«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
30.11.09
TENHAM PACIÊNCIA
DAQUI ATÉ À ETERNIDADE
CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA OU COMO JÁ NÃO HÁ HERÓIS
Do Médio Oriente e Afins
POR QUE É QUE ELES SÃO INCOMPORTÁVEIS
Henrique Neto, Jornal de Leiria via Blasfémias
INCOMPORTÁVEIS
29.11.09
UMA LEITURA DE DOMINGO*
Vasco Pulido Valente, Público
*Esta é apenas uma. Porém, um blogger faz sempre as suas, aos domingos, e encima-as com "um livro". Escolheu, desta vez, a História de Portugal coordenada por Rui Ramos. Não para a ler. Mas para a pesar. É o que há de "massa crítica" espalhada por aí.
BOM PROVEITO
NAS COSTAS DE UM FELINO
28.11.09
UMA CLAQUE ESVOAÇANTE
DOS PEIXES
COMENTADORES DO BACALHAU
UM PORTUGAL DE PEQUENINOS
Vasco Pulido Valente, Público
«A quantidade de opinião no cabo não tem paralelo com qualquer período anterior da TV ou da imprensa. Há programas de comentadores generalistas, sobre economia, política, desporto, sobre tudo e nada, comentadores de notícias, de notícias sobre notícias, de decisões judiciais, de notícias sobre decisões judiciais, comentadores de comentadores, uf! As talking heads transbordaram para os generalistas: os directores da SIC, por exemplo, já comentam nos seus próprios noticiários, juntando-se aos comentadores históricos e aos recorrentes. Haver tanta opinião é excelente, se for plural, mas o excesso poderá cansar os espectadores. Noto, também, que alguns programas com jornalistas tendem, infelizmente, ou a seguir a "onda" de opinião vigente ou a voz da central de S. Bento. Tentando fugir à opinião óbvia, Mário Crespo reúne agora semanalmente três especialistas, três vozes desafinadas com o "sistema" dos bem-comportados: Medina Carreira, João Duque e Nuno Crato (Plano Inclinado, SICN, 2ª). O "sistema" no poder logo disse mal do programa: muito repetitivo - como se diversos outros programas não fossem repetições de repetições de repetições das opiniões próprias, dos colegas, camaradas, patrões, banqueiros e do poder. A repetição é inevitável a quem se expõe com regularidade no espaço público. Mas as repetições de quem está fora do sistema da "opinião habitual" não são piores do que as outras, pelo contrário, são mais raras e mais originais. O Plano Inclinado tem essa originalidade. Nesta altura, há no cabo programas de debate que ajudam a compreender melhor a realidade nacional e internacional, como Quadratura do Círculo, Plano Inclinado, Sociedade das Nações, na SICN, e, na TVI24, A Torto e a Direito e Roda Livre. Neste, Vasco Pulido Valente foi infelizmente substituído por um comentador, Pedro Adão Silva, completamente preso a posições partidárias. (...)
«Desde que o PS voltou a ficar em primeiro nas legislativas, o director de Informação da RTP, José Alberto Carvalho, anda mais atrevidote. Participou inopinadamente num Prós e Contras destinado a tramar o director do Expresso e o então director do PÚBLICO. Deu entrevistas falando com um autoritarismo antes escondido, semelhante ao do Governo. Numa conferência pública, co-organizada pela RTP, desceu ao mais baixo nível do insulto e de negação do debate na esfera pública democrática, chamando ao autor de uma crítica "doente" mental. Na semana passada, Carvalho inventou umas regras para os jornalistas da RTP1 seguirem em actividades da sua esfera privada, em blogues e em redes sociais, como o FaceBook ou o Twitter. As "recomendações" de Carvalho ofendem os mais básicos princípios da liberdade de expressão e das liberdades individuais em geral. Diz que os jornalistas da RTP "nunca" devem escrever on-line o que não pudessem dizer numa notícia. Quer dizer, fora das horas de serviço e em actividades individuais não poderiam opinar sobre o mundo, a vida, as pessoas. Diz também que os jornalistas devem escorraçar amigos no Facebook se isso desequilibrar o que ele, Carvalho, julga ser a "imparcialidade" nas relações humanas: um jornalista da RTP não poderia, por exemplo, apresentar no Facebook "demasiados" amigos do BE, do CDS ou doutra organização das "áreas" que Carvalho condena. As nove metediças "recomendações", divulgadas no 24 Horas (26.11), parecem-me um festival de controleirismo militante à la ex-directora regional de Educação do Norte, bem típico da era socretista. Seriam apenas ridículas se não constituíssem um enxovalho, mais um, para os jornalistas da RTP, com as sugestões de autocensura e de vigilância politicamente - socretistamente - correcta.Os jornalistas da RTP1 ouvidos pelo 24 Horas tentaram esquivar-se, ou disseram o óbvio - que o comportamento das pessoas em rede deve reger-se pelo bom senso, o que tornaria as "recomendações" inúteis -, ou concordaram, revelando tristemente já funcionarem dentro do esquema que o actual Governo sempre desejou: que se portem bem. Se não, levam. Perdem regalias ou o emprego.»
