26.5.08

A POLÍTICA DO SIMPLES BOM SENSO


Pela enésima vez, a sra. dra. Fátima Campos Ferreira debate a economia e a crise e a crise e a economia. Pela enésima vez, lá estão o tremendista Medina Carreira, o ex-cúmplice de Pina Moura, Nogueira Leite, a dra. Ferreira Leite da "esquerda moderna", Teodora Cardoso, o dr. Basílio Horta, uma "conquista" socrática e um senhor dos idos do "Maio de 68", julgo que do PC. Deviam colocar o retrato que ilustra este post no palco com os seguintes dizeres e pouparem-se a três horas de "debate":

«O plutocrata não é, pois, nem o grande industrial nem o financeiro: é uma espécie híbrida, intermediária entre a economia e a finança; é a "flor do mal" do pior capitalismo. Na produção, não é a produção em si mesma que lhe interessa, mas a operação financeira a que pode dar lugar; na finança, a administração regular dos seus capitais não lhe interessa demasiado, mas sim a multiplicação graças a acrobacias contra os interesses alheios. O seu campo de acção está fora da produção organizada de qualquer riqueza e fora da normal circulação dos capitais em dinheiro; ele não conhece nem os direitos do trabalho, nem as exigências da moral, nem as leis da humanidade. Se funda sociedades, é para usufruir dos seus bens e passá-los a outros; se obtém uma concessão gratuita, é para a revender já como um valor; se se apodera de uma empresa, é para que esta suporte os prejuízos que outras o fizeram sofrer. Para chegar a isso, o plutocrata age no meio económico e no meio político usando sempre o mesmo processo: a corrupção. Estes indivíduos, a quem alguns chamam também grandes homens de negócios, vivem precisamente de três características dos nossos dias: instabilidade das condições económicas, falta de organização da economia nacional, corrupção política. (...) Advoguei sempre a política do simples bom senso contra a dos grandiosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-nos as forças para a sua execução.»

18 comentários:

Anónimo disse...

o feitor S tem uma prosa muito bonita, e algo pimba.

Não precebo como, de tão douta sapiência, sairam alunos com as características que tanto detesta.

Será que o mau aproveitamento escolar, desrespeito aos professores (tipo caso telemóvel, etc) tem raizes no consulado do feitor S?
Certamente que sim.

De qualquer modo, que outra coisa era de esperar de quem governava "com safanões & tabefes"?

Anónimo disse...

nos anos de 1958 e 1959 tive oportunidade de ler o semanário Candido do humorista Giovanni Guareschi. na contra-capa tinha 3 colunas. na da esquerda mostrava um facto visto por um jornal de esquerda. na da direita o mesmo visto por jornal de direita. aconselhava ler o facto na coluna do centro.
"não há pachorra"
PQP

Unknown disse...

Polìticamente incorrectíssimo.
Nada de acordo com "os ares dos tempos".
Um texto a que o qualificativo "moral" assenta com toda a naturalidade.
E escrito num português de lei...
Ainda o lincham (a si, autor do blogue)por destruír, com toda a simplicidade , as "verdades" oficiais que circulam cá pelo burgo.
Cpmts.

Anónimo disse...

Pois é. Salazar não nos deixa de surpreender pela acutilância do seu pensamento. O pior da ditadura já todos conhecemos e foi sobejamente divulgado após o 25 de Abril, nomeadamente pelos defensores dos regimes das democracias populares que sobreviveram até ao final da década de 80...Vivemos durante anos a exorcizar o Estado Novo. Esperemos que não continuem a atribuir os erros do presente aos males do passado, É que já lá vão 35 anos!

Anónimo disse...

Entretanto ... Constâncio 'dixit':
- Não há margem para descer impostos.

O que Constâncio não disse : - Só há margem para "aumentar" o «magro» ordenado do senhor governador do BP.

"PORTUGAL NO 'SEU' MELHOR !!!"

Anónimo disse...

Brilhante análise de um homem brilhante! Um Estadista, um Patriota, um Homem dedicado à Nação, como não voltámos a ter...

Anónimo disse...

Neste post, a letras azuis, está a radiografia do sistema que mexe com o nosso sistema económico, devidamente escorado numa evidente protecção política. Se juntarmos a isto o empolamento dos quadros públicos, ao longo dos anos, pelas hostes partidárias e a impreparação de grande parte dos agentes da nossa administração, responsáveis por custos excessivos que têm que ser cobertos por impostos e mais impostos, em grande parte mal distribuídos por incidir nos mais débeis, temos um diagnóstico muito aproximado do nosso desconserto.

Anónimo disse...

Na minha vida escolar, que foi longa desde a primária ao superior, encontrei professores óptimos e professores péssimos.
Dos primeiros, conheci alunos que eram péssimos, e dos segundos alunos que eram óptimos.
Só um ódio vesgo pode levar alguém a afirmar que a capacidade intelectual do Professor Salazar
só produzia maus alunos.

