14.4.06

"POR QUE ME ABANDONASTE?"


"No cimo da cruz de Jesus – nas duas línguas do mundo de então, o grego e o latim, e na língua do povo eleito, o hebraico – está escrito quem é: o Rei dos Judeus, o Filho prometido a David. Pilatos, o juiz injusto, tornou-se profeta sem querer. Perante a opinião pública mundial é proclamada a realeza de Jesus. O próprio Jesus não tinha aceite o título de Messias, enquanto poderia induzir a uma ideia errada, humana, de poder e de salvação. Mas, agora, o título pode estar escrito ali publicamente sobre o Crucificado. Ele, assim, é verdadeiramente o rei do mundo. Agora foi verdadeiramente «elevado». Na sua descida, Ele subiu. Agora cumpriu radicalmente o mandamento do amor, cumpriu a oferta de Si próprio, e precisamente deste modo Ele é agora a manifestação do verdadeiro Deus, daquele Deus que é amor. Agora sabemos quem é Deus. Agora sabemos como é a verdadeira realeza. Jesus reza o Salmo 22, que começa por estas palavras: «Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?» (Sal 22/21, 2). Assume em Si mesmo todo o Israel, a humanidade inteira, que sofre o drama da escuridão de Deus, e faz com que Deus Se manifeste precisamente onde parece estar definitivamente derrotado e ausente. A cruz de Cristo é um acontecimento cósmico. O mundo fica na escuridão, quando o Filho de Deus sofre a morte. A terra treme. E junto da cruz tem início a Igreja dos pagãos. O centurião romano reconhece, compreende que Jesus é o Filho de Deus. Da cruz, Ele triunfa sem cessar."

Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger para a Via Sacra, no Coliseu de Roma, em 2005 (12ª Estação - morte de Jesus na cruz)

2 comentários:

Anónimo disse...

E ele a dar-lhe...

Anónimo disse...

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO
Jesus é depositado no sepulcro
Do evangelho segundo São Mateus 27, 59-61
“... Deus faz generosamente oferta de Si próprio.
Se a medida de Deus é superabundante, também para nós nada deveria ser demasiado para Deus.
Foi o que o próprio Jesus nos ensinou no discurso da Montanha (Mt 5, 20).
Mas é preciso lembrar também as palavras de S. Paulo a propósito de Deus, que
«por nosso meio faz sentir em todos os lugares o odor do seu conhecimento.
Somos, para Deus, o bom odor de Cristo» (2 Cor 2, 14-15).
Na putrefacção das ideologias, a nossa fé deveria ser de novo o perfume que reconduz às pegadas da vida.”

Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger para a Via Sacra, no Coliseu de Roma, em 2005