«O direito a ser divertido é hoje um direito intocável do cidadão. Em Lisboa, por exemplo, o espaço público acabou por se tornar um espaço comum que toda a gente, ou quase toda a gente, pode usar para seu interesse ou conforto. A câmara não hesita em fechar ao trânsito partes da cidade, mesmo da cidade central, a benefício de um concurso de bandas (de género desconhecido ou ambíguo) ou de um acampamento de barraquinhas, que se instalaram no Rossio com um propósito misterioso. Segundo o jornal i, a Câmara de Lisboa até nem hesitou em se dotar de uma empresa, a EGEAC, com 183 funcionários para a conservação de salas (que, suponho, a cultura não deixou vender) e a organização de eventos, presumivelmente do agrado da populaça ou de meia dúzia de tontos que se acham beneméritos da humanidade. Ainda assim, o pior não é isso. O pior é que as freguesias imitaram essa política, que vinha de alto e que elas, coitadas, presumiam "moderna". Sexta, sábado e domingo, há, em Carnide, a partir de Maio, uma festa ou um baile, com uma espécie de música devastadora e penetrante, que não deixa dormir ninguém num raio de, pelo menos, dois quilómetros. Nunca a polícia interveio neste simpático exercício, que, suponho, considera inócuo e perfeitamente legal. Reparei agora que este hábito se estendeu pela província, perante a benevolência de autoridades que sofrem de insónias ou que não querem interferir com a democracia. Num Estado que proíbe tudo e regula tudo, a privacidade não conta. Só somos livres dentro de casa e com isolamento de som. A rua é de quem toma conta dela.»
Vasco Pulido Valente, Público
Vasco Pulido Valente, Público
16 comentários:
VPV tem inteira razão: na altura 'das festas' e 'dos santos' (embora o cidadão se esteja cagando para os Santos), os bairros de Lisboa são invadidos - até altas horas da madrugada - por pimbalhice sonora, ilegal e selvática. Costa, Zé, Roseta (o arquitecto) e os demais sebáceos não respeitam nada nem ninguém; e dão provas de primitivismo austral. E é isto uma 'capital europeia'...
Ass.: Besta Imunda
Há uns tampões de borracha muito bons.
VPV faz-se eco dos protestos que por toda a parte se registam a propósito da poluição sonora.
Um festival promovido ou acolhido anualmente, em Julho, pela Câmara Municipal de Oeiras no passeio marítimo de Algés com música infernal durante 4 ou 5 dias até alta madrugada, motivou enérgicos protestos nos primeiros anos (sem que as autoridades interviessem, pois fora autorizado pela autarquia até àquelas horas).
Parece que a música agora se ouve mais baixo, mas não posso confirmar pois vi-me obrigado a passar a dormir fora de casa durante esses malfadados dias.
Não conheço a sensibilidade dos autarcas nem os interesses eventualmente em jogo.
O Cinema São Jorge que não é usada para nada podia ser reconvertido em hotel com camaratas para alojar o cidadão que se sentisse molestado com estes "eventos".
Este posts fez-me lembrar o que ontem vi quando estava em Entrecampos à espera do comboio.
O buraco da Feira Popular continua lá, o Parque Mayer continua sem existir.
Até quando?
Acho lamentavel a sua afirmação sobre a hipotetica imitação das Freguesias da politica cultural da CML. Estou a crer que só mesmo por desconhecimento do trabalho desenvolvido pela Freguesia de Carnide na área Cultural lhe permite dar Carnide como exemplo. E ainda mais infeliz essa comparação pois as festas a que se refere em Carnide não são nem organizadas pela Junta de Freguesia (O arraial é organizado pelo Carnide Clube) nem é autorizado pela autarquia (as autorizações são da Câmara Municipal). Perante estes factos fica bem a quem faz afirmações pouco rigorosas repor a verdade e pedir desculpa a quem colocou em causa o seu trabalho sério e empenhado.
Paulo Quaresma, Presidente da Junta de Freguesia de Carnide
Falar daquilo que não se conhece é um erro grave, como pode tecer tais comentários ?!?!?! Concordo com o Sr Presidente de Carnide, (que tem feito um trabalho impar e exemplar na sua freguesia) no exigir de um pedido de desculpas ao executivo da Junta de Freguesia e ao Sr Presidente que o representa.
Em relação ao barulho feito por colectividades no ambito de actividades desenvolvidas, é de lamentar as "queixinhas" uma vez que quando são iniciativas barulhentas organizadas por empresas com fins lucrativos tipo "RockinRio" ou "SuperBock super Rock" ou ainda "delta tejo" cujo som se propaga por muito mais que os ditos 2 Km2, não vejo tanta contestação!!! deixem viver as colectividades!!!
Concordo com a opinião da "Fado Alexandrino" «O Cinema São Jorge que não é usada para nada podia ser reconvertido em hotel com camaratas para alojar o cidadão que se sentisse molestado com estes "eventos".
Este posts fez-me lembrar o que ontem vi quando estava em Entrecampos à espera do comboio.
O buraco da Feira Popular continua lá, o Parque Mayer continua sem existir.
Até quando?»
O Uso de tampões também costuma funcionar ...
