«Mikhail Tariverdiev foi um notável compositor e autor soviético de origem arménia (1931-1996) e que escreveu centenas de temas musicais e bandas sonoras para filmes, e até operas. Em 1975 ganhou o prémio da American Music Academy. Não sei porquê, mas a sua poderosa e intimista música (com um estilo e percurso muito diferente dos clássicos, académicos e épicos compositores soviéticos) é muito ilustrativa dos tempos de chumbo que correm....» (sugestão musical de um leitor fiel tal como ele a apresentou. Tariverdiev canta um excerto de um soneto de Shakespeare)
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
31.8.09
LISBOA COM SENTIDO SENTADA NO MARTINHO
Uma vez regressado de Vale de Lobos*, esta conferência de blogues com Pedro Santana Lopes. No Martinho da Arcada, num Terreiro do Paço irreconhecível e a afundar-se em betão graças ao inefável dr. Costa, o do ex-Zé e da senhora arquitecta dos ex-cidadãos por Lisboa.
*para a patrulha habitual, esclareço que estou de férias.
*para a patrulha habitual, esclareço que estou de férias.
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EVITAR MAIS "VALE DE LOBOS"
«E quando, ele que observara impenitente o velho Portugal, abandonado ao lodo utilitário os seus coevos, via também a mocidade mediocremente respeitosa por essa religião do Indivíduo que era a sua; quando via as tendências centralistas e socialistas - confessas ou inconscientes - dominarem nos governos e oposições, nos partidos conservadores e nos revolucionários, ele chorava, outro Isaías, sobre as ruínas do templo abatido, sem reconhecer que as pedras desse edifício derrubado já começavam a formar um novo monumento.» Isto é Oliveira Martins sobre Alexandre Herculano o tal que «antes de expirar disse apenas: «Isto dá vontade de morrer!» Para contrariar esta fatalidade nacional tão bem encarnada no retiro moral e físico de Herculano em Vale de Lobos, o José Pacheco Pereira apresenta amanhã, simbolicamente na Quinta de Vale de Lobos, a lista de candidatos a deputados que ele encabeça em Santarém. Vou até lá dar-lhe um abraço. Um dividido em dois. O político, que é óbvio. E o pessoal, que é apenas óbvio para mim.
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VIVER PARA CONTAR
O dr. Rui Pereira, ainda MAI, permitiu que nas auto-estradas e à entrada e saída da ponte Salazar, por exemplo, haja uns placards luminosos que amavelmente nos informam acerca do número de mortos em período homólogo do ano transacto. Informações de trânsito propriamente ditas, escassas ou nulas. O dr. Pereira parece mais um gato pingado de agência funerária do que um ilustre membro do clube optimista de Sócrates. Faz-me lembrar o anúncio da funerária da aldeia onde nasceu García Márquez. "Não tenha pressa. Nós esperamos por si.» Isto também faz parte da "determinação". Não se esqueçam de votar neles.
A FENDA
«É quando tudo vai bem, ou tudo vai melhor na outra linha, que a fenda se dá nesta nova linha, secreta, imperceptível, marcando um limiar de resistência, ou a ascensão de um limite de exigência: já não se suporta o que se suportava antes, ainda ontem; a repartição dos desejos mudou em nós, as nossas relações de velocidade e de lentidão modificaram-se, assalta-nos um novo tipo de angústia mas também de nova serenidade.»
Gilles Deleuze/Claire Parnet, Diálogos
O CÁLCULO DAS SOMBRAS
A menos de um mês de eleições que se destinam exclusivamente a escrutinar o pretty boy (ainda não tinham percebido?) - até porque ele não se poupa (e não nos poupa) em outdoors encomiásticos da sua "obra" dignos da pior Cuba ou da Coreia do Norte - os partidos "alternativos" enganam-se ao falar de Sócrates com ligeireza. Jerónimo acha que o PS e o PSD são diferentes por causa da "esquerda". Supostamente o PS de Sócrates ainda é da "esquerda" e Ferreira Leite pode ser a próxima chefe do governo. Louçã distribui os mimos com equanimidade e até se imagina no lugar usurpado por Sócrates no "imaginário" do folclore esquerdalho. E Portas fala do pretty boy como um "rosto do passado" com quem ele, em desespero de causa, até se podia entender. É preciso, de facto, remetê-lo para lá - para o passado - a bem da nação e da sua sobrevivência. Sócrates já não quer nada a não ser ter um voto a mais o que diz tudo acerca da "densidade" da personagem incensada por tantos idiotas úteis. Ora é justamente esse voto a mais que Sócrates não merece apesar dos milhões que vai gastar irresponsavelmente (em propaganda e inaugurações estéreis) para o obter. Pacientemente e com método (sim, com método), Ferreira Leite tem vindo a explicar por que é que ele não terá esse voto. O resto são cálculos e fantasmas com que os navios vão cheios.
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30.8.09
O OPOSICIONISTA PROFISSIONAL
«Esta é a brochura que Marcelo Rebelo de Sousa distribuiu na Faculdade, referida na discussão sobre o seu "oposicionismo" antes do 25 de Abril.» Sempre supreendente, o nosso "doutor Dulcamara" da FDL. É um case study de oposição à oposição da oposição à oposição a si próprio.
O LIVRO DE MEDINA
Pelo André Azevedo Alves (e, indirectamente por Luís Aguiar Santos), fica-se a saber que já está pronto o livro de Medina Carreira, Portugal Que Futuro? Infelizmente o título é recorrente. Também podia chamar-se Portugal Contemporâneo não fosse esta a obra capital escrita ultimamente (sim, é mesmo assim, ultimamente) sobre o país. No primeiro livro, o entrevistador era Ricardo Costa e, agora, é Eduardo Dâmaso. Em ambos os casos deve saltar-se sempre as perguntas. E passar directamente ao que interessa.
MOMENTO "PERDOA-ME"?
Num comentário a outro post, um leitor terá assistido a mais uma das derradeiras exibições televisivas do José Adelino Maltez. Não vi mas as ditas têm-me revelado apenas um "anti-maneleiro" brincalhão. Isto para não dizer mais nada. Sucede que aquele leitor refere que o José Adelino, na tal prestação televisiva, admitiu poder vir a votar no PS. Não é que isso tenha a menor relevância cósmica. Tal, aliás, como o sentido do meu voto. Por outro lado, não deixa de ser curioso ver o José Adelino a votar eventualmente ao lado do "reitor" da sua universidade* na qual não consta que tivesse sido particularmente bem tratado nos últimos anos. E, sobretudo, por esse "reitor"* em concreto. Todavia, é sempre encantador assistir a estes "momentos perdoa-me". É o que não vai faltar nos próximos dias.