Eduardo Cintra Torres, idem
É ASSIM QUE QUEREMOS VIVER?
27.11.09
MELO ANTUNES
A CÂMARA
HUMPTY CORPORATIVO DUMPTY
A DIFERENÇA
NOTÍCIAS DO DUBAI
26.11.09
CATORZE VEZES DOZE
UMA HOMENAGEM
ALGUÉM QUE LHE EXPLIQUE
PORTUGAL, UMA BIOGRAFIA POLÍTICA - 2
COISA DIMINUÍDA
25.11.09
TIPICAMENTE
O INFINDÁVEL BAÚ
APRENDAM
BEM FEITO
PERCEBEM?
25 DE NOVEMBRO
24.11.09
O CURSO INCESSANTE DO PIOR
SE HÁ QUEM DIGA ISTO MELHOR DO QUE EU
OPOSIÇÃO DE LUPANAR
A DIREITA NÃO É O CRUZAMENTO DE UM ELEFANTE COM UM CAVALO*
SE HÁ QUEM DIGA ISTO MELHOR DO QUE EU*
UMA ESSÊNCIA
23.11.09
O SINAL
PRONTO, PRONTO
FRANGOS DEPENADOS
SE HÁ QUEM DIGA ISTO MELHOR DO QUE EU*
Filipe Nunes Vicente, Mar Salgado
*Um "ciclo" inspirado numa famosa ideia de Richard Rorty num livro que fez este ano trinta anos, Philosophy and the Mirror of Nature e na minha preguiça epistemológica em acompanhar "isto"
22.11.09
EMBUSTE
RASURA
ASSIS, UM PROCURADOR ESPECIAL DA REPÚBLICA
21.11.09
BEM HAJAM
PEQUENA CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA - JORGE FERREIRA
AS ANTENAS DO REGIME
«Governo e organismos dependentes injectam dinheiro através da publicidade nos media que fazem favores e proporcionam formas de financiamento às empresas que alinham nos seus interesses, como se viu pelo dinheiro disponibilizado à OnGoing, para comprar parte da MediaCapital, pelo fundo de pensões da PT e por um banco mutualista, o Montepio, que não deveria, por norma, meter-se em negócios arriscados. O caso dos órgãos de informação da Controlinveste, como o DN, tornou-se compreensível aos menos atentos quando se conheceram conversas sobre ajudas ao "amigo Joaquim", isto é, Joaquim Oliveira. O caso da "notícia" do suposto e-mail, "notícia" que pode ter sido suficiente para garantir a vitória eleitoral ao PS, é o caso mais paradigmático da relação pornográfica entre alguns media e o centro nevrálgico do poder político. O grupo Controlinveste tem conhecidas dificuldades financeiras e quem, segundo a imprensa, renegociou a sua dívida no BCP foi Armando Vara, uma das pessoas mais próximas de Sócrates. Quanto à rádio do grupo, a TSF, escrevia sobre ela há dias, no blogue Corta-Fitas, António Figueira: "Uma estação de rádio que tem programas a meias/inspirados/pagos pelo IEFP, Igespar, Instituto do Desporto de Portugal (e se calhar outros; cito estes de memória) ganharia em chamar-se Antena 4; clarificava as coisas."»
