse...

Não alinho no coro daqueles que «exigiam» a presença física do PR nas cerimónias fúnebres do escritor José Saramago.

Aliás, o Prof.Cavaco Silva faz sempre tanta falta, como faz falta um viola num enterro.

Goste-se ou não do Saramago - e eu já aqui declarei que não o apreciava como escritor nem como activista politico - devemos reconhecer objectivamente que a acção de Saramago como escritor e ensaísta foi uma «pedrada» neste charco nacional de águas fétidas e estagnadas.

Era inconveniente, provocador e desafiou algumas «super-estruturas» tidas como guardiães da Moral e da Virtude.

O facto do José Saramago ser oriundo de famílias humildes, de ter nascido numa aldeia remota da província, de ter sido serralheiro mecânico e de ter sido um autodidacta, à revelia das «cátedras do paleio fiado» ou do circuito académico e endogâmico da lusa pátria, desencadeou muitos anti-corpos, visíveis durante a vida e reforçados na sua morte.

Este blogue, da autoria do distinto Dr.João Gonçalves, é um observador impiedoso de toda a alarvidade tuga e de todos os seus próceres e expoentes, desde os chefes máximos do pessoal mínimo até à vasta corte que diariamente se besunta nas faldas do poder.

Seria da mais elementar justiça reconhecer que José Saramago não pertenceu nem pertence a esse proverbial «portugal dos pequeninos», onde tudo é rasteiro, videirinho, comezinho, arrumadinho.

Quando o ilustre Dr.João Gonçalves defende aqui, com toda a frontalidade e legitimidade, o «cavaquismo» e as suas bandeiras, sem querer, entra em contradição consigo mesmo, uma vez que é um arauto da discussão, da largueza de vistas e da crítica acesa.

O «cavaquismo» é aquela anódina «ideologia» que há mais de vinte anos tem mantido refém a Direita Portuguesa ou mesmo uma qualquer ideia desta.

O «cavaquismo» tem provocado na comunidade nacional aquilo que acontece num eucaliptal: seca tudo à sua volta: as ideias, as vontades, as soluções.

Se há uma «ideologia nacional» que corporiza esse «portugal dos pequeninos» que brilhantemente o Dr.João desmonta, desmistifica, critica e disseca, essa «ideologia», feita de somas de zeros à esquerda, é sem dúvida o «cavaquismo».

Daqui a cem anos Saramago vai ser falado e estudado enquanto Cavaco correrá o risco de ser confundido com algum jogador do Louletano ou do Farense.

Tenho dito.

Anónimo disse...

Apesar de concordar com o post, acho tremendamente mal educada esta discussão entre o Nuno-Anónimo e o Gonçalves.
Isso sim, parece-me de lamentar..
JAKE

Anónimo disse...

Rendo-me derrotado, João Gonçalves, que quer que lhe diga perante tão elevado génio e tal solidez de argumentos? nuno de magalhães
p.s. o nome foi escolha da minha madrinha, uma cristã devota e caridosa. Folgo que lhe agrade.

hf disse...

bom post

Anónimo disse...

Porquê tanto azedume, dr. J.G.? Teve uma infância infeliz? Quando faz uma intervenção não é para elogiar os comentadores mas sim fazer qualquer comentário desagradável. São mesmo só os seus lacaios que o continuam a visitar com a esperança de um olharzinho seu ou que lhes atire uma moedinha.

Anónimo disse...

Muito bem Cavaco não estar no funeral de um comuna, anti-semita, pro-terrorista. Em suma alguém com a cultura anti-liberdade.

lucklucky

Anónimo disse...

"Vaticano preferiu servir-nos mais uma vez o Deus monstruoso e incapaz de perdão que Saramago destratou."

Saramago não pediu perdão.
Mais uma vez se vê a ignorância o que vai em certas cabeças.

lucklucky

João Gonçalves disse...

Há aí um anónimo que fala em lacaios. Só lê este ou outro blogue quem quer. Acha-me com poderes para "obrigar" alguém a vir cá? Quanto aos comentários que entendo fazer, são precisamente os que entendo fazer. Assinados.

Garganta Funda... disse...

O intrépido e sionista «Lucklucky» vem aqui subscrever a posição do Vaticano em relação ao José Saramago, acusando este também ser anti-semita, mas nunca o vi aqui a desmascarar as várias campanhas do lobbie judaico, maçónico e ateista da América do Norte e do Norte da Europa contra a Igreja Católica e Sua Santidade, o Papa Bento XVI.

Muito videirinho e espertinho este «luckyzinho»...

polittikus disse...

Independentemente das opiniões de cada um, Cavaco Silva é Presidente de todos os portugueses, e as obrigações de estado são mais importantes do que tomar conta dos netinhos...

maria disse...