*"Reitor" é uma metáfora. Não é, evidentemente, o da UTL. De facto, esta universidade faz parte do "universo UTL". E aí pára a coincidência.
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FICÇÃO
Luís Amado, um estimável MNE, foi a Timor dizer que aquilo é um "país viável". Até a quinta nas traseiras da minha casa é mais viável do que aquela ficção.
PEQUENA ANTOLOGIA DO DISPARATE
Natália Correia* fez o livro da foto e, à nossa pequenina medida cultural, história. Eduardo Pitta fez esta "antologia" sem história. Está certo.
*Da "Antologia" de Natália Correia, esta "Noite de Núpcias"
Enquanto despia o fraque
junto ao leito de noivado,
escapuliu-se-lhe um traque
de timbre aclarinetado...
A noiva olhou-o de lado,
e pôs-se, com ar basbaque,
a remirar o bordado
das botinas de duraque...
Houve, após esse momento,
naquela noite de gala,
um duplo constrangimento.
E o noivo disse-lhe então:
"Oh filha, cu que não fala
é cu sem opinião...."
MISS TGV REGRESSA À CABINE DE SOM
Parece que a Miss Carolina Patrocínio fez nova prova de vida não inteligente depois do episódio da criada, da batota, das cerejas e do caroço. Apareceu ontem num acampamento de jovens socialistas - ao qual não faltou o extraordinário e cada vez mais maravilhoso líder (o verdadeiro alter ego dela ou vice-versa) desta vez agarrado à poesia "rock" - e também decretou o fim da recessão técnica. A moça declarou-se "satisfeita" (sic) com a coisa como uma vulgar entendida em relatórios das instâncias internacionais ou do oficioso INE. Como escreve um leitor, «já agora, não há aí nenhum jornalista que pergunte a opinião aos macacos do jardim zoológico sobre o novo iPod?» Quem diz macacos ou Patrocínio, diz Marques Lopes, Fernanda Câncio ou Bettencourt Resendes. Vai dar ao mesmo. Estão todos bem uns para os outros.
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A EDUCAÇÃO BESTIAL OU O "PORREIRO, PÁ" ENSINADO ÀS CRIANCINHAS
«O Governo entendeu por bem pôr termo a esta atávica falta de educação sexual nacional. Mas, se pega a moda do Estado pretender ensinar o que é óbvio e natural, em vez do que é elevado e racional, é de esperar que a reforma educativa não se fique pela sexualidade. Falta, por exemplo, uma disciplina de educação respiratória, porque há quem não saiba inspirar e expirar em condições. O mesmo se diga da educação digestiva e de todas as outras expressões das mais básicas necessidades do nosso organismo. Em suma: a introdução da educação sexual não é uma simples alteração cosmética da política educativa, mas o início de uma nova era, a vanguarda de uma autêntica revolução. Abaixo o Português e a Matemática e viva a Educação Sexual! Abaixo a cultura e viva a educação animal! Abaixo a educação humanista e viva a educação "bestial"! A propósito, não será por falta de educação sexual que o lince-ibérico está em vias de se extinção?! Se os homens, que em princípio são animais racionais, têm necessidade, no sábio e prudente entendimento dos nossos governantes, de uma aprendizagem que assegure a sua reprodução, com mais razão os animais irracionais precisam de uma formação específica que os ensine a procriar. Crie-se, pois, sem mais demora, a Escola C+S da Malcata e imponha-se aos linces a frequência obrigatória das respectivas aulas de educação sexual: é a única solução capaz de impedir o seu dramático desaparecimento.»
Gonçalo Portocarrero de Allmada, Público
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«UMA DURÍSSIMA E INESQUECÍVEL LIÇÃO»
Santana Lopes em Castelo de Vide sobre o programa:«não diz aquilo que não pode e não diz aquilo que não sabe.» Não foi combinado mas Henrique Medina Carreira parece dar-lhe razão. «Um pequeno programa, claro e curto, e não, como usualmente, uma ‘apólice’ de seguro para enganar os eleitores (...) Qualquer maioria? Absoluta de um partido, não: os estragos irreparáveis já produzidos em Portugal, nestes quatro anos, dos quais Sócrates nem sequer tem consciência, constituem uma duríssima e inesquecível lição.» Manuela Ferreira Leite também em Castelo de Vide: «Chegamos ao fim desta legislatura com o sabor amargo da oportunidade perdida, dos combates desgastantes e, quantas vezes, estéreis (...) Nestes quatro anos e meio, o Estado transformou-se de modo insustentável numa máquina ao serviço do poder e dos que o ocupa, dos que protege e dos que lhe são submissos, com raras e honrosas excepções que só confirmam a regra (...) Criou-se um ambiente de intriga e de falsas verdades, diluíram-se pilares da sociedade como a família e o casamento, para impor a vontade da lei onde devia prevalecer a liberdade individual, a coberto de proteccionismos pseudo-esclarecidos, entrando-se no declínio e na erosão dos valores cívicos e éticos.» O admirável líder - que já nada mais tem para a troca - oferece-lhe, leitor, "modernidade". A dele, naturalmente. É mais disso que quer?
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TAPAR A CARA
Vi, na RTP, às vinte em ponto de ontem, uma entrada do admirável líder num palco. Felizmente a televisão estava sem som. Todavia, Paulo Tunhas conta aqui o que foi. Por outro lado, e só em outdoors, o PS deve andar a gastar uma pipa de massa. "Saiu" agora um em que aparece, em grande plano, o facies do secretário-geral como que a despedir-se do seu primeiro e único mandato como chefe do governo (ele sorri porquê? e de quem?). A palavra "determinação" vem associada ao sorriso de "mona lisa". Determinação em que sentido? O mesmo de sempre, contra as pessoas e com um vago gozo por ser assim? Era melhor tapar a cara. De vergonha.
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29.8.09
O ACENADOR
Um dia destes, um daqueles simples que está arregimentado num blogue de apoio ao admirável líder (aquilo não é apoio ao PS, faça-se essa justiça, que deve gemer de vergonha com aquela trupe), escreveu que "quem quiser viver no século XXI vota no PS". Porque os que quiserem ficar no século XIX, segundo a luminária, votam no PSD. Sucede que o escriba precisa destas baboseiras inócuas. É avençado do "plano tecnológico" do dr. Zorrinho e tem "projectos" a defender. Aliás, só assim se percebe o ar de basbaque adolescente que manteve no encontro de bloggers com Sócrates, há um mês. Não tugiu nem mugiu. Apenas "bebia" a verve do chefe e acenava com a cabeça. Deve ser só para isso, aliás, que a dele serve.
