19.9.05

SAMPAIO E GUILHERME

Correu por estes dias grave indignação pela escolha de Guilherme Oliveira Martins, ex-ministro de Guterres e vice-presidente da bancada parlamentar do PS, para juíz-presidente do Tribunal de Contas. Já disse o que pensava disto. Martins não passa de um amável cortesão que representa muitíssimo bem o "regime", com a "vantagem" de emergir dos seus interstícios. De uma forma geral, não incomoda (ou só incomoda apenas por vir de onde vem), o que o torna ideal para a função. O gongorismo do Tribunal de Contas adapta-se, como uma luva, ao "perfil" de Guillherme e Guilherme fica bem sentado no cadeirão substancialmente inócuo do seu presidente. Sampaio, no entanto, prestaria um bom serviço à nação se recusasse esta nomeação. Por duas razões. A primeira, porque assim dispensaria G. O. Martins de um parágrafo menos feliz no seu currículo. A segunda, porque emprestava, com esse gesto, alguma credibilidade à meritória função de controlo do Tribunal. Sim, apesar de tudo, "aquilo" sempre é um Tribunal, qualquer coisa que tem a ver com a tão prostituída palavra "independência". Era conveniente, pois, no "estado a que isto chegou", não desprestigiar ainda mais o "regime" com coisas perfeitamente evitáveis. Guilherme não o merece e o país, distraído na sua bovina mansidão, também não.

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