Concretamente, e apesar da boa redacção do jornal, como implicitamente pergunta o autor do post, onde é que está o abuso? «Quando o carro chegou ao bairro do Lagarteiro, na zona da Campanhã, a vítima (de 18 anos) foi levada em braços por dois dos homens – a residência seria mesmo de um dos sequestradores (de 20 a 22 anos). Preso numa das divisões da casa, foi obrigado por um dos sequestradores, sempre sob ameaça de coacção física, a fazer-lhe sexo oral até à ejaculação. Enquanto isso, os outros dois jovens masturbavam-se ao observar a cena, ponderando passarem ao sexo anal. Após satisfazer os três homens, que entretanto terão adormecido, ‘Rui’ conseguiu escapar daquele local e fugir.» (os grifos são meus e o post foi escrito ouvindo o mp3 do momento de ballet, Bacchanale, da ópera Samson et Dalila, de Camille Saint-Säens ao som do qual, seguramente, os jovens não teriam caído nos braços de Morfeu)
16 comentários:
Parabéns, pois Saint-Säens (além de grande compositor) era gay, deixou a mulher três anos depois do casamento e costumava viajar para o norte de África a fim de se encontrar com jovens magrebinos. Aliás morreu em Argel no Hotel de l'Oasis. O governo francês, quem sabe se por causa disso, condecorou-o com a Legião de Honra.
Não está. Parece ter sido uma farra consensual com um pouco de sado-masoquismo. Gostos.
Um "caso policial" que, no mínimo, desafia a verosimilhança...
E o bairro do Lagarteiro, tão falado pelos tráficos de drogas e afins, afinal tb tem perigosos delinquentes sexuais. À atenção de Rui Rio...
ehehehehe, o Correio da manhã está daqui a nada, a produzir "filmes". Quem é que acredita numa coisa destas?
Quanto ao Saint-Saenz,, anote-se a ida para a Argélia. Aqui, em época de Centenário, torna-se bastante sugestivo e por várias razões.
Cara Mina, por curiosidade, acaso merecerá Saint-Säns os modos como se dirigiu à sua memória, já que entrou na história como um génio musical e não um depravado ou demente? Simpático e bonito teria sido referir-se ao seu Op.63 Une nuit à Lisbonne - um bom motivo de orgulho e bom pretexto para festejar algo, a menos que este poema sinfónico perpetue alguma aventura pederasta por cá vivida. Sabe, e por permissividades, é que entre Argel e Lisboa, venha o Diabo e escolha!
Bem haja
Insistem todos em "Saint-Säens" quando todos os melómanos devem saber que é Saint-Saëns. Quanto ao resto,o "Correio da Manhã" já anda a fazer filmes há muitos anos...
CARO NUNO CASTELO-BRANCO
A sua evocação do "Centenário" pretende constituir uma alusão a Teixeira Gomes, certamente. Tudo bem. Também estou convencido de que Teixeira Gomes era homossexual e embora não possua qualquer referência concreta (como é óbvio), creio que a sua obra fala por si.
A propósito de Chefes de Estado, e porque estamos no Diálogo Monarquia/República, aproveito para esclarecer que também o rei Dom Manuel II era homossexual, embora igualmente não possua (é óbvio) referências de testemunhas presenciais. Há, todavia, publicações e notícias que aludem às inclinações do monarca. Por exemplo, o livro "O Último Rei", de Cardoso de Miranda, diplomata que foi ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil em Portugal, publicado em 1960 (o autor ofereceu-me um exemplar autografado), no cinquentenário do seu exílio, refere-se às "Mariquices do Senhor Infante" e ao facto de, em criança, muito gostar de se vestir com os vestidos e as jóias de sua avó, Dona Maria Pia, etc.,etc. Depois há um casamento frustrado e sem descendência e uma série de "acidentes" sobre os quais não tive até hoje a disponibilidade e a curiosidade de me debruçar, mas talvez ainda o venha a fazer.
De qualquer forma, duas criaturas notáveis, cuja orientação terá porventura contribuído para a sua estatura intelectual e cívica.
CARO BARTOLOMEU
A minha referência a Saint-Säens nada tem de depreciativo para o compositor, tão só uma coincidência do João Gonçalves escrever o post sobre aquela inenarrável notícia (gay) do CORREIO DA MANHÃ ao som da música do compositor. Claro que S-S foi um génio musical, e as suas digressões pelo norte de África só podem ter concorrido para lhe refinar a sensibilidade.
A comparação entre Lisboa e Argel parece-me perfeita; poderia acrescentar Tunis, Tânger , Marraquexe, e por aí fora... Já agora, e a propósito de Lisboa, não resisto (porventura conhece) a mencionar aquela frase de Raul Brandão nas suas "Memórias": "Lisboa como Nápoles foi e é uma cidade de pederastas" (estou a citar de cor, mas julgo que é literal)!!!