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SEGUIR EM FRENTE
Marcelo disse duas coisas dignas de registo. A primeira, que o que havia a dizer sobre as "listas" já está dito. Não vale a pena, a não ser para servir interesses próprios e alheios, andar a bater no ceguinho com a "ética"* (digo eu). A segunda, que o programa da dra. Ferreira Leite é o adequado e o suficiente (chamou-lhe inteligente e eficaz) para agora e para a eventualidade de um novo acto eleitoral intermédio a que presida um governo do PSD. O resto - está a decorrer - é uma lição de professor aos meninos e às meninas. Prefiro a vista dos montes, entre o ressequido e o verde, em frente. Aliás, como se deve seguir.
*Como diria o Delleuze, a ética é estarmos à altura daquilo que nos acontece.
ALTO ALENTEJO
Para variar, e em Castelo de Vide, com o Pedro Santana Lopes que fala cerca das 20.00 na Universidade de Verão do PSD. Antes, às 17, o "Dulcamara" do partido, Marcelo Rebelo de Sousa. Uma organização do incansável Carlos Coelho.
METAMORFOSES
Até Paula Teixeira da Cruz ter decidido lançar-se politicamente nos braços de António Costa, enquanto presidente da assembleia municipal de Lisboa, ouvia-a. Depois a sua retórica de advogada foi-se tornando numa banalidade que agrada às televisões e a uma, em particular. É mais uma adepta da "ética" tagarela e nada mais. Já Azevedo Soares (sabem quem é?), mais conhecido pelo "comandante" - e que foi vice ou secretário-geral de Marques Mendes no PSD, não sei bem - é daquelas não notabilidades que, de vez em quando, sentem uma irreprimível vontade de fazer prova de vida. Para quê? Para nada. Apenas para zurzir Ferreira Leite, algo que aparentemente vai unir esta pobre gente a Sócrates e respectivos lugares-tenente e comuns até ao dia 27. Paula e o "comandante" foram "eleitos" pelo Diário de Notícias para comentar o programa do PSD. O "jovem" Passos, desta feita, poupou-se e felizmente poupou-nos. Jardim esclareceu que tinha combinado previamente com a líder as matérias relativas às Regiões Autónomas. Rio só se maçou com a (boa) ausência da regionalização mas isso são contas de outro rosário privativo, dele. E Santana Lopes rematou com o óbvio: «acho muito bem que [Ferreira Leite] rejeite entrar em metamorfoses.» É quanto basta.
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«FOCADO»
Pina Moura, como os mentideros sabem, é um profissional. Foi-o no PC, ao lado de Cunhal, foi-o ao lado de Guterres e está a ser com os espanhóis. Mário Soares, na altura de Guterres, insinuava permanentemente ao bonzinho que era preciso correr com Pina Moura porque era um homem de "interesses". Mal sabia o dr. Soares que ia aparecer um Chávez na vida dele. Nunca se deve cuspir para o ar. Mas adiante. Privei uma tarde inteira com Pina Moura, então ministro das finanças, e com o seu secretário de Estado, Fernando Pacheco. Era uma coisa qualquer chamada "sistema integrado de controlo interno" da administração pública em que estavam representadas todas as inspecções-gerais sectoriais do Estado. Eu representava o saudoso dr. Rodrigues Maximiano, então inspector-geral da administração interna. Foi há oito ou nove anos. O que Pina Moura diz hoje ao bíblico Expresso, disse-o nessa reunião. Já aí se entrevia o desastre sobre o qual, aliás, estávamos ali todos irresponsavelmente a dissertar. Não me surpreende, por isso, que considere o programa de Ferreira Leite "duro, divisor de águas e focado". E que acentue que parte do princípio - básico, aprendido em quaisquer noções fundamentais de economia e não nas tendas da propaganda - de que "os recursos são escassos". Nunca foram outra coisa como também explicou ontem, em Loulé, o Chefe de Estado. Pina Moura era conhecido no Rato por ser o primeiro a chegar e o último a sair. Não o devem subestimar.
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CONTRA O MAMBO-JAMBO PIEDOSO
«Já citei mais de uma vez uma das cartas ficcionais de Fradique Mendes a Madame de Jouarre, em que este descreve a sua chegada de comboio a Lisboa. A carta é uma cruel metáfora sobre Portugal, das mais cruéis e desapiedadas que conheço, e mortiferamente verdadeira. Nela cabe da pior maneira a indústria do "sonho", da "esperança" do "optimismo", com que uns se pretendem distinguir dos outros como sendo melhores. Eles "sonham", os outros não. Essa espécie de oração sobre a "esperança" e o "sonho" tem outras variantes, como seja: "temos que acreditar em nós próprios", "somos capazes", "os portugueses só sabem dizer mal de si próprios diferentemente dos outros povos que nunca o fazem" (quem diz isto não sabe nada dos "outros povos"), "não se pode só dizer mal", etc., etc. Este mambo-jambo piedoso apenas pretende manter os portugueses numa espécie de estado de estupor cívico, ignorando a sua realidade e os seus problemas, envolvendo-os naquilo que o mesmo Eça chamava o "manto diáfano" da mentira. Este "manto diáfano", muitas vezes mais para o nevoeiro espesso do que para o "diáfano", é assegurado pela propaganda dos poderosos, mas também pela credulidade emocional dos destinatários. O que está de mais cruel na carta de Fradique é a a afirmação de que o êxito desse marketing da "esperança" é que ele tem sucesso, não porque os portugueses tenham qualquer esperança, mas sim porque lhes agrada ouvir esse discurso, na exacta medida em que também lhes agrada o seu oposto, o catastrofismo absoluto. Não tendo que ser bipolares, algum dos lados está errado, ou então somos incapazes de nos colocarmos ao centro, no domínio da Razão. Estão sempre a acenar-nos com o Pathos, e o Pathos "passa" bem quer na televisão quer na retórica política produzida por cínicos para as massas. Sensatez - escassa; expectativas irrealistas - muitas. É o "sonho".»
