23.4.06

A FESTA DO DR. MEGA

O "crítico" Henrique Silveira tem andado num frenesim na "Festa da Música" do dr. Mega. Este, o venerando dr. Mega, não perde uma oportunidade para aparecer nos telejornais, num daqueles "directos" normalmente a cargo de umas moças que julgam - e se calhar acertam - que estão na defunta feira popular e que perguntam aos incautos se gostam do "barroco" com o mesmo ar de quem pergunta se gostam de tremoços. A "Festa da Música" é uma espécie de circo musical que anualmente se oferece ao "povo" que, por regra, desdenha a música dita erudita. Os jornais e as televisões fazem disto um estardalhaço palonço como se a música dita clássica fosse uma extravagância. É o que dá num país onde não se educam as crianças para o bom gosto, onde não se promove e defende o património e onde não existem tradições cosmopolitas e sofisticadas. Qualquer pinderiquice é uma "festa". Até o "crítico", apesar de "ir a todas", reconhece:

"Tripla bola preta para o público inculto que aplaude tudo o que lhe põem à frente. Péssimo para a qualidade musical e para os próprios músicos. Os bravos histéricos e as palmas de pé para toda a porcaria que se apresenta exactamente da mesma forma para o concerto superlativo ou para o médio. As criancinhas de colo às 23h também se lamentam, a essa hora devem estar na caminha e não a sofrerem num concerto junto com os pais e a fazerem sofrer quem quer escutar música sem berraria. O pior da Festa da Música é a mentalidade de supermercado que se gera. O melhor é mesmo a Música e a Festa em redor da mesma."

Onde é que ele julga que está? Em Bayreuth? Na ópera de Zurique ou no Lincoln Center de Nova Iorque? Habitue-se.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,
O Dr. Mega é de extremos!
Umas vezes diz que «um cortejo infindável de edições, celebrações, eventos, citações e homenagens que correm o risco de provocar uma autêntica indigestão cultural.»
Outras, porém, dirige a música para o povo que tão doutamente, no alto da sua torre de marfim, apelida de ignorante.
É o país que temos!
Contudo, considero que a música dita clássica não deve ser um exclusivo de uma determinada clique. Vejam-se os concertos de Verão da BBC, os famosos promenade.
Um abraço
PS - a propósito do Kitsch e do Mega, escrevi isto, aquando da celebração dos 250 anos do nascimento de Mozart.

Anónimo disse...

Os comentários dos jornalistas a propósito da festa da música podem ter o efeito preverso de fazer pensar ao público que só na festa da música se poderá ouvir música vestido informalmente e com uma atitude informal. Isso continuará a afastar as pessoas das boas salas de música deste país. Não sei em que país vivem esses jornalistas. Eu nunca fui à festa da música por falta de oportunidade no entanto iria com a mesma informalidade com que vou a S. Carlos à Gulbenkian ou ao coliseu, e com a mesma informalidade fui aos proms da BBC.
Na tentativa de criar uma imagem não elitista da música caem exactamente no oposto.
Xicão Amora

Anónimo disse...

Ao homem vá ouvir música, e deixe-nos ouvir múica barata, enquanto podemos, para podermos aprender onde aplaudir:

Anónimo disse...

Olha que as tuas músicas no tempo do fininho amaral da kultura tb n eram melhores...e tb contibuiram para o deficit.
E algumas eram bem pífias também.