8.4.06

O SR. COMENDADOR

Homens da cepa do sr. comendador Berardo não são propriamente filantropos. Após anos a "ameaçar" levar a sua colecção privada daqui para fora, Berardo negociou com o actual governo a melhor forma - para ele, naturalmente - de isso não acontecer. Para tal, a ministra Pires de Lima teve de passar por sumários vexames públicos produzidos pelo sr. comendador - recordo, entre outros, o mimo de "saloia" - e sujeitar-se à intervenção directa do primeiro-ministro, presumivelmente através de Alexandre Melo, seu assessor para a cultura, para que o famoso "acordo" fosse assinado há dias. O Estado abjurou perante o sr. comendador e obrigou-se a "entrar" com cerca de 500 mil euros/ano para poder exibir as 863 peças que fazem parte da colecção, sem nenhuma certeza de que daqui a dez anos o sr. comendador não lhe apeteça, com a colecção já devidamente valorizada, desaparecer com ela para onde lhe aprouver. Mega Ferreira, o presidente do CCB, hipotecou, com o habitual gosto e alegria de bem servir que o caracteriza, parte significativa da estrutura do Centro para a instalação do "museu/fundação de arte moderna e contemporânea- colecção Berardo" de que este será presidente, com o óbvio direito a nomear e a despedir o respectivo director. Os argumentos utilizados pelo Estado para justificar este "acordo" seriam risíveis se não fossem trágicos. É evidente que não estão em causa, nem a qualidade da colecção Berardo, nem o seu "interesse" cultural. O que parece ser discutível são os termos do "acordo" para o "parceiro" Estado, ou seja, para os contribuintes que supostamente devem usufruir do acervo. Apesar dos beijinhos e abraços, não tenho a certeza de que o "interesse nacional" se tenha sobreposto aos interesses privados e legítimos do sr. comendador. Pelo contrário, penso até que Berardo conseguiu "meter" o governo no seu já vasto espólio, como um vulgar troféu de caça. O sr. comendador só dá um chouriço a quem lhe der um porco.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vc tem é dor de corno de não ser o Berardo ou a Pires de Lima...

Anónimo disse...

penso que o sr. comendador só dá é farinheira a quem lhe der um porco...
o seu poste é um acto falhado, não será?