4.8.10

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Duarte Calvão desmonta, em apenas um post, uma recente mitologia caseira alimentada em torno de um autor. Talvez possamos, um dia, dar uma valente martelada em Bolaño e nas suas mil e trinta páginas tal como Nabokov "dava" em Balzac, Gorki ou mesmo Thomas Mann. Vai muito a tempo de a levar.

24 comentários:

Anónimo disse...

Pela 1.ª vez concordo.
A obra é uma trampa e só os "Viegas" e os "Jorges" é que fizeram estardalhaço sobre o maior purgante alguma vez escrito.
Certamente estes senhores não foram alheios a motivos editoriais...
E mais não digo...

Anónimo disse...

A última vez que comprei um romance de um autor vivo (ou morto de fresco) foi em... Meu Deus... em 1995 ou coisa assim... Uma pérola de Bruce Chatwin.

Alda Telles disse...

O Duarte Calvão, que muito estimo, tem todo o direito de não apreciar a obra de Bolaño. Confesso que tive também muitas intermitências na leitura do 2666, é um autor extremamente difícil e não está no topo das minhas preferências.
Agora essa crítica, legítima, ser transformada, pelo João Gonçalves, numa reacção a "uma recente mitologia caseira", quando o lançamento de 2666 foi o acontecimento literário do ano nos Estados Unidos (em 2008) e considerado pela Time o melhor livro do ano, é que já me parece uma "martelada" um bocadinho ao lado.

VF disse...

Ó Alda, mas o que é isso do "melhor livro do ano" atribuído por um punhado de jornalistas ou seja quem for? Seja na América, seja onde for? O único juíz de uma obra literária é o Tempo. Quantos melhores livros do ano já ficaram pelo caminho?

Xico disse...

Eu comecei a lê-lo entusiasmadíssimo e sem medo da enormidade do volume. Acabei por desistir a mais de meio. É que já não havia pachorra.
Não consigo perceber a razão de tanto entusiasmo?!
Temo bem que quem aclamou não leu?

Anónimo disse...

Fui ao Pingo-Doce, à procura deste livrito, e não encontrei. Trouxe dois Paulos-Coelho.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

D. Alda Teles,

Deduzo das suas palavras que se tem que ter "muito respeitinho" pelo pastelão de Bolaño, só porque "o lançamento de 2666 foi o acontecimento literário do ano nos Estados Unidos (em 2008) e considerado pela Time o melhor livro do ano".

Não acha que esse argumento é de um indigente?
(nada tenho contra os americanos e a revista Time...)

Alda Telles disse...

Senhores VF e Anónimo,
A minha apreciação da obra foi clara. Apenas quis sublinhar ao autor deste blog que tão pacientemente nos acolhe que o entusiasmo por Bolaño não é uma "parolice" nacional, antes recolheu entusiasmo mundial.
Leiam lá outra vez o texto do Dr. João Gonçalves...

João Gonçalves disse...

Alda: como calcula, o desvelo caseiro pelo livro (e todo o folclore que acompanhou o lançamento da tradução portuguesa) não caiu do céu na Lx Factory. Ou melhor, caiu precisamente porque já vinha de outros lados. Nós apenas copiamos e, geralmente, em mau.

Anónimo disse...

Alda Teles,

S.f. f. leia novamente o 1.º comentário do Anónimo das 11:08.

VF disse...

Era o que eu ia dizer: o mercantilismo livreiro caracteriza-se precisamente por não ter fronteiras. Para alguns, nem limites tem, como exemplifica o melhor monstro do ano 2009: o Acordo Ortográfico.

Alda Telles disse...

Sr. Anónimo
Atrevo-me a um último abuso na ocupação deste espaço para lhe recomendar uma interrupção no seu jejum de letras frescas e conhecer o melhor escritor vivo da actualidade: Philip Roth.

Anónimo disse...

D. Alda Teles,

Philip Roth? Mora em frente ao meu apartamento, no 4.º Esq.º...

Agradecido pela sugestão, ainda assim.

Belzebu Catita disse...

Pensava que o melhor escritor vivo era o Eduardo Pitta... Foi publicado entre os Clássicos da literatura mundial para este Verão pelo Diário de Notícias.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 11:08 AM, perdoe a minha "ignorância", mas, a que "clube" pertence o autor e os "Viegas" e os "Jorges"?

