"Changer la vie quase aos 50 anos não é assim tão fácil nem eu quero. Mas sabermos que a vida levada ao presente está-nos a fugir para onde não a queríamos, marcar passo, olhar atrás e constatar com aborrecimento ou forte agravo ou molesta amargura que em 40 anos sempre assim me aconteceu e, mesmo assim, lenta lentamente continuo a avançar no projecto inicial embora com tramados trambolhões e perdas vitais."
Luiz Pacheco, Diário Remendado, 1971-1975, fixação de texto e posfácio de João Pedro George, Dom Quixote, 2005
Como escreve no "posfácio" o J. P. George, "independentemente daquilo que pensarmos do Luiz Pacheco e do seu estilo de vida, este diário é a tentativa aproximada de dizer a verdade acerca de si próprio". E, na leitura de Eduardo Pitta, "num país menos engravatado, o livro seria vendido com cinta amarelo-vivo e frase com letras azul-forte: HIPOCONDRIA, BROCHES & LITERATURA. Com efeito. Um pouco de sorte, e nenhum recenseador o acusará de fazer alarde de calotes. A vida, portanto. Tal como ela foi."
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