Eduardo Cintra Torres, Público
«É preferível que as informações sejam passadas nos jornais, obrigados a códigos - cada vez menos rígidos, é certo - de deontologia, a serem divulgadas por um qualquer Miguel Abrantes deste Portugal.»
Tiago Moreira Ramalho, Expresso online
O VERDADEIRO NOME DA EUROPA
Adenda: A título circense e porventura já a pensar no natal, o governo vai aproveitar as tendas montadas em Belém para a cimeira ibero-americana para "comemorar", na Torre de Belém, o Tratado de Lisboa. Portugal bimbo e periférico no seu melhor. Um país de eventos.
AGUENTEM-SE
COSTA E A "ESPIONAGEM"
FACES E DESOCULTAÇÕES
QUESTÕES DE PREVENÇÃO
20.11.09
A BORDO DO TITANIC
O MANO PERGUNTADOR
UMA TRISTEZA
A "COMISSÃO"
CRÓNICA IMAGINÁRIA SOBRE UM PAÍS VIRTUAL, UM REGIME VIRTUAL E UMA AUTORIDADE VIRTUAL
«Não há arquivo no mundo que não estabeleça um prazo de espera para consulta dos papéis de Estado de, pelo menos, 20 anos. Não porque se possam descobrir indícios de ilegalidade ou ilicitude nos ditos papéis, mas porque a sua publicação influenciaria com certeza a política contemporânea. Se isto é verdade para o passado, é por maioria de razão verdade para o presente. Por muito que doa à espécie de virtude hoje triunfante, o acto de governar exige uma certa secrecidade. Nenhum primeiro-ministro sobreviveria à divulgação do que pesou (ou não pesou) nas decisões que toma e, sobretudo, ao conhecimento geral das manobras pouco saborosas, a que a necessidade o obriga, e da gente pouco recomendável que tem de ouvir ou mesmo, às vezes, com que se entender. Isto sempre foi evidente para quem estava de dentro e para quem estava de fora.O eng. Sócrates foi apanhado por uma escuta a falar com Armando Vara. Claro que fortuitamente, ou seja, a escuta não se destinava a recolher informações sobre ele, mas sobre Vara. De qualquer maneira, dezenas de pessoas ficaram a saber sobre ele o que em nenhuma circunstância deviam saber e como de costume chegaram aos jornais rumores - não autentificados - que o prejudicam. Uma lei sensata mandaria selar imediatamente a gravação e, se por acaso existissem indícios de alguma actividade criminosa do primeiro-ministro, determinaria que ele respondesse pelo que fizera (ou deixara fazer) no fim do seu mandato. A lei vigente junta o pior de dois mundos. Cria suspeitas que não resolve e, de caminho, diminuiu a principal autoridade de que os portugueses dependem. A oposição acusa Sócrates de não dar explicações ao país sobre o que alegadamente disse na escuta a Armando Vara. Não percebe, ou percebe demasiado bem, que a mais leve explicação abriria um precedente perigoso. Dali em diante, o primeiro boato com uma aparência de plausibilidade forçaria o primeiro-ministro a justificar, como culpado presuntivo, cada movimento e cada palavra, que directa ou indirectamente transpirasse para a televisão ou para a imprensa. O Governo acabaria por se transformar, como de resto já se transformou, numa feira contínua e num escândalo gratuito. É inteiramente legítimo tentar remover Sócrates de cena. Não é legítimo, nem recomendável arriscar nessa querela a própria integridade do regime.»
