9.4.06

É DIFÍCIL DIZER MAL

Estive ontem no lançamento do livro do João Pedro George, "Não é fácil dizer bem - crónicas, obsessões e outras ficções" (Edições Tinta da China), na Bulhosa do Campo Grande. Apresentou o livro a Constança Cunha e Sá e, na breve troca de galhardetes que se seguiu, eu percebi que as "instituições", "neste país em diminutivo", ainda são o que sempre foram. A Constança falou da independência crítica do João Pedro e do preço que se paga por isso. Fiquei a saber como foi delicadamente removido das suas colaborações numa revista sobre livros e certifiquei-me daquilo que já sabia: na chamada "literatura portuguesa" contemporânea e na respectiva "crítica literária" só prospera a rapaziada da capela, com escassas e meritórias excepções. Na chamada "crítica jornalística", então, ainda é pior. É zona manifestamente demarcada. Ao meu lado sentavam-se duas queridas amigas, a Maria João Duarte e a filha, a Fátima Rolo Duarte, que são duas verdadeiras "instituições" ligadas à imprensa escrita. Não pouparam, et pour cause, o João Pedro. Penso que ele não tem a pretensão de se "armar" exactamente em "crítico" ou em "escritor", mas, dada a sua "especialidade" académica - a sociologia da literatura -, não faz mais do que a sua obrigação quando desmonta, com ironia, humor e perspicácia, as letras de outros. Ele não tem manifestamente culpa que essas criaturas, que passam por escritores, escrevam da maneira que escrevem e se sintam, na sua inconsciência "literária", sublimes. E é confrangedor, num país em que a iliteracia é o que é, ver publicadas em letra de forma tantas inanidades e, por que não dizê-lo, tanta merda. A "denúncia" que o JPG faz de algumas dessas proezas estilísticas e desse esforço titânico pelo "sucesso literário" de parágrafos inteiros de perfeitos disparates, tem uma componente cívica em prol da "qualificação" que não devemos desprezar. Todavia, quem foge ao cânone, leva. Este texto do Esplanar explica exemplarmente como e por que se leva. É difícil dizer mal.

6 comentários:

Anónimo disse...

Conheço o trabalho de JPG e entendo que é irrepreensível. Só não percebo é porque tantos oprtunistas "marginais" na crista da onda, avidamente, se tentam colar ao dito.
Ele não merece e não precisa!
Quanto a CCS a mesma que ganhe juízo e que vá antes debitar postas para A minha rica casinha ou que apanhe um comboio, em direcção a Queluz, que é para isso que lhe pagam!

james disse...

A apresentação de CCS do livro de JPG não é mais do que um carpaccio servido a MFM por causa do risível Bilhete de Identidade...
Outro tipo de capelas - underweare - estúpido!

João Melo disse...

se calhar a margarida rebelo pinto nem é a pior..os piores se calhar são mesmo estes mandarins...Mega Ferreiras,Epc's..Pseudo intelectuais da merda...

Anónimo disse...

Acho que o Mega vai rebentar de empáfia, um dia destes.

Anónimo disse...

Possidónio Cachapa? O nome diz tudo, penso eu :-)!!!

Macro disse...

Pense-se nisto: imaginem que a autora do - sei lá - era uma mastronça gorda, feiosa, sem look, ié, que não se encaixava bem no padrão jet-setal luso-lisboeta...

Achariam que a senhora vendia o q quer que fosse?

A explicação do aparente sucesso de vendas está neste simples mecanismo de identificação de boa parte das aves canoras da socialite lisboeta, é simples. Psicosociológicamente a coisa explica-se do seguinte à luz das percepções das sopeiras que embarcam neste tipo de m....: ela é gira, é elegante, é loura - nós gostaríamos de ser como ela. O que fazer? Bom, não é bem a questão do Lenine..., mas essa gajaria que nem o 12º ano - tirado à noite - desenvolve esse aprroach, talvez numa vã tentativa de se aproximar do perfil, do look que - para a s sopeiras - aquele icon - ainda que imagéticamente - representa.

Isto faz-me lembrar aquelas mastronças quadradas que atracam nos cabeleireiros com uma foto da Catarina Furtado, e depois viram-se para a cabeleireira de serviço e dizem: eu quero este corte, e depois vão + longe - e ameaçam: eu quero ficar assim...

Mas por trás daquela testa ou à frente daquela nuca - como se quiser - não brota nada... Nada, daí não vem nenhum convite à reflexão, ao pensamento, à produção de cultura, se se quiser...

Tenho um amigo que me diz o que havia de fazer com a autora, mas não direi, naturalmente.

Em todo o caso há neste post uma palavra que usamos genéricamente, por vezes até de forma incorrecta ou descontextualizada.

Mas no caso vertente isto é uma ganda m.... E só por isso felicito o autor da fórmula, que aqui assume uma dimensão verdadeiramente sociológica - e releva para a produção de cultura, ainda que pela negativa.

M..., neste caso perfila-se como um adjectivo que nunca visto tão bem ajustado à m... que nos querem impingir.

Voto de bons blogs, apesar da m....
macroscopio