José Pacheco Pereira, Público (sublinhados meus)
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«FERREIRA LEITE DEIXOU A FICÇÃO AO PS»
«Em nenhuma outra eleição se discutiu tanto e tão ardentemente o programa dos partidos (já se verá porquê). Coisa estranha, sendo público e notório que nunca ninguém leu e, sobretudo, nunca ninguém votou por causa do programa de um partido. A pergunta a que os portugueses vão responder a 27 de Setembro é esta: "Sócrates governou quatro anos. Gostou do resultado? Quer continuar? Como está a sua vida? Pior, melhor, na mesma?" Cada um sabe de si e cada um irá responder conforme o que lhe aconteceu desde 2005 e conforme o que espera até 2013. Houve tempo para Sócrates mostrar quem era - e o que era - e a opinião geral do país com certeza que não muda neste último mês com propaganda espertalhona ou pequenas manobras de pequena política. A questão do programa foi levantada pelo PS, e assoprada pelos media, para "provar" a vacuidade de Manuela Ferreira Leite. Sócrates publicou um programa com 120 páginas de promessas (não custa nada prometer) e pretende que Manuela o leve a sério e discuta ponto a ponto as fantasias dele. Ora o que interessa, num programa eleitoral (e não de governo), é indicar uma direcção e uma doutrina: e para isso bastam (e sobram) as 40 páginas do programa do PSD. No que disse antes, como no que disse agora, Ferreira Leite estabeleceu uma diferença entre ela e o eng. Sócrates. Não se confundem. Nem no estilo, nem no carácter, nem na visão da sociedade, nem no que se propõem fazer. Quando escolherem, os portugueses não escolherão na dúvida e na ambiguidade. O caso é claro. O que não impediu alguns peritos, perante o programa eleitoral, repito, eleitoral do PSD, de se afligir em público com a falta de explicações suficientes sobre os meios que Manuela planeia usar. Exigem o "como", em pormenor, com financiamento e calendário e, se calhar, com um projecto de decreto-lei. O que é um programa eleitoral ignoram. Que existe entre a intenção e o fim, um Parlamento, um Presidente, um país e o mundo não lhes passa pela cabeça. Que qualquer acção se deve em princípio negociar com as partes que ela directa ou indirectamente afecta não os preocupa. O que eles pedem é uma ficção, em 100 volumes, sobre o presuntivo governo Ferreira Leite. Ou, no mínimo, as 120 páginas de Sócrates. Mas precisamente Ferreira Leite deixou a ficção ao PS.»
Vasco Pulido Valente, Público (sublinhados meus)
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28.8.09
«ESSE EST PERCIPI (AUT PERCIPERE)»
Mais uma boa "meditação na pastelaria". «Entre o bispo George Berkeley e o agnóstico (?) José Sócrates não hesito: janto com o primeiro.»
A CORTE DO CZAR
Por falar em PS, reparem que, por exemplo, enquanto o Paulo Portas não sai da rua, das feiras, dos mercados e dos lares, o admirável líder refugia-se nas tendas e nos desertos onde tem andado a lançar pedras sobre pedras. Público seleccionado (nomeadamente altos serventuários públicos e partidários) e nada de "povo" por perto. Apenas a "corte do czar". Logo quando o voto é a "arma" dele. Do povo, naturalmente.
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QUATRO ANOS DE "INTENÇÕES DE VOTO"
Do pouco que percebo de sondagens, julgo que Agosto é mês impróprio para as realizar. Por isso, não parece relevar de outra coisa que não de uma vaga "teoria da conspiração" a ausência das ditas a menos de um mês das legislativas. Também por isso fui espreitar o Pedro Magalhães a quem fanei o quadro. É um "balanço" gráfico da legislatura e dos avanços e recuos (nas chamadas "intenções de voto" manifestadas nas sondagens) dos partidos com "assento parlamentar" na dita legislatura. Não digo nada. Prefiro que leiam o Pedro «nomeadamente (...) que a descida [do PS] não passa de um retomar de uma tendência anterior.»
INTENDÊNCIA
O post Querida Televisão tem mais *.
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E JÁ NÃO É NADA MAU
«Tirando o palavreado e a pretensão de virtude, [o Bloco] não existe. O que não impede que a 27 de Setembro seja capaz de acabar com Sócrates. Como ele, aliás, merece.»
Vasco Pulido Valente, Público
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OS IDIOTAS
Quando a conversa do "dossiê flamingo" começou não lhe augurei grande futuro. Nem jurídico, nem político. A um mês de eleições, é bom garantir que esse "futuro" não exista. Quem ler esta notícia - cheia de "fontes" que, de certeza, não vão preocupar um minuto aqueles que se "indignaram" com as ditas de Belém sobre as alegadas escutas - fica com a ideia de que os ingleses são uns badalhocos e uns toscos. E que, em Portugal, política é política e "técnicos" são "técnicos" que podem perfeitamente "enganar" os idiotas (sim, parece que é, afinal, o que eles são) dos políticos que assinam e aprovam qualquer coisa que lhe ponham à frente do focinho. Aliás, é por causa dos políticos e da política que a notícia sai. Os verdadeiros idiotas somos nós.
Adenda: No caso, a coisa pode ler-se como a revelação de que Sócrates, como ministro do ambiente, era, afinal, uma nulidade política. Toda a gente fazia o que queria nas suas costas ou mesmo à frente dele. O homem estava na Rua do Século apenas a ver passar comboios, directores-gerais, co-inceneradoras e outlets. Um simples ajudado por outro simples que é o dr. Silva Pereira. Ora isto abona um primeiro-ministro, mesmo quando ele é da Europa periférica? Um anjinho zen?
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27.8.09
PARA OS PORTUGUESES DA VIDA REAL
«O orgulho de ser português como os portugueses da vida real é feito de outra massa e esta é que é a verdade que a política deveria conhecer mas quer lá saber.» A Fátima - abençoado fim, o das férias dela - explicou em duas linhas por que é que Ferreira Leite vai chegar à frente de hoje precisamente a um mês. E isto não é milho, nem sequer a pardais, que a Fátima não é dessas coisas.
PARA NADA
Os "comentaristas" (e os jornalistas) das televisões - falo da Sic-Notícias, da RTN e da Tvi24* - parece que estavam à espera que a dra. Ferreira Leite apresentasse um segundo "novo testamento" ao mundo. É pena que gente que se reclama da não esquerda (não falo de débeis mentais, naturalmente) persista no frete. E para nada.
*Todavia vantagem para a Tvi24 por ter ido buscar um tipo que sabe, o Salgado Matos.
*Todavia vantagem para a Tvi24 por ter ido buscar um tipo que sabe, o Salgado Matos.