Vasco Pulido Valente, Público
19.11.09
PORTUGAL, UMA BIOGRAFIA POLÍTICA - 1
UMA "LEMBRANÇA"
ESCUTAS EXPLICADAS ÀS CRIANCINHAS
«1. O país vem sendo sacudido por um terramoto jurídico-político, com epicentro nos problemas normativos e semânticos suscitados pelo regime das escutas telefónicas. Uma discussão em que se fez ouvir um coro incontável de vozes, vindas de todos os azimutes. E todas a oferecer vias hermenêuticas de superação dos problemas. E a reivindicar para si o fio de Ariana capaz de nos fazer sair do labirinto. Foi como se, de repente, Portugal se tivesse convertido numa imensa Escola de Direito. Mas o lastro que as ondas vão deixando na praia está longe de ser gratificante. Mais do que uma experiência de academia, fica-nos a sensação de um regresso a Babel: se é certo que quase todos falam do mesmo, quase ninguém diz a mesma coisa. Não sendo possível referenciar uma gramática comum, capaz de emprestar racionalidade ao debate e sugerir pontes de convergência intersubjectiva. Se bem vemos as coisas, uma das causas deste "desastre hermenêutico", com réplicas tão profundas como perturbadoras no plano político, ter-se-á ficado a dever ao facto de se terem perdido de vista as coisas mais simples. Que, por serem as mais lineares e aproblemáticas, poderiam valer como apoios seguros, a partir dos quais se lograria a progressão nas áreas mais minadas pelas dificuldades e desencontros. É um exercício neste sentido, feito sobre a margem das coisas simples, que valerá a pena ensaiar.
2. Manda a verdade que se comece por sinalizar um primeiro dado: o problema ficou em grande medida a dever-se a uma pequena intervenção no Código de Processo Penal, operada em 2007. Que introduziu no diploma um preceito, filho espúrio do caso "Casa Pia". E, por sobre tudo, um preceito atrabiliário, obscuro, desnecessário e absurdo. Logo porquanto, a considerar-se merecida e adequada uma certa margem de prerrogativa processual para titulares de órgãos de soberania, então nada justificaria que ela se circunscrevesse às escutas. E se silenciassem outros meios, nomeadamente outros meios ocultos de investigação, reconhecidamente mais invasivos e com maior potencial de devassa (vg. gravações de conversas cara a cara, acções encobertas, etc.). A desnecessidade resulta do facto de, já antes de 2007, a lei portuguesa conter um equilibrado regime de privilégio para aquelas altas instâncias políticas. Já então se prescrevia que as funções de juiz de instrução fossem, em relação a elas, exercidas por um conselheiro do STJ. Assim, a Reforma de 2007 deixou atrás de si um exemplar quadro de complexidade. Nos processos instaurados contra aquelas altas figuras de Estado, há agora um normal juiz de instrução: um conselheiro que cumpre todas as funções de juiz de instrução, menos uma, precisamente a autorização e o controlo das escutas. Ao lado dele intervém um segundo e complementar juiz de instrução, o presidente do STJ, entrincheirado num círculo circunscrito de competência: só se ocupa das escutas. Isto não obstante os problemas das escutas serem, paradigmaticamente, actos de instrução; e, pior do que isso, não obstante aquele primeiro juiz de instrução ter competência para todos os demais actos de instrução, inclusivamente daqueles que contendem com os mais devastadores meios de devassa que podem atingir os mais eminentes representantes da soberania. Manifestamente, o legislador (de 2007) não quis ajudar. Mesmo assim, nem tudo são sombras no quadro normativo ao nosso dispor. Importa, para tanto, tentar alcançar uma visão sistémica das coisas. E agarrar os tópicos mais consolidados e inquestionáveis, convertendo-os em premissas incontornáveis do discurso. E, por vias disso, fazer deles pontos de partida, lugares obrigatórios de passagem e de regresso, sempre que pareça que as sombras se adensam e as luzes se apagam.
