28.4.06

OS MANDARINS

Eu votei para existir uma maioria absoluta. Todavia não desejo, antes pelo contrário, o absolutismo maioritário. Ontem à noite, refastelado no sofá, li no Público que a escolha do novo director de informação da Lusa tinha passado pelo gabinete do primeiro-ministro. Neste blogue, quando o dr. Morais Sarmento, no governo de Santana, começou a "pensar" numa "central de informação" ou de "comunicação", desconfiou-se da ideia. Não vi agora ninguém tugir nem mugir (excepção dupla) sobre esta coisa. Pelo contrário, uma "notícia" do Expresso sobre o putativo discurso do PR no 25/4 tem provocado uma fartura de derrames e de contra-derrames por aí afora. O Público, maldosamente, fornecia uma pequena biografia dos "adjuntos" do novo director. Um deles tem uma "vasta experiência" nestas andanças político-comunicacionais e, por mera coincidência, "serviu" em Macau, essa perturbadora sombra que há-de sempre pairar sobre o regime. Tem, pois, razão de ser reproduzir integralmente este post do Jorge Ferreira:

"CONTROLE

Uma notícia do Público dá-nos conta de que o gabinete do Primeiro-Ministro se envolveu directamente na escolha do novo Director da Lusa. Uma notícia destas no tempo de Santana Lopes teria modificado por completo a agenda mediática. Mas esta, passou despercebida face à indiferença geral. Mas há que pôr os nomes às coisas. A notícia é ESCANDALOSA. Ela mostra sobretudo como José Sócrates não está a brincar em serviço e pretende controlar ferreamente a comunicação social. Num país civilizado, a notícia teria provocado demissões, inquéritos e protestos. Cá não. Afinal, ainda bem há pouco tempo um Governo que havia decretado o fim da recessão pretendia gastar uns cêntimos numa central de comunicação. Assim, visto que a recessão continua, sempre se poupam uns dinheirinhos. É usar o que há."

7 comentários:

Rui MCB disse...

A mim passou-me ao lado por completo com estas honrosas excepções (PP e Bloguítica), mas atrevo-me a sugerir outra alternativa: a credibilidade/audiência do Público já não é o que era.
Eu pelo menos deixei de ler há uns meses...

Anónimo disse...

Leia o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE),cf www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MF/Comunicacao/Programas_e_Dossiers/20060330_MEAI_Prog_Prace.htm
No doc. intitulado "Nova Organização dos Ministérios", repare no capítulo dedicado à Presidência do Conselho de Ministros. Está lá, preto no branco,um GABINETE PARA COMUNICAÇÃO SOCIAL. O que é isto senão a institucionalização da Central de Informação que lá trabalha? Morais Sarmento teve o defeito de anunciar e explicar as razões da criação do serviço, José Socrates é mais pragmático: faz uma, discreta e eficazmente. E, perante o silèncio e cumplicidade dos media, rendidos aos encantos do Poder, até se dá ao luxo de a mostrar no PRACE.Mas ninguém fala, ninguém lê, ninguém opina.No panorama dos media salva-se a Blogosfera, o único espaço de verdadeira liberdade. Por isso se vendem cada vez menos jornais. Por medo ou incompetência, os jornalistas limitam-se a gerir as relações com as assessorias de impresa - seja dos ministros, seja das grandes empresas.

António Viriato disse...

Tem razão : há aqui uma espécie de dualidade de critério, na apreciação das intervenções socráticas na Comunicação Social, matreiras, mas perceptíveis. Sem desculpar o desastrado Santana, nota-se uma tolerãncia muito maior pelas «habilidades políticas» de Sócrates. Veremos se durará muito tempo. Provavelmente, tal encaixe dependerá da credibilidade política da oposição, que continua baixa, sem chama, mesmo quando acerta nalgumas críticas. Falta-lhe, no entanto, a credibilidade de raiz. Não é impunemente que se passa tanto tempo associado a práticas políticas sem coerência doutrinária, conduzidas por líderes falhos de visão e mesmo incompetentes no seu mister. O preço disto chama-se «maioria socrática».

Anónimo disse...

E quais são os seus donos?

Anónimo disse...

leu isso no público. Um jornal muito credível e desinteressado. Sempre muito independente em relaçao a matérias socráticas.

Anónimo disse...

E se metesse o Público no c*....?

Anónimo disse...

É a comparação entre estas e outras noticias que mostram o quanto a maioria (quase toda) da comunicação social é de esquerda. Na visita de Cavaco aos Balcãs, a revista Sabado, deu-se ao trabalho de anotar todas as pequenas gralhas de cada vez que abria a boca. E sobre o defice, já repararam que 6% não é um escândalo e com o Durão e o Santana caiu o Carmo e a Trindade?!?!?!.