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 3:12 PM, não me compete a mim dizer a que clube pertence autor deste blog - ele fala por si-; mas que a sua pergunta é pertinente, lá isso é. E que há profundas ligações triangulares à Choderlos de Laclos entre os seus intervenientes também me parece uma evidência que não carece de demonstração...

Pedro disse...

VF, "o tempo" é o único juiz da qualidade literária? Mas se o Duarte Galvão, diz o JG, já desmontou a coisa num post, fê-la em fanicos...(O Duarte, que a única coisa que disse é que não gostou do livro, por o achar chato, é um desmontador de mitos literários...).
Os portugueses dividem-se entre os saloios que acham que o que se diz lá fora é tudo bom, e os saloios que acham que desmontam mitos literários em posts de blogs e caixas de comentários, arrasando com Nova Iorque e Metrópolis. Sorte malvada.

Die Männer disse...

Isto é tão silly como a própria estação. Leiam boa literatura erótica.

Em 1965, Natália Correia publicou, seleccionou, prefaciou e anotou uma importante Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (3ª ed., 1999), que inclui autores como Martim Soares, Pero da Ponte, João Garcia de Guilhade, Gil Vicente, Luís de Camões, Fernando Pessoa, Gregório de Matos, Guerra Junqueiro, José Régio, Leonor de Almeida, Jorge de Sena, Ana Harthetly, Maria Teresa Horta, Herberto Helder. A própria autora publica um poema seu, “Cosmocópula”

“Membro a pino / dia é macho / submarino / é entre coxas / teu mergulho / vício de ostras. // O corpo é praia a boca é a nascente / e é na vulva que a areia é mais sedenta / poro a poro vou sentindo o curso de água / da tua língua demasiada e lenta / dentes e unhas rebentam como pinhas / de carnívoras plantas te é meu ventre / abro-te as coxas e deixo-te crescer / duro e cheiroso como o aloendro.”

VF disse...

Somos saloios... Paciência.

João Villalobos disse...

Caro João,

O primeiro comentário é tonto porque insinua o que é público e conhecido por todos: O Francisco José Viegas, como editor da Quetzal, foi responsável pela edição e divulgação em Portugal de Bolaño, a começar pelo "Os Detectives Selvagens" e depois o "2666" e "O III Reich".
Ambos os livros de Bolaño são na minha opinião excelentes (o 3º ainda não li) sendo que o autor deu indicações para que 2666 fosse editado em vários volumes o que, não tendo sido cumprido, deu neste calhamaço cuja última parte é particularmente exigente pela sua descrição mininal repetitiva dos múltiplos homicídios.
Goste-se ou não, o que não vale mesmo a pena é trazer a despropósito anónimos apartes sobre pretensas conspirações existentes.
Um beijo à Alda que não esperava ver aqui e um abraço para ti.

Anónimo disse...

João Villalobos,

Tonto é V e a sua tontice está mais que estampada por onde vai deixando lastro...

Anónimo disse...

logo o francisco jose viegas...Sabe ler muito bem três coisas: ementas, menus e cardápios...
ass: Sr. Amálio? (a Amália de calças)

João disse...

À excepçao da parte dos homicídios que é realmente "minimal repetitiva", achei o livro um verdadeiro "page turner". Acho que quem diz mal do livro é mesmo quem não o leu.

jpm disse...

Há uma coisa que não percebo e gostaria de perceber: o João Gonçalves leu o livro?
Faz-me alguma confusão esta coisa de malhar no livro só porque se criou uma histeria em torno do autor. Há uma solução, ler a obra.
As críticas em torno dos sonhos, da escrita seca, da narrativa na primeira pessoa... se isso arruma com uma obra, imagino uma boa crítica: cheira mal, não presta, estão verdes . Discordo em absoluto do carácter repetitivo do capítulo das mulheres e acho, o Detectives Selvagens a verdadeira obra.
Entretanto, e também tendo desconfiado da unanimidade em torno do chileno, vale a pena lembrar que, ao contrário do que diz o João Villalobos, o Detectives Selvagens e Estrela distante foram publicados primeiramente pela Teorema e não pela Quetzal.