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ONDE FICA O TERREIRO DO PAÇO?
A Praça do Comércio é hoje um enorme estaleiro, caótico, triste e com uma grua ao lado da estátua de Machado de Castro. Está tapada por todo o lado. As pessoas do cartaz anti-colesterol de Costa, Roseta e Zé Fernandes mal podem passar. O Terreiro do Paço é o mais eloquente símbolo do mandato do dr. António Costa. Um bom tema para debater com Santana Lopes.
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DINAMITE CEREBRAL*
A sala era exígua. Não havia nenhum aparato tecnológico especial. Muito menos teleponto. Ferreira Leite até usou uma palavra qualquer que saiu imperceptível. Foi curta e directa. No fundo, e como tenho aqui repetido, mais do que um programa interessa acabar com este falso consenso molengão que o PS dirige e os bonzos aplaudem. Mesmo agora, na Tvi, Sousa Tavares (secundado, ou vice-versa, pelo ministro S. Silva) o repetiu. Têm medo do verbo romper? Têm medo que as pessoas estejam fartas da fantasia e da mitologia mediática? Paciência. The lady is not for turning.
* copyright "anarquista" e muito usado por aqui
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QUERIDA TELEVISÃO
A semana passada, as carpideiras que "escrutinaram" ao segundo a entrevista de Judite de Sousa a Ferreira Leite terão decerto reparado que a jornalista anunciou para hoje o admirável líder. Sucede que o admirável líder marcou uma qualquer sessão de propaganda para coincidir com o "lançamento" do programa do PSD. Uma coisa que, francamente, como todos os outros programas, não tira nem traz votos a ninguém apesar dos derrames que vai provocar nas lixeiras* do costume. Assim, a RTP e o admirável líder ficam mais à vontade para "combinar" um momento que dê mais jeito ao secretário-geral do PS. José Alberto Carvalho, aliás, fingiu arrancar os cabelos pela circunstância de o dito líder não ter, até hoje, dado um chavo para agendar debates televisivos. É uma notável rábula para desatentos. Sócrates pura e simplesmente não quer debates o que, visto pelo lado dele, tem propósito. A RTP, atenta, veneranda e obrigada, obedece.
*Eduardo Pitta - que escreve numa delas - "indigna-se" (eles agora indignam-se muito e são muito "escrupulosos") com a circunstância de o PSD "prometer" trazer de volta os corpos dos soldados portugueses mortos na guerra na Guiné. O Eduardo tem alguma espécie de horror "democrático" a que se honre a memória desta gente que jamais teria assento nas "tertúlias" esquerda-chique que frequenta?
*** O admirável líder, a pedido de várias famílias (sobretudo as do partido dele que já começam a ficar incomodadas com o "estilo"), lá vai "debater" com os outros nas televisões. Sabe Deus os maços de tabaco e os telemóveis contra as paredes que isto não vai custar ao erário do PS.
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O SEMI DA TÉNIA
Anda aí outro, de nome Rogério (sim, este não é anónimo), que deve ser a parte traseira da semi-ténia. Ou, quem sabe, a própria. É simples de espírito e, na sua dupla qualidade (a primeira e esta), ornamenta dois blogues de simples. Este tipo de simples não tem nada a ver com aqueles saudados nos Evangelhos e acolhidos generosamente pelo Senhor. Não. Estes simples são o Inferno do Sartre. Quando ficam presos "da incerteza e da reflexão por detrás das lunetas", viajam "com o olhar como uma autêntica lagosta". Isto é evidentemente um insulto à lagosta. Coisas destas são viscosas e impróprias para consumo. É só ver de onde brotam. Por onde saem. E quem as alimenta.
Adenda: É lamentável que formas de vida inteligente e não invertebradas dêem corda a estas coisas.
SEGUIR EM FRENTE
Deus Pinheiro foi ministro da educação do "bloco central" de Mário Soares nos idos de oitenta. É natural que defenda outro, agora liderado pelo PSD. Com o devido respeito - e mesmo partindo do pressuposto que o PS se livra do "bando de Sócrates" - não é solução. Sabe-se que, enquanto o regime for o que é, esse "bloco" subsistirá em muitos lados. No sector empresarial público, em empresas privadas, nos "clubes" ditos de reflexão, nas casas destes e daqueles, no Estado. É um vício do regime que impede clareza na nossa vida pública. Na sua proverbial ingenuidade, Deus Pinheiro imagina - é só mais um - que tal "solução" salva o país. Não salva. O menos mau que pode sair das eleições de 27 de Setembro é um governo minoritário de Ferreira Leite que confronte o Parlamento com as suas responsabilidades. Depois de quatro anos de AR maioritária e politicamente nula, sempre é um recomeço. Depois há Cavaco. Para que se devolva um módico de sanidade a isto tudo, uma vez terminado o primeiro e único mandato funesto do pretty boy, Cavaco não deve recear intervir. E por intervir não quero dizer governar ou dar orientações políticas que esta Constituição do impasse não lhe permite. A experiência do Chefe de Estado, aliada à prudência da sua personalidade, vão ser fundamentais nos próximos meses. Deus Pinheiro veio do passado para falar em passado. Direito dele. Todavia o que mais precisamos, depois deste interregno pouco sério, é seguir em frente.
Adenda: Tenho muito defeitos e, infelizmente para os tempos e para as gentes que correm, uma boa memória. Deus Pinheiro sucedeu, no IX governo do dr. Soares (83-85), a Seabra (o especialista em Barthes) como ministro da educação. Ora vejam lá.
26.8.09
CONSIDERAÇÕES INTEMPESTIVAS
«Trata-se de saber esquecer a tempo, como de saber recordar a tempo; é imprescindível que um instinto vigoroso nos advirta quando é necessário ver as coisas historicamente e quando é necessário não as ver historicamente. É este o princípio sobre que o leitor deve reflectir: o sentido histórico e a sua negação são igualmente necessários à saúde de um indivíduo, de uma nação, de uma civilização.»
Friedrich Nietzsche, Considerações intempestivas
Clips: Wagner, Parsifal, Prelúdio. Daniel Barenboim.