Acabei de me lembrar da entrevista do <publico de há mais ou menos dois meses, em que Pilar del Rio nos chamava, na capa deste jornal de "gente rasca". Fantástico. Para mim, basta-me esta falta de respeito total por Portugal para que o PR lá tivesse ido, aliás, o PR apenas e só cumpriu a vontade do defundo.

Anónimo disse...

No meio disto tudo esteve bem a Srª D'El Rio. Sóbria, com classe. O demais foi a turba multa do costume.

Anónimo disse...

Tem toda a razão o Dr. Cavaco: em vez de estarem preocupados com os prblemas do País, preocupam-se com coisas mesquinhas como esta ausência do PR no funeral de Saramago. Este certamente, pela consideração que não tinha por Cavaco, teria ficado extremamente grato pela sua ausência. Só os imbecis e os pobres de espírito se preocupam com coisas destas.

Pedro Morgado disse...

O que seria expectável era que o Presidente da República tivesse compreendido que acabara de morrer o mais notável dos escritores portugueses da segunda metade do Século XX e, seguramente, o português mais lido em todo o mundo na actualidade.

Não é, com toda a certeza, por concordar com as suas ideias que o Presidente da República recebe as selecções de Futebol ou Badminton.

Mas como o que o povo gosta é da bola, Cavaco é o presidente certo.

Anónimo disse...

Que espectáculo absurdo os funerais do Saramago! Um bando de escravos a homenagear um defensor da escravatura. Ainda por cima, um escritor medíocre, como tantos que foram contemplados com o Nobel da Literatura. Um indivíduo que passou a vida a gozar com a História de Portugal e com a pessoa de Jesus Cristo. Alguém chamou a atenção para o facto de ele ser um autodidacta, como se isso fosse um elogio. Desgraçadamente, nota-se demasiado que ele foi, de facto, um autodidacta. Nada do que ele disse, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista religioso, tem a mais pequena relevância. Saramago é uma nulidade intelectual. Se o P. Tolentino de Mendonça disse que ele foi um expoente da nossa cultura, só pode ter sido por generosidade cristã ou por suprema ironia. Porque se ele foi,de facto isso, muito mal anda a nossa cultura. E ainda ninguém foi capaz de explicar por que é que Agustina, Vergílio Ferreira, Nemésio, foram expulsos dos programas do liceu para darem lugar exclusivo ao Memorial do Convento, uma obra que tem algumas boas páginas, mas que tem outras perfeitamente abomináveis. E se formos para o Evangelho Segundo Jesus Cristo, então aí tocamos as rais do absurdo. O Cristo desse romance é um perfeito imbecil que nem sequer sabia quem era. Saramago deixará de ser lido dentro de muito pouco tempo. Por uma razão simples: ele não tem nada de grande a dizer às pessoas. É um perfeito medíocre. Muita gente pôs a nu a vacuidade de Saramago. Só que a ditadura férrea de quem comanda a crítica literária em Portugal, cala sistematicamente as vozes críticas e exigentes. Tudo isto não passa de uma enorme farsa, de uma lamentável farsa.

Anónimo disse...

Hmm então o lobby maçon, judaico e ateísta já de si uma singular cornucópia controla o Vaticano contra a Igreja Católica e Sua Santidade...

As civilizações que elogiam aqueles que os querem destruir acabam mais cedo do que mais tarde por ser destruídos.

lucklucky

Anónimo disse...

A posição do Vaticano foi uma posição clarissima caracterizando o homem que Saramago foi (ponto final). Ou o Vaticano apenas deve apanhar porrada e não deve ter liberdade de expressão?

Os amordaçadores da Liberdade queriam ter um momento alto ontem mas enfim... nem as honras do Telejornal da 1h, os jornalistas de pensamento único, os Castros e os Chaves do burgo da "democracia popular", os ressentidos do Verão quente de 75 do Campo Pequeno e mandatos de prisão em branco, os "fracturantes" e as carpideiras do costume (quase sempre malcriadas) foram suficientes.

Fica a obra que reflecte o que o que o homem livremente escreveu.

Deus seja de infinita bondade!

Crítico blogueiro disse...

Garganta Funda,

"Daqui a cem anos Saramago vai ser falado".

E V. cá estará, certamente, para confirmar o que, como presumo, lhe disse o Prof. Bambo. Ou terá sido a Maya?

Observador disse...

Neste como noutros casos (Cunhal, Rosa Coutinho, etc)a brigada das "quintas-colunas" está a movimentar-se. O aparelho clandestino do PC por aí espalhado e reforçado, nestas alturas, por muitos idiotas úteis fica desenfreado...

Anónimo disse...

Como homem, reconheço no escritor a voz que me representa, mesmo que não gostasse dele como homem ou das suas ideias políticas.
Como eleitor, aceito Cavaco como o meu actual presidente, mesmo que politica e democraticamente não me sinta representado: não me esqueci de quando ele recusou participar nos debates televisivos para as eleições legislativas de 1991.

