26.5.08

PORTUGUESE LIBERALS

Os nossos liberais escandalizam-se cada vez que se fala no preço dos combustíveis. Os nossos liberais gostavam de viver nos EUA ou em Marte e ignoram o país em que desgraçadamente vivem. Os nossos liberais acham que temos um "mercado" sério onde não se deve tocar. Mesmo que a realidade desminta a coisa todos os dias, eles não admitem nada que ponha em causa uma "concorrência" que só existe na cabeça deles. A "formação dos preços", portanto, deve ser obra dessa extraordinária "concorrência" e desse magnífico "mercado". Passos Coelho, o mais recente paladino desta aldrabice intelectual, até confunde o papel do sistema fiscal em nome da "preservação" do tal "mercado". Os nossos liberais são parecidos com os nossos literatos. Muita parra e pouca uva. Desconhecem, porventura, a "natureza" da GALP ou da EDP, por exemplo? Acham mesmo que são dois genuínos produtos da "concorrência", do "mercado" e da "livre iniciativa"? O país anda necessitado de uma "revolta do grelo". Infelizmente até dos mercados terra-a-terra onde isso acontecia, em 1903, deram cabo. Talvez quando a sardinha deixar de aparecer fresca se perceba que o problema não são só nem principalmente os automóveis. Deixem-nos à porta como eu faço. E também não é a fazer figuras tristes em Badajoz que o nosso "liberal" Portas lá vai. Aliás, pelo andar da carruagem, em breve ninguém irá a lado algum. Nem os "liberais" e o seu "mercado" de opereta.

13 comentários:

Anónimo disse...

o pessoal quer o escalpe
dos gajos da galp

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves,

Suponho que sabe que o custo de um litro de refinado (gasolina ou gasóleo) antes de impostos custa EXACTAMENTE o mesmo em Portugal e Espanha? Que a Petrogal tem vindo a reduzir margem de lucro na venda dos refinados (o que tem aumentado é o lucro de extração e venda do crude)?

Agradecia que indicasse como pretende que os preços baixem... pagando o estado a diferença de preço (como fez há uns anos)? "Obrigando" a petrogal a vender mais barato refinado, correndo o risco de ver toda a produção a escoar-se para o estrangeiro e ver a própria empresa excluída do mercado por "dumping"?

joshua disse...

Já perdi a minha paciência com Passos Coelho e a sua pose neo-socrática. Já perdi a minha paciência com a fogosidade tribúnica de Santana. Já percebi a lógica parcialística de Ferreira Leite e ver o problema, alinhadíssima com a Empresa SA chamada Governo PS e perdi também as minhas ilusões e a minha paciência com ela.

O que sei é que eu e mais uns bons milhares temos as condições de penúria, de à rasca, temos a rebelião compressa, temos a clara noção do que é esta coisa putrefacta chamada sistema político português, para um dia encher estas plácidas ruas e avenidas de uma reacção à séria. Puta que os pariu a todos sem excepção. Se agora andam com as nossas dores na boca, com a nossa exclusão e desemprego, vão é ver como se governam bem os tios e padrinhos nas sinecuras da Galp, com que vencimentos despudorados não andam a cagar na cara.

Por aí se afere o problema de credibilidade que nos interessa. Não há credibilidade sem os fundamentos de uma sociedade justa e integrada. Por isso, puta que os pariu a todos e viva, por descargo e protesto, o PCP!

O que faz mesmo faltinha aqui é o refresco de uma Monarquia que refunde de alto a baixo a organização do Estado. A República não é apenas Das Bananas pela refinada cleptocracia corporativista, é também Dos Bananas, esta gente incapaz de um protesto à séria que se compreenda na sua justíssima eloquência. Como todos dependem do que o Estado lhes fica a dever, todos têm medo, todos estão reféns, todos se acobardam, todos se calam, todos seguem a sua agendinha de interesses, todos encolhem os ombros.

PALAVROSSAVRVS REX

o castendo disse...

Boa tarde,
Uma explicação marxista-leninista da formação dos preços dos combustíveis:http://ocastendo.blogs.sapo.pt/279907.html
Alguém discorda?...

Anónimo disse...

"Agradecia que indicasse como pretende que os preços baixem... pagando o estado a diferença de preço (como fez há uns anos)? "

Pagando o Estado a diferença? Ou o Estado deixar de receber tanto como recebe?

Desde quando é que o Estado paga alguma coisa em cada litro de gasolina?

"É o mundo ao contrário", como dizem os Xutos.

Luís Bonifácio disse...