Li o comentário do senhor Presidente da Junta e pergunto-me:
Se uma orgamização privada pode organizar um festival sem dar cavaco à Junta e a licença ser passada pela CML, a Junta existe para quê?
"Fado Alexandrino" visite o site da Junta de Freguesia de Carnide ou consulte a legislação e vai ter a resposta à sua pergunta. E terei todo o gosto em pessoalmente conhecer o trabalho que a Junta de Freguesia realiza. Emitir licenças de ocupação de espaço público e de ruído é que é uma competência da CML. E não é uma organização privada... é uma colectividade local. Uma Junta de Freguesia existe para muito mais do que emitir simples licenças.... Mau seria se existisse apenas para emitir licenças ou servir de fiscal...
Estou a achar delicioso o "debate" entre o Fado e o Presidente da Junta. O Fado tem toda a razão. O Presidente da Junta é mais um produto das ensimesmices públicas que foram produzidas aos milhões desde o 25 do 4.
Ó que está na legislação é para esta gente um conjunto de dogmas. E sentem-se bem com isso. Chama-se burocracia. Eu chamo-lhe ensimesmice. A junta de Carnide não é mais nem menos que as outras - gasta dinheiro público em actividades de utilidade duvidosa.
E é verdade, o espaço público está transformado num imenso "plateau" para este pessoal que não vai crescer se não levar uns abanões ou - mais fácil - se não lhes cortarem as mesadas...
PC
O "buraco da feira popular" continua lá e cumpre - pelo menos para mim - uma função social e até terapêutica: a sua contemplação acalma-me; que paz...
Ass.: Besta Imunda
Acho bem que VPV se insurja contra esses alaridos festeiros,agora,no que já não lhe dou razão é quando diz que nunca a Polícia interveio.Issso,não obstante a sua profusa cultura,revela total desconhecimento da função policial,aliás,erro cometido por muito boa gente,outra nem tanto.A Polícia só hage a mando dos regulamentos.E veja a sorte do Macário Correia quando tentou dar aos lisboetas o descanso merecido da noite.Essa de andarmos toda a noite na refrega e no dia seguinte não rendermos no trabalho ou simplesmente não irmos trabalhar,também faz parte dos contributos para o nosso estado mísero e porreirinho de que tanto gosta uma boa parte de quem nos tem governado.
"Anonimo PC", eu também acho que os debates quando construitivos são "deliciosos"... Contudo, quero acreditar que só mesmo por ignorância é que escreveu o seu comentário e aproveito para lhe informar de apenas 2 dados que são oficiais (e não uma produção de um Presidente de Junta): as 4.259 Freguesias deste país pesam no orçamento de estado 0,11% (sim, o número não tem aqui nenhum erro)! Bolas com este valor isto é que é gastar dinheiro público... Por outro lado 90% dos tão maus Presidentes de Junta exercem o seu mandato em regime de voluntariado! Volto a dizer antes de fazermos alguma afirmação devemos estar minimamente por dentro daquilo que falamos... Infelzimente no Futebol temos muitos treinadores de bancada... Por aqui temos muitos comentadores de esquina...
E já agora, "Anónimo PC", sabe onde fica Carnide? Conhece a actividade da Junta de Freguesia? Quer dar um exemplo de uma das "suas actividades de utilidade duvidosa"? Era importante para o esclarecimento já que fez tais afirmações...
Quando os Municipios/Juntas cobrarem os a grande maioria dos seus impostos e foram livres de taxar como a população local quiser, aí haverá Liberdade.
Enquanto isso não acontecer os Presidentes de Junta não passam de Alberto João Jardins.
lucklucky
Para terminar uma vez que o espaço não é meu.
Tenho uma casa que comprei em leilão com quatro quartos duas salas duas casas de banho cozinha e arrecadação.
De repente ouço barulho num dos quartos e está lá um senhor que conheço vagamente por ser meu vizinho, aboletado com a família e mostra-me um papel passado pelo construtor que o autoriza a durante uma semana a fazer aquilo mesmo porque na realidade é uma performance teatral e já sabemos que tudo o que é artístico tem valor.
Eu acho mal, há quem ache bem que as coisas sejam assim.
Obrigado João Gonçalves.
Calma, Presidente! Conheço bem Carnide, até porque vivo numa freguesia limítrofe... E as actividades da Junta são do género das da freguesia em que vivo: muito recurso (não necessariamente financeiro) gasto em convívio, arte e lazer. E o que é preciso é que as pessoas cresçam, giram as suas vidas, pensem e tomem decisões. Os portugueses estão em estado infantilóide, por culpa do Estado, das Câmaras, das Regiões e também da Juntas. That's all.
A conversa de que é (relativamente) barato não pega.O que pago de impostos é muito mais cagagésimo percentual que isso e não me dispensam de pagar. Acho giro também que dilua a sua freguesia nas outras 4258. Dá jeito.
Presidente, já deve ter lido:
http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2011/08/tudo-o-que-e-mau.html
Uma vergonha, não?
Quanto ao "comentário de esquina", é livre e publicável se o dono do blog achar bem. Temos portanto um Presidente democrata! Carnide, é disto que precisam. Mesmo!
PC
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