Num momento feliz, Adriano Moreira comparou o Doutor Salazar a um Ordinário do Lugar. O Ordinário do Lugar é, na vida da Igreja Católica, o Bispo diocesano ou quem, mesmo que interinamente, foi designado para governar uma diocese ou comunidade equivalente e também os que nela têm poder executivo ordinário, como os Vigários-gerais ou episcopais. Desde praticamente 1968 - salvo a intermitência de 1985 a 1995 - Portugal nunca mais conheceu politicamente um Ordinário do Lugar, em suma, um governante. Temos tido de tudo. Zombeteiros incontinentes, evangelistas melancólicos, prestigiados oportunistas, esforçadas promessas mas nunca um Ordinário do lugar. Em compensação, quase todos os que ocuparam o cargo promoveram demasiados ordinários em sentido literal, ordinários esses que, de uma forma geral, constituem o regime. Por isso, e ao contrário do que supõe Sousa Tavares no Expresso, não vem mal ao mundo - ao país - se este regime cair. É provavelmente a única maneira de nos livrarmos dos ordinários e de arranjarmos um, o do Lugar
1 comentário:
Desconhecia o termo "Ordinário do lugar". Adriano Moreira continua a nos surpreender e o próprio poderia ter sido, noutros tempos, um deles. Acho grave, de facto, que o regime caia como diz MST, mas a manter-se esta suspeição em relação ao poder judicial e ao governativo só vejo uma solução para que o regime não caia: uma varridela nesta cambada de indivíduos pouco escrupulosos e oportunistas que nos governam.
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