Os nossos "Liberais" são.....

Funcionários públicos

Nuno Castelo-Branco disse...

Já agora, João, será que estes "liberais" ainda não perceberam que durante o Liberalismo que acabou em 1910, o Estado era o verdadeiro motor da economia? A construção dos caminhos de ferro é um bom exemplo, entre muitos outros.

E já agora, o PALAVROSSAVROS REX falou e disse! E já estamos em 1908, só temos um ano e meio pela frente.

Anónimo disse...

O Estado efectivamente PAGAVA a diferença. Não houve redução do ISP...

Recebia por um lado e devolvia parte por outro.

Se se considerar que o ISP era justo (nem vou entrar por aí), o Estado estava, de facto, a subsidiar o consumo de combustível.

Já agora, e para os distraídos, liberalismo económico em Portugal nunca houve. Aliás, liberalismo económico "puro" acho que nunca existiu em lado nenhum.

Anónimo disse...

Em Portugal a Galp tem o monopólio dos combustíveis refinados, mas já aparecem por aí protestos contra as más influências da futura refinaria a construír em Badajós, importante equipamento para a concorrência funcionar. Nunca vi as mesmas preocupações com Sines ou Matozinhos, essas sim, a mandar os seus gases para o nosso território por influência dos ventos dominantes que, no caso espanhol, os afastam para o outro lado.
Na formação do preço dos combustíveis, o crude representa, ainda, uma pequena parte. O Estado tem a parte de leão que tem vindo a crescer pelo facto do imposto ser cobrado em percentagem. Se cedesse uma pequena parte e compensasse esse pequeno "sacrifício" reduzindo a despesa, dando alguma coisa de si para ajudar o combate ao défice, estaria no caminho certo. O combate ao desperdício público, à corrupção, são dois bons tópicos para começar. É que o liberalismo em Portugal é uma treta e nem merece discussão quando o número de portugueses que já não consegue suprir as suas necessidades básicas continua a aumentar. O verdadeiro problema é como deixar de divergir do grupo onde estamos inseridos, por forma a que os resultados não nos continuem a envergonhar. Mas isso tarda.

MFerrer disse...

João Gonçalves,
Muito bem. Aliás, muitíssimo. Esta gente com a cabeça cheia de intervenções do Estado e a dizer-se liberal. A pedir que o Estado intervenha e a dizer-se liberal, faz dó. Ainda não perceberam duas coisas:
- Que se o Estado aliviar algum imposto, está a dar um mau sinal ao consumo de um bem escasso e importado cada vez mais caro. E que ao deixar de ter uma receita vai ter de cortar numa despesa. Qual a sugerida? Na saúde, nas reformas, nas pensões, n aeducação, nos funcionários públicos,...é só escolher.
- A outra é igualmente difícil de engulir. Vão ter d eandar menos de carrinho. Eles e a família. Comprem passes e andem de bicicleta.
Vão ver que tudo melhora. Da saúde aos acidentes de viação, da balança de pagamentos aos obscenos ordenados que os administradores de certas companhias vão ter mesmo de reduzir...
É que os combustíveis baratos acabaram, meus senhores!
MFerrer

Pedro disse...

Revolta do grelo? Epá não! Deixe-as lá estar, se elas se revoltam i'm fucked up. E, não há dúvida, os nossos liberais são a dance team do Schopenhauer: falam todos do mercado, das maravilhas da concorrência, do empresário como cruzado, mas depois vai-se a ver e é o Miranda a mamar do nosso bolso, o carlos 110 kilos a mamar do nosso bolso... e por aí fora.

Anónimo disse...

Sócrates acaba de anunciar que não cede a facilitismos e que não vai baixar os impostos sob pressão. Diz até que não pode congelar o preço dos combustíveis. Mas alguém pediu congelamento do preço dos combustíveis? E não é verdade que, sempre que há um aumento dos combustíveis, a maior parte deste resulta do crescimenyo dos impostos? O que ele não diz é que, há muito, devia ter interrompido a subida do ISP; nem tinha necessidade de baixá-lo. E, para mantê-lo, bastaria passá-lo a um valor fixo, como devia, se a situação das empresas e das famílias lhe merecesse algum respeito. Ou esperará que, não havendo trânsito, não serão necessárias mais estradas?

Anónimo disse...

"Desconhecem, porventura, a "natureza" da GALP ou da EDP, por exemplo? Acham mesmo que são dois genuínos produtos da "concorrência", do "mercado" e da "livre iniciativa"? "

Não são alguns desses liberais os gestores da GALP e da EDP?