22.4.06

SE UM VIAJANTE NUMA TARDE DE CHUVA


Tive a pachorra de ler não sei quantos jornais e páginas "culturais", do dia e atrasados. Sobre as "culturais", não vale sequer a pena "bater no ceguinho". O Actual, do Expresso, é um imenso empadão mais ou menos familiar que se folheia em cinco minutos. Escapam as palavras, não sei se quinzenais ou mensais, do Joaquim Manuel Magalhães. O Mil Folhas do Público é mais aceitável, talvez por ser mais pequeno e "directo". De vez em quando embarca em estopadas como a presente entrevista a António Tabucchi, um "campeão" na luta anti-Berlusconi, alguém cujos livros já gostei mais. O do Diário de Notícias é maneirinho, caseiro e tem a crédito as crónicas de Mario Vargas Llosa. Noutra "vertente", o Economia, também do Expresso, vale hoje por uma citação, tirada do DN, de Manuela Arcanjo, ex-ministra da Saúde de Guterres e ex-secretária de Estado do Orçamento, que diz o seguinte do actual governo: "O que muito sinceramente me desagrada é sentir que a acção do governo supôe que os cidadãos/eleitores podem ser tratados como consumidores de sabonetes! Não é preciso pensar, basta comprar". Isto resume bem a ideia com que fiquei da abundante leitura das notícias, crónicas e comentários sobre a pátria política. Parece que o país começa a estar desconfiado. A palavra "pânico" - em má hora utilizada pelo dr. Teixeira dos Santos precisamente para tentar evitar que se entrasse nele - depois de dois ou três relatórios desfavoráveis ao prometido progresso e "crescimento" da nação, denuncia a consciência realmente preocupada do ministro das Finanças. O Paulo Gorjão sintetiza bem a coisa: "Há diversos estados de graça, que se vão perdendo uns atrás dos outros, numa espécie de cadeia de transmissão. Primeiro perde-se uma pequena audiência, que é irrelevante na sua dimensão, mas extremamente importante pelo facto de ser bem informada e de ter acesso aos meios de comunicação. Perdidas as elites, o resto é uma questão de tempo."

1 comentário:

Anónimo disse...

Já atrasada e, sem me apetecer falar de “políticas” se bem que considere a ”postura e o discurso” do nosso PR excelente, aqui estou a escrever umas “palavritas” sobre R. Margritte

“Sentido é aquilo que é possível”
(René Margritte)

... e, esta pintura é
“Tudo aquilo que é possível no sentido ,,,” de contraste e/ou contradição, porque é surrealismo.
Contraste, porque o que representa, no objecto predominante “chapéu c/copo” – «chapéu – repele», «copo – contem», a «água» num quadro intitulado ”As férias de Hegel” combatendo assim o rigor das demonstrações lógicas de Hegel, não desprezando a natureza, sendo que aqui o “Homem do chapéu de côco”, tem um chapéu de chuva sem copo, que poderá aqui, sim, querer representar “contradição”.
A obra de Margritte é a meu ver poética.
Realmente «só através de uma atitude meditativa se pode ter acesso ao subtil jogo de enigmas».
É o caso da “Memória” onde se inspirou em De Chirico, que admirava e, especialmente a sua obra “Canção de amor”.
Tambem o “Elogio da Dialéctica”, baseado no pensamento de Hegel
“Um interior sem exterior dificilmente constitui um interior”.
O “Espelho Falso” que há dias ilustrou um Post seu, etc.
Enfim, é realmente como alguem disse «... aquelas forças que apoiam o visível mantêm-se escondidas por trás dele, só a pintura é capaz de as tornar visíveis» – o significado inerente à sua obra toca directamente a «anarquia dos sentidos».

... se, as teve, que as férias tenham sido como desejou
... pelas “pinturas”
... obrigada
... vêem dar "alma" aos textos