3. A começar, uma escuta, autorizada por um juiz de instrução no respeito dos pressupostos materiais e procedimentais prescritos na lei, é, em definitivo e para todos os efeitos, uma escuta válida. Não há no céu - no céu talvez haja! - nem na terra, qualquer possibilidade jurídica de a converter em escuta inválida ou nula. Pode, naturalmente, ser mandada destruir, já que sobra sempre o poder dos factos ou o facto de os poderes poderem avançar à margem da lei ou contra a lei. Mas ela persistirá, irreversível e "irritantemente", válida! Sendo válida, o que pode e deve questionar-se é - coisa radicalmente distinta - o respectivo âmbito de valoração ou utilização. Aqui assoma uma outra e irredutível evidência: para além do processo de origem, ela pode ser utilizada em todos os demais processos, instaurados ou a instaurar e relativos aos factos que ela permitiu pôr a descoberto, embora não directamente procurados ("conhecimentos fortuitos"). Isto se - e só se - estes conhecimentos fortuitos se reportarem a crimes em relação aos quais também se poderiam empreender escutas. Sejam, noutros termos, "crimes do catálogo". De qualquer forma, e com isto se assinala uma outra evidência, a utilização/valoração das escutas no contexto e a título de conhecimentos fortuitos não depende da prévia autorização do juiz de instrução: nem do comum juiz de instrução que a lei oferece ao cidadão comum, nem do qualificado juiz de instrução que a mesma lei dispensa - em condições de total igualdade, descontada esta diferença no plano orgânico-institucional - aos titulares de órgãos de soberania. De forma sincopada: em matéria de conhecimentos fortuitos, cidadão comum e órgãos de soberania estão, rigorosamente, na mesma situação. Nem um, nem outro gozam do potencial de garantia própria da intervenção prévia de um juiz de instrução, a autorizar as escutas.
4. Uma outra e complementar evidência soa assim: as escutas podem configurar, no contexto do processo para o qual foram autorizadas e levadas a cabo, um decisivo e insuprível meio de prova. E só por isso é que elas foram tempestivamente autorizadas e realizadas. Mas elas podem também configurar um poderoso e definitivo meio de defesa. Por isso é que, sem prejuízo de algumas situações aqui negligenciáveis, a lei impõe a sua conservação até ao trânsito em julgado. Nesta precisa medida e neste preciso campo, o domínio sobre as escutas pertence, por inteiro e em exclusivo, ao juiz de instrução do localizado processo de origem. Que, naturalmente, continua a correr os seus termos algures numa qualquer Pasárgada, mais ou menos distante de Lisboa. Um domínio que não é minimamente posto em causa pelas vicissitudes que, em Lisboa, venham a ocorrer ao nível de processos, instaurados ou não, aos titulares da soberania. Não se imagina - horribile dictum - ver as autoridades superiores da organização judiciária a decretar a destruição de meios de prova que podem ser essenciais para a descoberta da verdade. Pior ainda se a destruição tiver também o efeito perverso de privar a defesa de decisivos meios de defesa. Por ser assim, uma vez recebidas as certidões ou cópias, falece àquelas superiores autoridades judiciárias, e nomeadamente ao presidente do STJ, legitimidade e competência para questionar a validade de escutas que, a seu tempo, foram validamente concebidas, geradas e dadas à luz. Não podem decretar retrospectivamente a sua nulidade. O que lhes cabe é tão-só sindicar se elas sustentam ou reforçam a consistência da suspeita de um eventual crime do catálogo imputável a um titular de órgão de soberania. E, nesse sentido e para esse efeito, questionar o seu âmbito de valoração ou utilização legítimas. E agir em conformidade. O que não podem é decretar a nulidade das escutas: porque nem as escutas são nulas, nem eles são taumaturgos. O que, no limite e em definitivo, não podem é tomar decisões (sobre as escutas) que projectem os seus efeitos sobre o processo originário, sediado, por hipótese, em Pasárgada, e sobre o qual não detêm competência.
5. É o que, de forma muito concentrada, nos propomos, por ora, sublinhar. Quisemos fazê-lo com distanciação e objectividade, sine ira et studio. Mantendo a linha, o tom e a atitude de anos de investigação e ensino votados à matéria. E sem outro interesse que não o de um contributo, seguramente modesto, para a reafirmação e o triunfo da lei. Pela qual devemos bater-nos "como pelas muralhas da cidade" (Heraclito). E certos de que, também por esta via, se pode contribuir para o triunfo das instituições. E, reflexamente, para salvaguardar e reforçar o prestígio e a confiança nos titulares dos órgãos de soberania cujos caminhos possam, em qualquer lugar, cruzar-se com os da marcha da Justiça.»