A AUTORA E O ACTOR
«Critica-se Ferreira Leite por alguma dificuldade na comunicação verbal. Prefere-se, então, um perito na oratória cujos olhos permanentemente desmentem aquilo que efectivamente diz? Em quem devem os portugueses acreditar? No actor que se esvazia de acordo com cada personagem, ou na autora do seu próprio guião, o qual corresponde àquilo em que ela acredita e ela mesma verdadeiramente é?» (João Villalobos)
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O MESTRANDO
O admirável e seguro líder - tão seguro que não há meio de resolver se quer debates nas televisões (é só ele e não ele e Ferreira Leite que já disse estar disponível para debater com quem quiser debater) - foi a Setúbal passear pela Portucel. No caminho, num autocarro, disse ao guia que tinha "estudado" o "exemplo" da Portucel no seu MBA. "Na cadeira de logística, vem em todos os manuais", esclareceu. Já na Portucel, foi elogiado - em andamento e com os microfones das tv's todos apontados para eles, muito frescos e descontraídos - pelo dono da casa, o sr. Queiroz Pereira. "Como eu nunca vi", salientou Queiroz. Sócrates devolveu o elogio, entre outras coisas, em Manuel Pinho provisoriamente ressuscitado para efeitos de propaganda. Um mestrando apurado, este líder.
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UMA SEMI -TÉNIA
Há para aí na blogosfera um anónimo com designação de produto farmacêutico registado na Bayer. Funciona, porém, mais como um vírus daqueles "fabricados" em laboratórios, não os das indústrias da especialidade mas os políticos. É muito popular junto de alguma da "intelligenzia nacional" blogueira, leia-se, do regime. Do PS. Um leitor dos Açores chamou a minha atenção para um escrito qualquer do dito subproduto semi-ténia sobre mim. Não é, aliás, a primeira vez que o subproduto emerge da imundice anónima para se referir a mim. Tipo ténia em pequenina. Não sei se o subproduto sabe francês mas há dicionários à venda nos supermercados. Por causa do regresso às aulas - para onde o suproduto deve voltar rapidamente. Aproveite as "novas oportunidades" e regresse à escola. Para acabar o "básico" do qual nunca se livrou. O que se segue é Céline*, um bom antídoto contra subprodutos e semi-ténias como aquele. «Dans mon cul où il se trouve, on ne peut pas demander [ao subproduto, à semi-ténia] d'y voir bien clair, ni de s'exprimer nettement, [o subproduto, a semi-ténia] a semble-t-il cependant prevú le cas de la solitude et de l'obscurité dans mon anus...»
*para maiores de 18 anos. In L. F. Céline, À l'agité du bocal, págs. 10 e 11. Carnets, L' Herne. 2006. Há na Fnac.
A GRAÇA DOS CLACS
Por acaso cheguei aqui. Santana Lopes tinha então trinta e três anos e era secretário de Estado da Cultura de Cavaco. Estávamos em 1991. Não é tanto o entrevistado que interessa agora quanto a entrevistadora. Graça Lobo, com a patética insolência e o arrivismo presunçoso das suas perguntas, resume na perfeição e à distância de dezoito anos, a "intelligenzia nacional" que se abriga na triste "clac" de apoio a António Costa em Lisboa. Como os velhos apparatchik orgânicos - por serem da esquerda dita "moderna" não significa que sejam melhores que os outros - não aprenderam nada entretanto. Graça Lobo, ao menos, nem se deu ao encanto da subtileza embora, seguramente, se imaginasse subtil e genial como os "clacs" de 2009. Tinha efectivamente as boas pernas que o Pomar soube (não ela) imortalizar. E uma excelente voz. De resto, não era subtil nem genial. Nunca foi. Tal como os "clacs" nunca serão.
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DAS PORTEIRAS
Uma das coisas "giras" dos últimos dias foi ver aquele ex-herói de Abril, Marques Júnior, agora feito deputado do PS, a defender a ideia peregrina de "protocolos" dos serviços do Estado com os serviços de informações (SIS e SIED). Curiosamente só comentam o João Jardim que proibiu a alarvidade na Madeira. Há casos, porém, em que nem sequer é necessário o protocolo. A "gente de Smiley" (tomara os bacocos) já lá está. Em versão "a minha porteira é melhor do que a tua" ou "o meu Moita é melhor do que o teu".
PALAVRAS DE HOJE
«Naquele tempo, disse Jesus: "Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, e dizeis: "Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas." Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Completai, pois, a medida de vossos pais!»(Mt 23,27-32)
MORTE A CRÉDITO
Esta manhã, quando saía de casa, cruzei-me com uma bela cadela "dog alemão" preta, precocemente envelhecida - explicou-me, um dia, a dona - por causa da doença do dono, incapacitado numa cadeira de rodas. O animal vem à rua mas faz uma força terrível para regressar rapidamente a casa, para o dono. Aquela cadela é, afinal, uma pessoa. Melhor, aliás, do que qualquer pessoa. E pensei como a morte do meu cão me privou praticamente da pouca "humanidade" que me restava. Os nossos cães, contrariamente aos homens, têm todas as qualidades da raça incluindo a lealdade. E, também, (descubro agora à medida que o tempo passa) humanidade. «Está tão longe toda essa gente... Mudaram de alma para melhor traírem, melhor esquecerem, falarem sempre de outra coisa...»
RADIOGRAFIA DE UMA ALMA
«Com inimigos assim, Santana nem precisa de amigos.» (outra vez o Luis Rainha, mas a culpa não é minha nem dele).
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GRANDES MAESTROS
Herbert von Karajan dirige Don Carlo, de Verdi. Ferruccio Furlanetto e Matti Salminen respectivamente Filipe II de Espanha (I de Portugal) e o Grande Inquisidor. Festival de Salzburgo, 1986.
SPINOZAS TARDIOS
Falta um mês para as eleições. Só está em causa uma coisa muito simples. Ou fica o admirável líder, nem que seja por pouco tempo, ou sai já. Sucede que há pessoas interessadas em fazer "filosofia" durante o período em curso. O próprio admirável dirige-se aos auditórios cuidadosamente escolhidos a dedo para o escutar como o derradeiro dos profetas. Por que é que não vão para casa ler o Sun Tzu?
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MISÉRIAS
Uma "jornalista" da SIC sentenciou que houve excesso na intervenção da polícia no Seixal. Assim mesmo. A senhora é jornalista ou é de alguma ONG politicamente correcta? O que é que percebe de acção policial? Ou de miséria instintual crónica?
