Por duas vezes, em poucos dias, M. Soares insistiu em lembrar a nação que Cavaco Silva, em 1991, "mandou" que se votasse na sua recandidatura. Dá esse estafado exemplo e, em contraste, recorda o tão amado jargão do "socialista, laico e republicano". O tempo não anda para trás, por muito que o candidato socialista toque essa tecla. A última coisa que Cavaco desejava, no início do ano de 1991, era a mínima perturbação no seu propósito de renovar, em Outubro, a maioria absoluta para poder continuar a governar. Não existiam "reparos" de maior a fazer a Soares "primeira versão" e o primeiro-ministro, pragmaticamente, disse que o PSD não apoiaria ninguém se o presidente se recandidatasse. Soares, ele sim, fez então o célebre "passeio pela avenida", com uma votação "albanesa". Nada disso se passa agora. Soares, "terceira versão", vem "pelo lado" da actual maioria parlamentar unipartidária e em mera resposta à sua vaidade pessoal e ao desconforto "presidencial" do secretário-geral do PS. Não é, ao contrário do que quer fazer parecer, um "presidente" retirado que se "recandidata" galhardamente a "bem da nação". É só alguém que gostaria de terminar a sua vida política activa como o grande unificador da "esquerda" portuguesa e, mais do que isso, como o seu "dono" exclusivo. A recorrência a "Cavaco 91" é mera demagogia velhaca, sem qualquer semelhança com o passado, utilizada apenas para tentar "atrair" o eleitorado tendencialmente predisposto a apoiar o ex-primeiro-ministro. Acontece que, a verificar-se, a candidatura presidencial de Cavaco Silva não será um "contra-projecto" para se opôr a Soares ou para o "impedir" do que quer que seja. Soares, por seu turno, surgiu e impôs-se como uma majestática "negativa". Em 91, Soares "estava" e não estava mal. Em 2005, "vem" por nada de extraordinária relevância "nacional". E isso não vale um voto.
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