31.8.10

TENHAM JUÍZO

O governo de Sarkozy não seguiu os conselhos dos beatos portugueses e dos candidatos a beatos. Não se consome, em França, a notável tese dos bons rapazes apesar de Rousseau. Em compensação, em Portugal sobram teóricos que, como a história doméstica nos tem abundantemente demonstrado, dão lições ao mundo sobre tudo e sobre nada. Nenhum deles quer saber da realidade. As suas lustrosas cabeças frequentam outras alturas a aspiram à beatitude social e cultural. Carregam, vergados, todo o lixo ideológico que em parte alguma do globo resolveu um só dos seus complexos problemas. Apesar de especialistas em "problematizar", os nossos teóricos distinguem-se tipicamente pelo irrealismo e pela irresponsabilidade. O nomadismo é um belo sinal de desconforto e de inadaptação. Mas nenhuma "especificidade" pode ser fechada num aquário sem água, para gáudio dos teóricos, quando o desconforto é geral e a inadaptação persiste em nome da ladroagem mais reles e primitiva por causa de uma coisa tão simples como a sobrevivência. Aí, é forçoso que sobrevivam de outra maneira ou aprendam a tal e não como rasura ou falha nossa. É esta a lição de superioridade da civilização em que fomos criados e que está a desaparecer à conta de muito do seu "iluminismo" de pacotilha. Tenham juízo.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Esta semana está a correr-lhes mal, pois ainda ontem, o governo de Teerão, através de um jornal da sua tutela, decidiu chamar "puta" à tal Bruni. Agora, já recordarão aqueles anos em que alojaram o canalha Khomeini, transportando-o depois - a braços de um comandante de bordo da Air France - para um Irão em histeria colectiva. Os franceses têm assim a devida paga, até porque ao longo dos últimos dois séculos, muita porcaria acolheu e acarinhou. Portugal que o diga.

A França será apenas o primeiro país da "UE" a adoptar medidas, pois os demais - excluindo a sólida Inglaterra -, não têm a tal "legitimidade" histórica da tal coisa que o meu negregado "incursionismo" impede de mencionar. Enfim, há que começar por algum lado e parece-me que outros países se seguirão, a começar por aquele outro para lá da nossa fronteira.
Como bem dizias, estes peixes coabitam no mesmo aquário, mas decerto haverá que explicará a desbragada roubalheira, como uma mera questão de "luta de classes". Aliás, os vasos são sempre comunicantes, mas cada um terá as suas particularidades. No fundo, os expulsos fazem exactamente aquilo que outras "classes" quotidianamente praticam de forma desabrida e até, legal. O pior, é que não há lei que faça outro tipo de meliantes cair nas suas malhas. Para onde os expulsaríamos? Alguém quer mais lixo? Como se lá fora não tivessem o seu próprio...

Justiniano disse...

Caro J. Gonçalves
Eu creio que nesta estória dos ciganitos e ciganões, o caro J. Gonçalves labora em erro!!
Não se trata de apreender a poesia da notável tese dos bons rapazes, mas apenas de ajuizar a boa dose de desconfiança com que vemos, hoje (mesmo sem saber se amanhã serão outros, caso a moda pegue), irmãos ciganitos serem tratados! E não consta que sejam despachados por ordem de um Tribunal, com certidão de uma qualidade, nem que os despachados sejam, para além de ciganitos, ciganões!! Eu, pelo menos, aprendi assim, mas há quem, no Burundi, aprenda de outra maneira!!
Um bem haja para si e veja lá bem a coisa, com calma e prudencia como lhe é costume!!