Este post de Reinaldo Azevedo podia, com as devidas adaptações, escrever-se cá.
«Cadê a direita no Brasil? Onde está a direita?” Poderia me fazer de leso e escrever: “Não sei por que me perguntam isso”. Mas eu sei por que me perguntam isso. É que me identificam com esse pensamento, que alguns pretendem seja uma pecha. “Direitista” vira sinônimo, em certos casos, de pessoa com quem não vale a pena conversar. Seu nome fica maldito até para participar de debate de TV. O sujeito diz: “Ah, não! Com esse cara não dá para debater”. Por quê? Medo de que você enfie o dedo no olho dele? Não! Receio de ver exposta e desmascarada a demagogia. Mas não quero me desviar. Eu não fujo das palavras. Se querem me chamar de “direitista” num país em que até Gengis Khan se diria “de centro”, tudo bem por mim. Não dependo, nem íntima nem socialmente, do olhar do “outro”. Sou um freudiano da gota serena: o único olhar que importa, lá na infância, e decide “você será isso” é o da mãe. No meu caso, já está decidido, hehe. Tarde demais para mudar. Prefiro perguntar: “Onde estão os conservadores?”, já que a outra palavra, que a mim não me incomoda, a tantos perturba. Com tempo, isso merece um ensaio longo e profundo sobre a formação das mentalidades no Brasil. Sem dúvida, o PT é um partido que traz consigo toda a tralha antidemocrática do bolchevismo. No que se modernizou, tornou-se uma mistura de organização gramsciana com a mais descarada pilantragem. Nos dois casos, a democracia continua a ser um valor tático apenas. Alguns tontos me atribuem a suposição - PORQUE INTERESSA TRATAR O OUTRO DE IDIOTA PARA ESCONDER A PRÓPRIA BURRICE - de que os petistas um dia dariam “o” golpe! Ora, vão plantar batatas!»
4 comentários:
Sintético, lógico, certeiro, honesto, sabedor e corajoso. O Brasil é um gigantesco país. Há sempre alguém inteligente e com coragem; e mesmo sendo poucos, são muitos.
Por cá temos a novela envergonhada e envergonhadora da política pequenina e rasca; e do respectivo jornalismo acrítico de repetição (e cada vez mais resumido e castrado). Nas TV's, ao que se dá relevo é a banalidades e a tragédias envolvendo sangue (quase todas envolvem sangue, mas há umas que sendo "invulgares" interessa reportar com estrondo).
O calçadão (PS e PSD) que o Dr. Gonçalves já "denunciou" várias vezes, é de uma moleza de boca-aberta e de uma inconsequência gritante. Hoje o governo confiou ao reaparecido porta-voz (pereira deve estar resguardado...), o anjinho-papudo-joão-tiago-bébé-silveira, a tarefa de inssistir na queixinha contra a revisão-constitucional-passos: com o grosso pescoço a transbordar do colarinho alvo, o rapaz lá gemeu umas ladaínhas e alinhou umas frases de indignação socialista com a convicção de uma água-mineral.
Por outro lado, as TV's, badalavam entusiasticamente o "horror da A25" e dos queimados (!); gastos 30 minutos de barbaridades em antena, passaram burocraticamente a referir que uma agência de rating não acreditava nas projecções do governo de Portugal e que "as metas não serão cumpridas" - tudo isto lido parvamente por Rodrigues dos Santos, mas de forma telegráfica e rotineira. Só faltou a estes bravos rapazes dos telejornais rematar a notícia (menor...) com um sonoro chupar de molar cariado.
António Cluny foi à televisão do jornalista-crespo explicar, com serenidade e a vozinha lubrificada por óleos-santos, que "as ordens - no MP - tem de ser escritas; senão não existem; e que ainda hoje não sabe quem é o titular do processo freeport".
Brilhante. O país está encharcado em narcóticos.
Ass.: Besta Imunda
Após a abrilada, dei conta que Cunhal andava sempre com a boca cheia de democracia. Intrigava-me que um defensor da ditadura do proletariado, um estalinista de temer, falasse frequentemente de daquilo que o horrorizava, que detestava.
Tal procedimento devia impor-se-lhe para não aterrorizar o povo que tem de ser mantido sempre em ignorância.
Apercebi-me da manobra deste democrata, deste merda do socialismo, o que me levou na altura a escrever que ainda havia de ver os comunistas a pugnar pelas privatizações e pela economia de mercado e os políticos do campo oposto a defenderem as nacionalizaões, o controlo operário, a colectivização, porque tudo funciona, no campo dos políticos, ao sabor dos seus interesses pessoais, falcatruas e roubalheiras.
Não tardou muito tempo que um paspalho político, que se proclamava de esquerda, vociferando o seu republicanismo, o seu socialismo, o seu democratismo e o seu laicismo, decidisse meter o socialismo na gaveta, transformando o seu ideal socialista, se é que algum dia o teve verdadeiramente, num autêntico ideal de merda.
E o que se verifica no campo dos socialismos abstractos acontece igualmente no campo oposto. Todos falam de democracia, mas esta é sempre esquecida em todos os actos que possam ferir os seus interesses.
Sempre detestei a argumentação direita/esquerda.
Não suporto certos comportamentos, certos princípios de muitos seres humanos. Se quiserem rotular-me de direita façam-no. Isso em nada me afectará porque não ando na vida em busca de elogios da canalha humana.
Para não esquecermos o que é pensar pela própria cabeça, duas colheres das de sopa de Reinaldo Azevedo por dia e uma de Olavo de Carvalho por semana.
"O que me espanta é o ar de veneração, o temor reverencial com que a opinião pública os escuta, mesmo e principalmente quando sabe que mentem como meninos pegos em flagrante travessura. Só ante o cano de uma metralhadora tem o homem o direito de acovardar-se a esse ponto, aviltando-se ainda mais do que aqueles que o aviltam. Mas cadê as metralhadoras? A única arma de que a casta governante dispõe para intimidar a nação, no momento, são caretas de despeito – aquele blefe moral, aquela fingida ostentação de superioridade que é a marca inconfundível dos fracos presunçosos. Como é possível que um povo inteiro se deixe assustar por isso, chegando à degradação suprema de fingir apreço a condutas que obviamente só merecem desprezo?"
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