Ele, como presidente, devia estar presente num funeral de estado em luto nacional, engolindo os sapos das desavenças pessoais ou políticas. Assim quem fica mal não é o homem nem o político (porque já sabemos como ele é), mas a instituição que ele representa.

Quanto aos valentes que vêm aqui cuspir no caixão do escritor, mostrem do que são feitos quando chegar a hora desses que aí estão, bem vivos e a corroer a democracia por dentro.

Anónimo disse...

Sem qualquer dúvida, o Vaticano tem muito melhores críticos literários do que a agência Ecclesia...

Garganta Funda... disse...

Os comentários aqui produzidos sobre José Saramago é uma bonita alegoria à epígrafe deste blogue: «Portugal dos Pequeninos».

Será que a França rejeita Céline, Sartre,etc?

A Itália, rejeita o Malaparte ou o Gabriel D'Annunzio?

A Alemanha rejeita os seus escritores «malditos», o Nietzche, ou o Richard Wagner, ou o filósofo Heiddegger, conotado com o social-socialismo?

Até a própria liberal Grã-Bretanha veio defender o autor dos «Versículos Satânicos» que não era britânico, mas sim indiano, e deu-lhe protecção das investidas fundamentalistas islâmicas!

Cabeças de atum que não sabem distinguir Arte e Literatura da mais reles politiquice onde chafurdam.

Tugas de meia tijela!

Peguem numa vuvuzela, a ver se conseguem pôr os jogadores da selecção a correrem mais do que os súbditos do pigmeu Kim....

Crítico blogueiro disse...

Garganta Funda,

Já é azar. V. não acerta uma.
Foram 7-0.

Garganta Funda... disse...

Pelos vistos estes esforçados comentadores tugas e arraçados , em especial o sucinto «crítico blogueiro», levaram a sério o meu conselho e não pararam de assoprar nas vuvuzelas.

Ao menos, hoje, fizeram alguma coisa de jeito...

Se a equipa vier a ser campeã receio bem que a mesma seja recebida em Belém ao som orquestrado de vuvuzelas.

Há que homenagear aqueles que levam o bom nome de Portugal bem lá longe!

(Já há patrocinadores!)

Ana Gabriela disse...

João, só hoje consegui pegar na sua resposta ao meu comentário, do "temos reverencial" em relação a "figuras da nossa literatura".

Aquilo que o João critica nessa atitude é precisamente o sistema de que a ministra faz parte. Mas não é "temor reverencial", é utilização oportunísta das figuras e apropriação da sua popularidade.

O actual Presidente também se serve das figuras de forma oportunista: não indo, tomou uma posição. Que pode, de facto, ser interpretada por uma direita religiosa mais superficial, como atenuante, "uma no cravo outra na ferradura". Interpretação que o João criticou num post a seguir.
Mas essa interpretação é verosímil. Sabe porquê? Porque essa é mesmo a lógica do sistema: "a lógica da batata".
É o próprio sistema que funciona nessa "lógica da batata", e o próprio Presidente segue, e pelos vistos, sempre seguiu, essa mesma lógica.

Digamos que o problema que o João aí evidencia na sua resposta ao meu comentário é um problema das nossas "novas elites" políticas e culturais (as elites tradicionais nunca gostaram dele nem o valorizam), não da sociedade portuguesa em geral.

Quanto à literatura nacional, teríamos que definir primeiro o que entendemos por "literatura". A literatura que me interessa é que a que tem implícita uma visão ou uma análise de um certo tempo-espaço.
Por isso não gosto do termo "escritor". Escrever, toda a gente escreve hoje em dia. Prefiro o termo "autor" ou "filósofo" ou outro que refira o observador activo. E, nessa perspectiva de literatura, incluo Saramago, mesmo que a minha dificuldade de o ler seja mais na forma, no ritmo, há páginas em que consigo entrar, noutras tropeço. Mas a metáfora e as parábolas fascinam-me, sempre me fascinaram.

Não gosto de comparar pessoas, cada uma é o seu próprio mundo e a sua circunstância, mas aprecio um homem que se ergue dos seus condicionalismos sociais e culturais. Gosto de autodidactas. Há quem veja no Saramago-autor o cinismo, a destruição de valores tradicionais, eu vejo nele a busca incessante, obsessiva e, nesse sentido, Saramago é luminoso. Além de provocador, mas eu gosto de autores provocadores, Thomas Bernhard é um dos meus preferidos.
Ana

Anónimo disse...

Bem, João Gonçalves, parece que o seu amigo Medeiros Ferreira, em artigo que publicou no DN e que João Amaral Dias enfiou no Córtex Frontal, conclui como eu acerca da importância do Saramago para a língua a nível mundial. Faça o favor de lhe ir lá chamar imbecil, tá? É que com alguns imbecis até dá gosto partilhar estatuto. nuno de magalhães