Tino disse...

Não consta nos livros de matrículas de nenhuma universidade pública, pelo menos na de Coimbra, nenhum nome de um plutocrata actual que tivesse tido Salazar por mestre.

Ainda assim, quantos filhos não degeneram aos pais?

Foi pena não mostrarem ao povo, com atenção e pelo menos por alguns segundos, o gráfico que Medina Carreira mostrou da economia portuguesa desde os anos 40 até hoje.

A verdade custa à inteligentzia portuguesa actual e vai custar mais ao estômago dos humildes Portugueses. Já faltou mais...

Quanto ao texto de Salazar, basta lembrar que um seu opositor, António José Saraiva, o considerou o maior escritor português na literatura política.

Eu que não leio literatura por incultura (ou porque o tempo só me chega para ler saberes não imaginativos), acho-o simplesmente o maior escritor da língua portuguesa.

Anónimo disse...

Se o cáustico me conseguir explicar, quiça causticamente, como pessoas educadas por tão insigne professor, fazem o que fazem, e nos colocaram neste estado, ficaria muito agradecido.

Para mim, foi a falta de visão e de preparação do futuro, que nos levou a este estado.

Quanto a BOM PORTUGUÊS recomenda-se o SERMÃO AOS PEIXES ...

lusitânea disse...

O Beirão, mesmo enterrado, causa calafrios e atormenta a noite de muitos que enfiam este barrete.

Tino disse...

Caro Observador

Nem o Padre António Vieira nem o Padre Manuel Bernardes.

Por honestidade, esqueçam que Salazar governou Portugal e leiam os seus textos desde a juventude como se fossem escritos por qualquer outro escritor.

Ninguém escreveu prosa política como Salazar. E não se trata só de beleza literária. Cada palavra, cada singela expressão é um tratado de pensamento político, económico e social.

Os textos de Salazar combinam a densidade com a clareza, qualidade que se escapa a Bernardes, está longe do barroquismo de Vieira.

Se em vez de discursos, Salazar tivesse escrito sermões, então falaríamos da distância a que estão os dois génios.

Anónimo disse...

É só para esclarecer que não me referia a ensino directo, mas sim á formulação e definição dos programas (glorificadores do feitor) e cosntrução de escolas e liceus, que faltavam e muito, mesmo com o magnifico gráfico de crescimento dos anos 40 (mas para onde fim o dinheiro?...)

espero ter esclarecido a iletracia

e sim lusitânea atormenta e muito, especialmente pela oportunidade perdida!

Anónimo disse...

Ok Tino,

mas é mais um caso de "bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz".

Isto, no fudo, não é diferente da versão actual "bem promete Frei Tomás, em campanha eleitoral, mas, votação feita, faz o que lhe vai no peito, e o prometido vai para o lameiro".

Ou seja, o freitor S só se distingue, daqueles que tanto critica, porque tinha uma PIDE, uma Censura, que lhe faziam as vontadinhas todas, e reprimiam quem era diferente.

Quanto a pensamento político, de projecção dum Estado no futuro, viu-se uma guerra colonial pantanosa, uma incapacidade imensa de desenvolver o país, e uma impreparação de massa humana honesta e consisente para lhe dar continuidade.

Antes Vieira ...

Anónimo disse...

Eu pergunto a certas pessoas se têm filhos. E, pergunto mais, qual o resultado da boa educação e sobretudo dos bons ensinamentos e exemplos que lhes deram, se é que lhos deram.
Talvez seja bom citar um exemplo. Minha Mãe conheceu a família de um fidalgo na cidade do Porto, constituída pelos pais e dois filhos, uma rapariga e um rapaz.
Quando aos domingos se cruzavam na rua das Flores, o meu avô com o seu rancho e o fidalgo com o seu, o fidalgo obrigava sempre o filho, que era condiscípulo de um tio meu, a atravessar a rua para o ir cumprimentar. A educação que o fidalgo deu aos filhos foi a mesma, quer para o rapaz, quer para a rapariga. E com tal educação a rapariga fez-se uma senhora, uma autêntica fidalga, o rapaz transformou-se quase num bandalho. Que explicação me dão para isto?

Anónimo disse...

cáustico,

educar é um acto difícil, de resultados incertos.

há que ser humilde.

da estóia que conta, deixo o "bitate" de que a severa, ainda que supunho dada com as melhores das intenções, dada ao filho (essa do atravessar rua cheira um pouco a humilhação...) só demonstra que autoritarismos, só por si, não conduzem a bons resultados.

ora é precisamente isso que o feitor S fazia, conforme se está a ver pelos resultados ....

Anónimo disse...