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O "CHEQUE-OBRA"
O sr. Franco - que foi presidente do Sporting e é significativamente presidente da associação dos empreiteiros de obras públicas- reuniu com Ferreira Leite que não lhe deu muita trela. Depois apareceu com o infeliz incumbente da Cultura, o dr. Pinto Ribeiro, que lançou, não uma pedra, mas uma coisa chamada "cheque-obra" para cima dos construtores a pretexto da restauração do património. A uma conversa desagradável (para os betoneiros, evidentemente) seguiu-se uma agradável com Ribeiro. Se juntarmos a isto as primeiras pedras que Sócrates tem andado a deitar por aí, é forçoso concluir que o PS está como que "obrigado" a dar trabalho à pressa a esta gente. Gente que, por definição, não dá nada a ninguém. Ou seja, quem ficar depois das eleições que leve a estátua do comendador, a medalha do Moita e apague a luz. É a isto que se chama "interesse nacional"?
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25.8.09
MOMENTO "FLATULÊNCIA POLÍTICA" ÓBVIA
Estes imbecis ainda não entenderam que Manuela Ferreira Leite é a única, nestas eleições, que não tem nada a perder. Alguém que se afirma disponível para debater com quem quer que concorra a 27 de Setembro - sem atender às "preocupações" dos papagaios de serviço que vêem em Sócrates (justamente o único que quer evitar debates) uma espécie de Oprah com "dimensão social" e em Cavaco alguém sem "bom-senso" (sic) - e que pode perfeitamente ser a próxima chefe do governo português, tem medo de quê? Deles? Que parvalhões. Tudo se há-de arrastar como fantasmas...
MOMENTO "SIMPLESMENTE ÓBVIO"
Está um tipo a dizer, na televisão, que o governo (e o PS) tem uma "dimensão social" e "uma política económica inteligente" com "três linhas" (serão as do TGV?). É director de um jornal. Percebem a coisa? Vão navios cheios de fantasmas...
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O GRANDE ADOPTADO
Mário Crespo passa a vida a levar o Prof. Adriano Moreira aos seus telejornais. Dá-me ideia que, se o Doutor Salazar fosse vivo, também seria convidado de Crespo. Com a vantagem de termos um original que, bem ou mal, nunca tergiversou. Adriano Moreira é um caso sui generis na vida pública contemporânea. Tudo lhe aconteceu cedo ou tarde de mais. Esteve, muito novo, detido no Aljube o que lhe valeu as graças eternas do dr. Soares. Isso não impediu o Doutor Salazar de o escolher como secretário de Estado e, depois, como ministro. Do Ultramar. Durou pouco na sequência de um périplo ao autre-mer que não agradou ao então presidente do conselho. Podia ter sido o "delfim" até porque, a avaliar por um texto de Vitorino Magalhães Godinho escrito na altura em que Moreira o varreu do seu Instituto da Junqueira- a ele e a outros como Jorge Dias -, possuia todos os "requisitos". O que lhe sobrava em manha, faltava-lhe, segundo o maroto do Godinho, em "ciência". No Instituto (parece que é uma maldição da casa) comportou-se sempre como um supra-Salazar. Assim se manteve até ao "25 de Abril" altura em que, como era de esperar, sofreu uns safanões. Tudo passou, porém. Moreira filiou-se no CDS onde chegou a presidente. Adoptou a democracia e a democracia adoptou-o a ele. É tão consensual e venerado como um monumento nacional. Convence pela retórica sempre luminosa. Aquando do apoucamento das universidades por este governo - em especial por este nulo Gago do superior - não poupou na crítica. É um sobrevivente da nossa e da sua história. O que não é pouco.
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WELCOME TO ELSINORE
Paulo Rangel reapareceu, finalmente, depois da eleição europeia. Rangel adquiriu ali um peso político próprio e uma legitimidade que deve agora usar a favor da remoção democrática do poder absolutista do PS a 27 de Setembro. É dos melhores políticos da sua geração e isso não pode ser usado apenas em Bruxelas. E gostei de o ver na Sic-Notícias a comentar o artigo de Soares no DN como um gesto de "marialvismo político" ("geoestratégico", acrescento eu, à conta da pena do mencionado Soares) a fazer lembrar aquela delicado mimo da "dona de casa" que foi eleita presidente do Parlamento Europeu em vez dele. Welcome to Elsinore, Paulo.
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AS TÉNIAS - 2
Em Santarém, precisamente, o chefe do governo prestes a terminar o seu primeiro e único mandato falou em "cooperação estratégica" com as autarquias. E elogiou a maravilhosa "coragem" do edil e guionista escalabitano em homenagear a sua não menos maravilhosa pessoa a um mês de eleições. Criticou - não faz outra coisa de há uns tempos para cá - a "cultura da maledicência", isto é, a oposição à sua maravilhosa pessoa e o normal e bem democrático desejo de o ver pelas costas a seguir a 27 de Setembro. Moita alinhou pelo mesmo diapasão para se defender da "mediocridade" com a cabeça de lista do PS em Santarém, a D. Idália Moniz, por perto. O pior nestes seres é não se conseguirem ver livres deles mesmos. A menos, como as ténias, que alguém os puxe.
AS TÉNIAS
Em Santarém o admirável líder vai ser condecorado pelo simile Moita Flores. Era bom que se juntassem ao acto todos os que, mesmo não tendo nada a ver com Santarém mas que são da mesma massa que produz Moitas (ou ténias na versão de Céline), vão pelo distrito como candidatos a deputados pela quota do secretário-geral do PS. É que Moita só "está" pelo PSD porque porventura o PS não o quis. Assim ficam em família.
DO BANAL E DO PATÉTICO
«Mário Soares, o senhor "treze por cento" das últimas presidenciais, veio de novo em socorro do admirável líder. Não faz mais que a sua obrigação. Afinal, se não fosse Soares, Sócrates dificilmente teria sido apresentado a esse modelo de democrata que é o sargentão Chávez. Desta vez, o ex-pai da pátria virou-se para Ferreira Leite que acusa de banal e patética. Logo ele que, de há uns anos para cá, sobretudo desde que decidiu prestar vassalagem intelectual ao primeiro-ministro não pára de fazer figuras tristes. Pelo meio usa uma expressão extraordinária cujo conteúdo é apenas enigmático para não ser tolo, o de "cooperação geoestratégica institucional" (sic). Só se Soares continua a imaginar-se planetário e de influência mundial, "obamica". Porém, nem tudo é manifestamente péssimo e absurdo. Acaba por reconhecer que Ferreira Leite é «uma pessoa séria, decidida, que tem o culto da verdade, que só faz o que deve e não abre concessões para ninguém, sejam amigos ou não.» Tomara o dr. Soares ter acabado a sua fabulosa carreira assim.