BEM HAJAM TODOS
Caro Mina, esta falta de concordância dos géneros, enfim...
Para mim Saint-Säns raia constantemente a espiritualidade e o misticismo, quando já não está em comunhão com eles, mesmo nas obras mais mundanas sobretudo pela compreensão da moralização que leva à redenção de cada ideia ou episódio - de certo que se conhece bem a sua musica saberá do que estou a falar. Porém, sendo um homem tão terreno é interessante notar como esse mundo não conspurca nem enche de mácula a sua música.
Lisboa... sim, conheço a menção. Já que falamos destes assuntos, e se me puder ajudar ou orientar passava a contar-lhe o seguinte sem mais pormenores que não estes que vou expor: há alguns anos, num programa da ANT2, ouvi a Maria João Seixas falar sobre um diário de viagem de um certo francês que foi a Roma e descreve um comunidade lusa lá integrada onde os homens vivem em parelhas coabitando maritalmente, dormindo no mesmo leito, etc. Estava esta comunidade integrada, era aceite e bem vista, apesar de a Inquisição já ter supliciado uns quantos casais.
Que sabe sobre o assunto?
Obrigado.
PARA BARTOLOMEU:
Apenas com os dados que me fornece não me recordo de qualquer comunidade nessas circunstâncias. Se todavia descobrir algo sobre o assunto, terei muito gosto em lhe comunicar.
Cumprimentos.
Cara Mina,
Dá-me uma novidade quanto a D. Manuel. Jamais ouvi falar de tal coisa e por exemplo, como sempre o PRP aproveitou para fazer um enorme alarido em Lisboa, acusando-o de se ter amantizado com uma aventureira francesa que na época fazia furor. Essa Gaby Deslys era tratada abertamente na imprensa internacional, como maitresse en titre du roi du Portugal. Mais, dizia-se que neste aspecto, o jovem seguia os passos do pai, enfurecendo a rainha viúva. Curiosamente, escolheria para mulher, uma prima que por sinal, era bastante parecida com a dita Deslys, mas com outro nível e interesse, com certeza. Enfim, é o costumeiro "diz-se diz-se" que não tem qualquer importância.
O casamento com Augusta Vitória de Hohenzollern, foi um desastre previsível. A rainha-mãe sabia há muito tempo, que essa princesa não podia ter filhos, pois os preparativos para um noivado tiveram início logo após o Regicídio e hesitava-se - ou procuravam - alguém ligado à realeza britânica, ou em segundo plano, à alemã. Augusta Vitória era bela, elegante e extremamente moderna para a época. Decididamente teria chocado a conservadorice básica da sociedade lisboeta pré-1910 e mais ainda, o pudibundismo pseudo-nacionalista e extraordinariamente puritano dos PRP's. D. Manuel visitou a Alemanha, conheceu a pessoa com quem se decidiu casar. Nem sequer consultou a mãe que estava bem informada. talvez esteja aqui uma explicação bastante credível. Nem todos os casamentos geram descendência e com isto, não estou a tentar negar aquilo que afirmou. Apenas desconheço totalmente qualquer documento, memória ou até, bisbilhotices que se debrucem sobre essas alegações. Veja que quanto a D. Amélia, o PRP propagou rumores que diziam estar a "rainha amantizada com Mouzinho de Albuquerque". Sendo uma falsidade descomunal e totalmente ridícula aos olhos da incipiente opinião pública, atacaram-na então de outra forma, dizendo que D. Amélia partilhava o leito com a condessa de Figueiró! De um extremo ao outro, sem rebuços. No próprio Diário de João Chagas, este chega ao ponto de dizer ter lido cartas de D. Amélia endereçadas a uma amiga, sendo o teor das mesmas, digno de Safo. Enfim, jamais se vislumbrar essas cartas ou quaisquer outras provas. A verdade é que tudo isso não passa de mera propaganda boateira, pois conhecendo-se o nível moral da gente que governou o país após o 5 de Outubro, decerto os "documentos" seriam publicitados até à exaustão. Ou crê em milagres? O regime estava longe de se encontrar implantado, era frágil e podia ser varrido à primeira oportunidade, portanto, qualquer prova cabal de "degenerescência" real, seria aproveitada até à exaustão. O perigo passaria após a morte de D. Manuel (e mesmo assim....!) porque Salazar foi, sem dúvida, o homem a quem a república deve a sua existência. Sem dúvida alguma.
No que respeita ao presidente que citou, o que importa é o seu exercício dos cargos públicos, dividindo-se estes entre o período de ministro na Legação de Londres e a efémera e previsivelmente desastrosa presidência da república.
Resposta á incursão monárquica do Nuno (coitado, não se pode ser perfeito)- «porque Salazar foi, sem dúvida, o homem a quem a república deve a sua existência.» Finalmente uma frase de jeito sobre a matéria há muito encerrada.