Nasci em 1925, pelo que passei os melhores anos da minha vida no país onde dominava a ditadura do insigne estadista que foi o Professor Salazar.
Sempre desejei estudar, não só pelo gosto de aprender mais e mais, mas também por ver o erro cometido pelo meu Pai que, tendo melhor capacidade intelectual do que eu, o não fizera e pagou bem caro o seu divórcio do estudo. Com a disciplina que me impus evitei o que aconteceu a meu Pai e alcancei o que ele não conseguiu.
Como os meus pais viviam com dificuldades financeiras, tive necessidade de começar cedo a trabalhar, o que me obrigou a ser trabalhador-estudante. Conheci, assim, muito bem, as dificuldades que quem estuda sente quando tem de trabalhar para adquirir os meios necessários à sua subsistência.
Meu Pai sempre me impôs o respeito pelas pessoas mais velhas que tivessem procedimentos correctos para comigo e obrigou-me a ser sempre atencioso com as mulheres, nunca permanecendo sentado sempre que alguma não tivesse lugar para se poder sentar.
Durante a minha longa vida de estudante, mas principalmente quando era jovem, ainda de pouco juízo, sempre respeitei os professores que tive porque a autoridade do meu Pai a isso sempre me obrigava.
Recordo, e parece-me ter sido ontem apesar de já terem decorrido mais de setenta anos, a obrigação que me era imposta pelo meu Pai, de estar sentado à mesa das refeições em posição correcta, de não utilizar as mãos para levar os alimentos à boca, de não meter na boca comida em excesso.
Também, com a autoridade que tinha por ser meu Pai, estabeleceu a interdição de roer as unhas e de proceder a limpezas do nariz com a utilização dos dedos.
Se depois de um dia de constante brincadeira, acusava lá para o final da refeição da noite os efeitos das correrias atrás de uma bola e começava a cabecear de sono, impunha-me logo a obrigação de me ir deitar, porque à mesa não podia dormir.
Dirão alguns: Mas que pai tão autoritário. A esses eu respondo que foi um autoritarismo que fez de um jovem ainda a abrir os olhos para a vida, ainda sem uma perfeita noção de responsabilidade, um homem responsável.
Tive alguns colegas de estudo, igualmente trabalhadores-estudantes, que acusavam os pais de não os terem obrigado a estudar e de serem por isso culpados da situação em que se encontravam. Lamentavam-se, naturalmente, por os pais não terem sido autoritários.
Meu filho, que felizmente tem boa capacidade intelectual, sentiu os efeitos da passagem do liceu para o ensino superior e chumbou logo no primeiro ano. Fiz-lhe ver (autoritarismo?) que comigo ou era estudo ou era trabalho. E passei a estar mais atento à sua actividade escolar, à forma como estudava e dava-lhe indicações de estudo que considerava pertinentes.
Minha mulher não gostava que eu pressionasse o nosso filho, dizendo-me muitas vezes: Olha que um pai impertinente faz um filho desobediente. Respondi-lhe sempre que não queria que o nosso filho pudesse vir a fazer acusações idênticas às que alguns dos meus colegas de estudo faziam aos pais.
Apesar da pressão a que sujeitei o meu filho, recebi dele o maior elogio que podia receber como pai. Numa ocasião em que a minha mulher, uma vez mais, mostrava o seu incómodo relativamente à forma como eu exigia do nosso filho, ele interveio, dizendo: Mãe, se não fosse o Pai eu ainda estava no liceu. Superou o percalço do primeiro ano no ensino superior e hoje está licenciado em engenharia.
Quando ouço certa parte do povo falar em democracia, liberdade e cultura, no meu íntimo aflora quase sempre uma certa desilusão por saber bem o que tal palavreado significa para ela.
E se aos meus ouvidos soa a palavra autoritarismo, procuro saber a quem pertence o aparelho fonador que a proferiu e acabo invariavelmente por verificar que pertence, salvo raras excepções, a um calão ou a alguém com acentuada fobia ao método e à disciplina. Os portugueses não gostam de receber ordens, apreciam muito uma actuação liberta de todo o tipo de peias, para poderem fazer tudo aquilo que lhes apetece mas que proporciona farta porcaria e inconveniência, sem respeito por princípios e regras. E, por isso, acusam de autoritários todos os que lhes impõem o acatamento de normas indispensáveis, de princípios correctos e de condutas desejáveis.

Anónimo disse...

cáustico,

fico contente que a sua educação tenha tido sucesso, bem como a do seu filho, que espero, que se prolongue pelos seus netos.

contudo, nada do que disse, invalida o que eu disse.

vejamos:

faz sentido a existência duma censura? para quê? para embutar o sentido critíco?

faz sentido o culto da personalidade, como o feitor S fazia, ou autorizava, nos livros escolares?

não havia antes o culto da autoridade pela autoridade, sendo, quem esboçava critica imediatamente apelidado de "comunista"?

que esforço, ao contrário de si que fez para si e para o seu filho, fez o regime do feitor para divulgar a Educação, que ao fim de 50 anos, conseguia ter uma das mais altas taxas de analfabetismo?