10.2.11

O PONTO DE VISTA DA CEGUEIRA*


Ontem aconteceu uma inusitada movimentação no "campus da justiça", à Expo. Várias notabilidades, entre arguidos e advogados, aproveitaram a passagem pelo tribunal para, cá fora, "expor" as suas razões. Desde a sugestão de uma quermesse para comprar armários até aos "conselhos" de um arguido ao juiz do processo, passando pela manifesta fome (era hora do almoço e aboca dele só se abria aparentemente para comer) de outro arguido ou pela situação de "acamado" de mais um, tudo passou pelas câmaras das televisões. Não sei se aqueles protagonistas, ao reverem as imagens mais tarde, não se terão dado conta do patético da coisa, estilo trágico-cómico revisteiro. Ao mesmo tempo que tais vaidades exibiam a sua frivolidade interesseira, seguramente outros arguidos, em outros processos desprovidos de notoriedade, estavam a passar pelos tribunais sem direito posterior a "folclore transmontano" e a "reality show". Vamos ver se a justiça resiste a estes espectáculos laterais, miseráveis e auto-complacentes, e consegue fazer prevalecer o seu "ponto" que deve ser, famosamente, o da cegueira e não o do que alguns gostavam que ele fosse.


*título de um livro de ensaios de Paul de Man traduzido por Miguel Tamen.

4 comentários:

Anónimo disse...

No meio de todo aquele salsifré mediático-tribunaleiro tive a sensação de que um dos advogados do traficante-vara era também advogado de um dos rapazes do caso dos sobreiros-portucale. A especialização em crimes de 'colarinho branco' (com sarro...), nos advogados, é uma coisa similar à vocação em outros ofícios; em certa medida é como ser obstetra, pistoleiro, frade cartuxo ou depilador de axilas. Sá-Fernandes, por exemplo, é perfeitamente capaz (e dizem que enquanto sóbrio) de fazer de manhã uma comunicação indignada às TV's - no papel de cavaleiro anti-corrupção - e à tarde esmurrar o peito ofendido por um seu cliente-lacrau (daqueles clientes cujo fácies torpe diz tudo); tudo isto para deleite dos jornaleiros-de-campo. Fala-se demais; descrédito total. E o pegajoso lamaçal jurídico é ainda agravado pelas querelas taberneiras entre o MP, os juízes, a PJ, Noronha, o PGR e o deputedo nacional, refastelado em S. Bento.

Ass.: Besta Imunda

antónio chuchado disse...

Justiça ? para tubarões ?

Mas que fenómeno é esse que não se vê neste país ?

Entretanto, Assis, o mártir de Felgueiras, está, precisamente neste momento (são l5:15), a 'lamber' as sapastinhas do pavão de S. Bento.

antónio chuchado

floribundus disse...

sempre as mesmas caras
sempre a mesma conversa para 'embalar' os contribuintes.

lema socialista
'quem roubou, roubou,
quem não roubou, roubasse'

Anónimo disse...

Engana-se quem pensa que um advogado procura a verdade. Os honorários são de 2 niveis. Um para o caso de perder o caso, assim "o dele" está assegurado. O outro, percentagem sobre as indemnizações, retribuições, e heranças. Essas percentagens são acertadas em função das hipoteses, pois se as hipoteses de vencer forem poucas o cliente aceita mais facilmente altas percentagens...tipo 75, 80% para o advogado.