O REGRESSO DA AVALIAÇÃO
18.11.09
MOPS
UM RELVADO MUITO PRÓXIMO
AINDA NÃO
DIZER O MENOS POSSÍVEL
FAZER O SEU TRABALHO
17.11.09
ÉTICA A ÓSCAR
REALIDADE E EVANESCÊNCIA
GLÓRIA AO NORONHISMO-MONTEIRISMO!
Constança Cunha e Sá, CM
PRÓS, CONTRAS E INDIFERENÇA
DIZER OU NÃO DIZER
16.11.09
MISS HUMPTY DUMPTY
NÃO APRENDERAM NADA
"OUSADIA E AMBIÇÃO"
OS NOSSOS
15.11.09
COMPAIXÃO
LÁSTIMA E ENTRELINHAS
AUTOCOMPLACÊNCIAS
DA MANUELA
«Meu Caro João,
Ultimamente tenho estado arredada do meu "métier", daí que agora não obtenha tão facilmente como antes a informação sobre a agenda e o paradeiro dos senhores que o Povo elegeu para olhar pelo País. É claro, que, se calhar, sou eu que estou distraída, mas, de facto, estou preocupada sem saber nada do Presidente da Republica!! Primeiro, pensei que estava no estrangeiro, mas nada vi nas televisões sobre aquelas importantes viagens que nos fazem ter orgulho de ser português. Depois, ainda pensei que pudesse ter apanhado a gripe A. Mas não, não podia ser, isso seria motivo para Telejornais inteiros, biografias intensas de Cavaco e do próprio vírus, comunicados da Ministra, de médicos, paramédicos e paramilitares, planos de emergência laranjas e quiçá vermelhos... Portanto, mesmo eu, arredada que estou destas coisas, teria dado por isso. Ora, sendo assim, não encontrando eu explicação para este mistério, será que me podem dizer: onde está o Presidente da República? Será que ele também está arredado do seu "métier"? É que passam-se por aí umas coisas de que, mesmo eu, agora apenas espectadora comum, não consigo deixar de me aperceber. Eu sei que o Sr. Presidente diz sempre que não pode e não deve "meter-se ", nem fazer comentários sobre questões da Justiça. Pois muito bem, o princípio da separação dos Poderes é uma das regras fundamentais de uma sociedade democrática, mas essa é precisamente uma das questões que, mais do que a gripe A, precisa urgentemente de um plano de emergência e já não vai lá com vacinas porque, essas, só funcionam preventivamente. E depois, Sr. Presidente, por onde quer que ande, já não são apenas assuntos entregues à Justiça, são questões do País, questões de Regime. É um órgão de soberania que está em causa e é também a Justiça como pilar base de uma Democracia que dá sinais de muito pouca credibilidade. E se a Justiça está esforçada apenas em debater questões de forma, não estará o Senhor, como Presidente deste País, obrigado a debruçar-se sobre a substância? Que interessa afinal, para si, se são ou não nulas umas tais de escutas, se o mais alto órgão judicial declara que nessas escutas foram feitas declarações contra o Estado de Direito, que não é mais do que uma forma enviezada de declarar que nessas escutas foram expressos crimes. E sabe, Senhor Presidente, eu estou arredada do "métier" mas preferia não estar, e estas coisas de manipular, proibir, suspender, controlar ou o que lhe queiram chamar mas que têm a ver com a Comunicação Social, são graves, mesmo graves! É por tudo isto que eu não percebo por que é que não sei onde anda o Senhor Presidente. É que, quando foi daquelas escutas que metiam um café, um assessor, umas historietas de jornais para aqui e para acolá, muita intriga politica, enfim... umas escutas de opereta, eu sabia onde o Senhor estava, até o vi na televisão a falar sobre o assunto, embora achasse na minha modesta opinião que não devia ter deixado, mesmo antes das Eleições, que aquela historieta atingisse aquelas proporções porque acabou por ter efeitos perversos. E agora, que há escutas mesmo, ordenadas por um Juiz, que o seu conteúdo parece ir contra o que de mais "sagrado" há num Estado de Direito, não sei onde está o Presidente do meu País!!!! Por favor, digam-me, onde está Cavaco Silva?»