«Claro que a gente de 30-35 anos não arranja emprego e claro também que, em parte, a "corrida suicida ao consumo" desencadeada pelo "euro" é responsável por isso. Mas talvez seja bom notar que já havia sinais da "geração sem remuneração" por volta de 1990 e que essa "geração", como representada por exemplo, pelos Deolinda, saiu da Universidade - o vocabulário que usa e as queixas que faz não enganam ninguém. Não se trata aqui daqueles que se perderam pelo caminho ou que não passaram do 12.º ano. De quem se trata é das dezenas de milhares de licenciados, de "mestrados" e até doutorados sem trabalho, que vêem hoje correr a vida, no mais puro desespero e na mais patética impotência. De quem é a culpa deste desastre? Do défice e da dívida? Da estagnação económica? Duvido. Desde Cavaco (Roberto Carneiro) a Guterres (Marçal Grilo) que o ensino foi, como se dizia, "a prioridades das prioridades". O Governo e o Presidente da República não se calavam. O "capital humano" era o nosso grande capital e bastava "investir na escola" para desenvolver Portugal e o tornar feliz. E, de facto, Roberto Carneiro e Marçal Grilo inundaram com zelo o que eles, no seu calão, costumavam chamar "o sistema de ensino". Deixemos de parte a questão da qualidade, que põe outros problemas. Basta observar que nenhum destes génios se preocupou com uma pergunta básica: existia ou não existia mercado para os "produtos" do "sistema de ensino" e nomeadamente da Universidade? Não existia, e nem o fanático mais feroz podia imaginar que viesse a existir tão cedo.»
Vasco Pulido Valente, Público
Vasco Pulido Valente, Público
10 comentários:
Pedras feitas de palavras
Desse Abril conquistado
por tamanhas afoitezas
fica um povo atado
entre tantas incertezas...
Após décadas perdidas
entre milhões emplumados,
ficam vontades vendidas
sem retornos confirmados.
São milhares de diplomados
despojados de um futuro
deixando sonhos bem firmados
em toneladas de monturo.
Comprova-se que não é a aposta no ensino, de per si, que cria desenvolvimento, como pensa ainda muito boa gente, como o nosso primeiro-ministro, apesar do que hoje se mete pelos olhos dentro. Devia antes ter-se apostado no crescimento económico, desonerando as empresas e o trabalho, limitando os beneficios e regalias sociais ao estritamente necessário, eliminando os entraves à liberdade individual e desobstaculizando a capacidade inventiva e criativa.
Por volta do final dos anos noventa contei vinte faculdades de Direito em Portugal. Vinte.
A causa não está aí, a figura 1 daqui http://www.icsb.org/documents/FranceYouthUnemployment.pdf é super-eloquente!!!
Tem de ser uma causa generalizada a muitos países europeus
A actual geração que tem entre os 56 e os 65 rebentaram com este pobre país.
Foram à boleia das generosidades do 25 de Abril; escorraçaram os militares libertadores; muitos fugiram à tropa ou não assentaram praça; entraram para os famosos partidos corruptos; fizeram leis a favor do saque que fizeram: ocuparam e assaltaram o aparelho do Estado e das Empresas; concederam a si próprios reformas obscenas e milionárias por poucos anos de serviço e contribuição,etc. e agora andam para aí bem nutridos e de papo para o ar a explorar os actuais contribuintes do fisco e da segurança social, e vão deixar às actuais gerações, aos seus filhos e netos, muitas dívidas, muita miséria e muita fome.
Essa geração oportunista que cavalgou o 25 de Abril - e que se instalou no PS, PSD, sindicatos, organismos do Estado e Empresas Públicas - rebentaram com este pobre país.
Pululam nas pantalhas televisivas muitos «tiriricas» do comentário, que nem sessenta anos têm, com reformas bem compostas e ainda por cima mandam os outros trabalhar.
Vão trabalhar vagabundos!
Para eles o fogo dos infernos!
Em Portugal um emprego/estágio consegue-se através de troca de favores, i.e. empregas o meus que eu arranjo lugar para os teus. Os concursos públicos são uma palhaçada. Quem fica com o lugar publicitado é quem já lá estava por "urgente conveniência de serviço". O sistema não funciona de modo produtivo porque quem o gere, de forma vitalícia, não tem qualificações nem capacidades para o gerir. Desde os anos 90, quando começaram a aparecer as bolsas/estágios de estudo e investigação, que os bolseiros/estagiários são usados pelos "gestores" para suprir as suas deficiências cognitivas e técnicas. Com bolsas não se consegue poupar muito pois parte da bolsa é investida nos projectos onde há sempre "falta de verba". Depois de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento alguns destes jovens tentaram criar as suas próprias empresas. Descobriram que as suas parcas economias não servem de garantia, ouvem frequentemente que não têm "perfil" para o montante que pretendem pedir emprestado. Os que não têm fiadores, resignam-se a nova bolsa, a sub-empregos ou emigram para países onde podem concretizar os seus planos. Presentemente o mercado é o mundo, e é só por vontade destes "gestores" que não há mais investimento nestas e por estas gerações altamente qualificadas.
O VPV confunde a educação académica com a outra educação pelo exemplo que é muito mais difícil de passar para a geração seguinte. Os filhos tendem a perpetuar os comportamentos dos pais e avós. Para nossa infelicidade os filhos que por cá ficam são os dos nossos presentes "gestores", isto é, até Portugal ter novos proprietários por conta dos juros que não conseguir pagar num futuro próximo. Só podemos ser positivos, não é?
MRM
Economia Socialista de Casino
construiu a Bolha Especulativa da Educação. A rebentar, não só aqui, também se passa nos EUA.
Quando não há apostas variadas e apostas variadas só existem quando o poder está distribuído, não há redundância. O Socialismo seja de Esquerda ou Direita obriga todos a apostarem tudo numa coisa
e ao apostarem tudo não passa de uma aposta de casino.
Essa aposta de casino não foi só apostar tudo na roleta em vez das máquinas. Como a educação permitida é só uma até o número da roleta foi definido pelo Socialismo.
Esperemos que isto seja o começo da grande mudança na Educação Ocidental.
lucklucky
Quero escolher quem há-de representar os meus interesses no país. Não aceito que imponham para me representar uma cambada de macacos que não sei quem são nem donde vieram. Acabe-se com os bandos desonestos, com as alcateias vorazes, que tanto mal têm feito ao país. Faça-se uma Constituição, em que os deputados, como o Presidente da República,
sejam escolhidos por sufrágio directo.
Decretaram o fim da sociedade de classes através da destruição das competentes e necessárias escolas técnicas.Regozijaram-se com o "notável feito" e não me lembro de alguém o criticar em voz alta. O provincianismo, tal como desejaria uma capital em cada aldeia, pensou fazer de cada jovem um "dótor", cilindrando de vez os privilégios de classe simbolizados,por exemplo, pelos liceus. Depois, foi o que se viu: a arena da luta de classes explodiu em plena Escola, tendendo a arrasar tudo - conhecimento,segurança, valores, a simples decência.
Isabel, isso é um mito, nas famosas estatisticas da ocde, em educaçao (licenciados, mestrados, doutorados) andamos a lutar pelos primeiros lugares (a contar do fim) com o Mexico e a Turquia
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