«E eu não me zango, meu caro, já me convenci de que [a] humanidade é irremediavelmente vil, com algumas horas bonitas de vez em quando, e não podemos exigir-lhe mais do que pode dar. A minha concepção dessa humanidade é mais ou menos esta: amemos quem aceitou partilhar a nossa solidão; usemos dos corpos que valha a pena aproveitar, sem os comprometermos com o nosso «espírito»; façamos aquilo que sentimos não poder deixar de fazer; e é tudo.»
Carta de Jorge de Sena a Vergílio Ferreira, de 20.10.64
6 comentários:
Enquanto o pessoal vai esvaziando o pote, lá vem este outra vez com o Sena!
É pá, deixa-te de cenas e denuncia a actual gatunagem!
É a "pensar" em anónimos com Vc. que este pedaço epistolográfico foi aqui posto. E não só, esteja descansado. Digamos que "humanidade" pode sempre servir como plural majestático.
Sábias palavras JG!
É certo, infelizmente
Tão certo quanto triste.
Quando me vêm dizer que é preciso endireitar o mundo, que estamos num caos, afirmo que o que é preciso é mudar o homem. Respondem-me então que o homem não muda. Então, se o homem não muda, não esperem que o mundo mude.
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