13.4.06

PARLAMENTO EXEMPLAR

O episódio da falta de quórum para votações em plenário, ontem, no Parlamento, tem contornos mais pindéricos. Alguns dos faltosos tinham previamente assinado o livro de presenças e depois, discretamente, piraram-se. Um deles foi essa singular figura "ética" e modelo de cidadania varonil que é Manuel Alegre. Existe na AR uma maioria absoluta de um partido que não pôde funcionar porque parte dos seus deputados se havia sumido. Do lado do PSD, o maior partido da oposição, dois terços dos seus representantes desapareceram. Os dos restantes mini-partidos são irrelevantes. O regime, com estes pequenos gestos, vai silenciosamente cavando a sua própria sepultura. Quando chegar a hora, quem é que verdadeiramente se vai importar?

5 comentários:

Bart Simpson disse...

é importante essa ressalva que faz: os dois maiores partidos pura e simplesmente se marimbaram (e, a ser verdade, que Alegre se comportou assim...)

Anónimo disse...

Um comportamento muito natural - muito português - de quem tem um emprego (mais do que um "trabalho", um "emprego"). Uma vez obtido o dito, há que usar de toda a esperteza, para fazer o mínimo possível. No fundo é simples: é tomar as funções de deputado como se de um obscuro e irrelevante escriturário se tratasse. E agir em conformidade.

Depois há talvez quem, vivendo ainda no e do seu "passado antifascista" (e do mais que a liturgia consagrada recita, em casos que tais), sinta possivelmente que ali está por direito natural - "natural", não "divino" (por razões evidentes) - e, por isso, como sacerdote da democracia, sairá e entrará de forma plenamente discricionária.

Anónimo disse...

A lista é esta:

1. Virgílio Costa, do PSD - 24 faltas justificadas,
2. Manuel Maria Carrilho, do PS - 23 faltas justificadas,
3. Dias Loureiro, do PSD - 23 faltas justificadas,
4. João Soares, do PS - 23 faltas justificadas,
5. Nuno da Câmara Pereira, do PPM - 21 faltas justificadas,
6. Marques Mendes, do PSD - 20 faltas justificadas,
7. Paulo Portas, do CDS - 18 faltas justificadas e 1 injustificada,
8. Gonçalo Nuno Santos, do PSD - 19 faltas justificadas,
9. Jerónimo de Sousa, do PCP - 18 faltas justificadas,
10. Paulo Rangel, do PSD - 18 faltas justificadas,
11. Matilde Sousa Franco, do PS - 17 faltas justificadas,
12. António Vitorino, do PS - 16 faltas justificadas,
13. Luis Campos Ferreira, do PSD - 16 faltas justificadas,
14. Marco António Costa, do PSD - 16 faltas justificadas,
15. Álvaro Castello-Branco, do CDS - 16 faltas justificadas,
16. Ceia da Silva, do PS - 15 faltas justificadas,
17. Jacinto Serrão, do PS - 14 faltas justificadas,
18. Paulo Pereira Coelho, do PSD - 13 faltas justificadas e 1 injustificada,
19. José Cesário, do PSD - 14 faltas justificadas,
20. José Lamego, do PS - 12 justificadas e 2 injustificadas,
21. José Pedro Aguiar Branco, do PSD - 13 faltas justificadas,
22. Jorge Neto, do PSD - 13 faltas justificadas,
23. Pires de Lima, do CDS - 13 faltas justificadas,
24. Pina Moura, do PS - 12 faltas justificadas,
25. João Teixeira Lopes, do BE - 10 faltas justificadas,
26. Fernando Rosas, do BE - 6 faltas justificadas,
27. Ana Drago, do BE - 6 faltas justificadas,
28. Luisa Mesquita, do PCP - 6 faltas justificadas,
29. Francisco Madeira Lopes, do PEV - 2 faltas justificadas,
30. Heloísa Apolónia, do PEV - 1 falta justificada.

Isto é, faltam que se fartam, mas o ordenado é por inteiro ao fim do mês. E têm estes gajos (e gajas) o topete de vituperar a falta de produtividade dos trabalhadores portugueses. Por mim, corria-os à vassourada. Já!!!

Anónimo disse...

Gostaria de recordar aos senhores "ex(s)pertos" que muitos dos que constam da lista foram também candidatos a eleiçoes. Como qualquer comum dos mortais não têm o dom da ubiquidade, logo ou fazem campanham ou estão na assembleia... daí tanta falta que felizmente a democracia considera, e bem, justificada.

Planeta a cores disse...

Quando despreza os pequenos partidos fá-lo erradamente. Seria interessante analisar o fenomeno - por serem pequenos, os eleitos são de facto muitíssimo mais competentes ou por serem pequenos a noção de honra, de estar e de se fazerem notados é maior? Devemos mesmo alterar o modleo de representatividade, reequacionar o número de lugares no parlamento, racionalizar a forma se não podemos ir ao conteúdo? Enfim... agora nunca despreze o infimo.