Algum "luto" e a circunstância de ter sido militante do PSD durante mais de 20 anos, têm-me impedido de falar dele abertamente. Por causa de Barroso, primeiro, e de Santana Lopes, depois, os arquivos deste blogue estão cheios de prosa mais ou menos inútil dedicada a esse partido e ao processo de "afundamento" alegremente conduzido por aquela dupla vagamente surrealista. Apesar disso, Barroso foi considerado uma "honra nacional" e Lopes chegou a primeiro-ministro. Marques Mendes, por consequência, não herdou o PSD a que eu pertenci e em que me revia, mas antes um produto híbrido, fragilizado e envergonhado pela sua miserável história recente. Porém, o excessivo voluntarismo e a "escola" aparelhística que produziram Marques Mendes, não ajudaram nada ao exercício. Não obstante o meritório propósito da "credibilização" do partido aos olhos da opinião pública, sobretudo por causa das autárquicas, não me parece que M. Mendes seja levado a sério. Isto é duplamente grave. Em primeiro lugar, porque revela que Mendes não foi capaz de remover completamente os escombros da debandada de Barroso e do infeliz episódio Santana Lopes. Em segundo lugar, porque, perante a nação, Mendes não se mostra à altura das tarefas de um líder de oposição a um governo de maioria absoluta, com "legítimas" expectativas hegemónicas. Quando "passar" este longo ciclo eleitoral, o PSD, mesmo com uma vitória autárquica, deve repensar-se. O chefe da oposição não pode ter como interlocutor o dr. Jorge Coelho. Nem deve esperar - porque a não vai ter - qualquer "ajuda" a partir de outros órgãos de soberania. O PSD encontra-se numa inglória encruzilhada a caminho de lado nenhum. Marques Mendes é, na realidade, um homem esforçado. Mas manifestamente não chega.
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