Caro Nuno Castelo Branco,
Conheço os rumores sobre as apregoadas ligações de Dona Amélia com Mouzinho de Albuquerque ou com a Condessa de Figueiró. Não me recordo das afirmações de João Chagas, embora possua o Diário. Aliás, sobre este político da Primeira República, e aproveitando o facto de "estarmos com a mão na massa", lembro que Rui Ramos, na "História de Portugal" dirigida por José Mattoso, pg 661, ed. Círculo de Leitores, o considera um pederasta, a par de Júlio Dantas, Teixeira Gomes, etc. Raul Brandão, nas suas "Memórias" discorre bastante sobre o tema.
Concretamente em relação a D. Manuel II, além das citações que fiz do livro de Cardoso de Miranda, há alguns outros elementos cuja veracidade tentarei verificar logo que para isso tenha disponibilidade.
Cumprimentos.
Para Nuno Castelo Branco
É o Sexto Volume da História de Portugal, que por lapso não referi.
Cara Mina,
Duvido muito. Conhecendo a praxis do PRP, essa gente não teria hesitado em usar todos os tipos de argumentos, no caso de existirem sérios rumores acerca de D. Manuel. Sérios ou pouco sérios. Aliás, começaram por fazer circular ayoardas a respeito de "amores" da rainha e de Mouzinho. falharam. D. Amélia era inatacável. Seguiram depois pelo "figurino francês" usado contra Maria Antonieta e apenas substituíram a princesa de Lamballe, pela condessa de Figueiró. Típico. Jamais surgiu um único documento acerca desse assunto e creia-me, eles teriam de imediato dado ao prelo esse tipo de leituras. Imagine as delícias que fariam de outros que tais, como os do Centenário, o Rosas, etc.
Ainda quanto a D. Manuel, lembre-se do "caso Gaby Deslys" que os republicanos vergonhosamente aproveitaram até à exaustão (http://en.wikipedia.org/wiki/Gaby_Deslys). Curioso ainda, o facto da futura mulher do rei, ser flagrantemente parecida com Deslys. Mas num nível incomparável nível, com certza
O caso T.G. é outros. Pouco importam os seus devaneios eróticos, tenham eles sido em Lisboa, Londres ou Bougie. Isso não fica para a história, embora no parlamento da 1ª república, os seus adversários tenham feito indecentes alusões a tal. Eles não hesitavam diante do que fosse, desde que envolvesse estrume, muito estrume com que adubavam os seus "grandes princípios de moralidade". Tal como hoje.
T.G. foi o ministro na Legação de Londres e à parte a sua condição de "criatura de A. Costa", a sua conduta teve altos e baixos. Os altos, referem-se à sua educação e saber está que abriram portas na desconfiada e flagrantemente hostil sociedade inglesa. os pontos baixos, referem-se exactamente ao desempenho durante a sua missão: submissão abjecta - como há muito não se via - aos desígnios britanicos e uma inacreditável bisbilhotice em torno da família de D. Manuel. As notas enviadas para Lisboa são sugestivas e afinal, a sua principal obsessão era o exilado. Despeitada com a eterna presença do rei em todas as ocasiões de Estado e da sociedade, TG dedicava-se à boataria de uma forma pouco própria do seu nível de homem distinto. Não conseguiu impedir o violento bofetão que Jorge V desferiu à "república portuguesa", quando no fim da Grande Guerra e na parada da Vitória, os contigentes desfilaram diante dos soberanos britânicos que tinham ao seu lado, D. Manuel e Augusta Vitória. Também jamais conseguiu dissuadir o mayor de Londres, quando este organizou um jantar de gala em plena Town Hall, homenageando D. Manuel: bandeira, Hino da Carta e honras de Chefe de Estado em exercício. Coitado do TG, deve ter tido uns dias terríveis. E podíamos continuar.
No fundo, o que mais fica, é o seu legado de homem de letras e de esteta. Quando falava da Argélia, talvez fosse melhor recordar alguns vivos que por cá andam.
Entendo que quando um homem falha, seja qual for a sua posição social, deve o seu erro, se for verdadeiro, ser conhecido. Compete-lhe corrigir-se para não voltar a ser abocanhado.
Contava meu Pai que Homem Cristo. deputado, que escrevia no Povo de Aveiro, afirmara um dia, em relação a Leonardo Coimbra:...o Snr. Imbra, sim, o Snr. Imbra porque ele o c. já o deu. Não me disse o meu Pai se ele escreveu cu ou co, porque a ilação a tirar seria bem diferente. No primeiro caso, se não correspondesse à verdade, Homem Cristo teria, por certo, problemas. No segundo, seria apenas uma forma indecente de insinuação.
Tenho para mim que um ser humano vale apenas por aquilo que foi ou que é como HOMÈM.
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