NÃO TANTO
Talvez - porque o tempo do nosso tempo é assassino e curto - pouca gente se recorde (ainda) do Eduardo Prado Coelho. Escrevia todos os dias no Público e, sinceramente, nem sei quem é que está no lugar dele. Também não interessa nada. Faz hoje dois anos que EPC morreu. Mesmo nos seus momentos mais insuportáveis - e, agora, ao folhear os dois volumes do diário redescobri tantos - EPC fazia parte de uma "paisagem" que desapareceu para sempre. A propósito do ódio e da utilidade dos inimigos, EPC escreve, citando Plutarco, que «convém afirmar que "a generosidade em relação a um inimigo é uma propedêutica à grandeza moral". Assim, "se nos habituarmos a permanecer justos em relação aos nossos inimigos, teremos a certeza de que nunca seremos culpados de injustiça e má fé em relação aos nossos íntimos e amigos." Além disso, se nada disto resultar em relação ao nosso inimigo, nada impede que lhe demos dois pares de estalos na primeira esquina em que o encontrarmos. Estóicos, sim, mas não tanto.»
Adenda: Um amável leitor, devidamente identificado, esclareceu-me. «Em vez de EPC, a única pessoa que escreve hoje diariamente no Público é Jorge Mourinha, no P2. Quem conseguir lê-lo mais de uma semana seguida, deixa de comprar o jornal para sempre.»
MOMENTO "OLYMPIA"
Aparece-me, em directo de Leiria, o admirável líder depois da meia-noite (incansável, este homem). Atrás há um cartaz verde - anti-colesterol como os de Costa em Lisboa - onde se pode ler "geração activa". O cartaz é novo, a demagogia é antiquíssima. A ideia da "geração activa", porém, parece-me discriminatória. Um tipo já não tem direito a não querer correr, a não ir ao ginásio, a fumar, a ver televisão ou a jogar PS2 refastelado num sofá a beber coca-colas não light? Esta coisa da "geração activa" tem um cheiro a mofo apesar da pseudo-modernidade. Um cheiro a corpos sãos em mentes sãs. Como o rapazinho da foto.
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24.8.09
UM POEMA
Tu partiste nos quatro versos
que antecederam estas linhas;
ou partiu o teu sorriso, porque tu
sempre moraste no teu sorriso,
chuva verde nas folhas, o teu sorriso,
bater de asas no pulso, o teu sorriso,
e o sabor, esse ardor da luz
sobre os lábios, quando os lábios são
rumor de sol nas ruas, o teu sorriso.
Eugénio de Andrade
que antecederam estas linhas;
ou partiu o teu sorriso, porque tu
sempre moraste no teu sorriso,
chuva verde nas folhas, o teu sorriso,
bater de asas no pulso, o teu sorriso,
e o sabor, esse ardor da luz
sobre os lábios, quando os lábios são
rumor de sol nas ruas, o teu sorriso.
Eugénio de Andrade
DIREITOS SEM DEVERES
Em matéria de uniões de facto e de casamentos (que a manha legislativa pretendia igualizar pela porta do cavalo) só se ouve falar em direitos. Aquela pequena do Bloco, a Drago, e a simétrica do PS, a Ana Catarina, ao reagirem ao veto de Cavaco, não protestaram outra coisa. Então e os deveres? Serão "incorrectos"?
COISAS DE MARAJÁS
A prof. ª Lurdes Rodrigues, acompanhada pelo admirável líder, reapareceu para divulgar mais números e estatísticas, mais estatísticas e números. Como de costume, Sócrates irritou-se quando lhe falaram em "facilitismo" e defendeu a sua precária dama. Os elogios a professores e alunos soam a fariseísmo do mais cristalino. Durante quatro anos a dita dama e o dito líder atacaram metodicamente, a torto e a direito, não apenas sindicatos e associações de estudantes (o que seria o menos), mas gente. Desautorizaram professores, introduziram o caos nas escolas e empurraram os meninos para os braços do Bloco. Coisas de marajás, nas encomiásticas palavras de Eduardo Pitta.
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O DISCURSO DO MÉTODO
Paulo Tunhas:
«Sócrates, na Madeira, voltou a falar de "maledicência" e de "ressabiamento". Esta linguagem "psicológica", que valeria a pena expor em detalhe, até para sublinhar o seu egotismo, diz muito sobre a maneira de entender a política que é a sua. Os "maledicentes" e os "ressabiados" são "maus", "maus" como num jardim infantil. A primeira coisa a fazer nas próximas eleições é mesmo livrarmo-nos disto, desta conversa infantilóide e vagamente oligofrénica que anula tudo. Para poder falar a sério sobre o país. E depois, no confronto político, para nos entendermos e nos separarmos segundo as nossas divergências.»
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FINALMENTE JUNTOS FORA DA YORK HOUSE
«O grande capital de simpatia dos movimentos monárquicos assenta mais na comicidade do que no saudosismo. Isto não pode ser assumido, porque não há melhor humor que o humor involuntário.»
NUNCA É TARDE
Afinal, o Pedro Rolo Duarte (PRD) até percebe o meu apoio ao Pedro Santana Lopes em Lisboa. "Começo a gostar do homem tal como ele é. Nunca é tarde?», escrevia o PRD no Diário de Notícias, suplemento DNA, de 5/7/03. Pois não. Nunca é tarde.
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SEPARAR ÁGUAS
A esta hora as vestais do regime e os respectivos mandarins e marajás, à esquerda e à direita, estão a rasgar os mantos com raiva e "indignação". Nem vale a pena ir ad loca infecta. É sempre a mesma conversa, redonda e estúpida. Só que a questão também é sempre a mesma embora eles a recusem na "elevação" das suas certezas: ninguém é obrigado a casar. Ponto. De resto, as questões de Cavaco são as que verdadeiramente interessam. «Deve o regime jurídico das uniões de facto evoluir no sentido da equiparação ao do casamento? Ou, ao invés, deve subsistir um regime de união de facto, razoável e claramente distinto do regime do casamento, menos denso e mais flexível, que os indivíduos possam livremente escolher? Se o legislador optar por um modelo de equiparação, não se deveria conceder aos cidadãos a possibilidade de, no mínimo, continuarem a viver fora desse enquadramento, agora mais rígido? Será possível conceber um modelo que assegure, de forma equilibrada, uma protecção jurídica mais consistente aos que decidam viver em união de facto mas sem que daí resulte uma indesejada equiparação ao regime do casamento? A ausência de um debate aprofundado sobre uma matéria que é naturalmente geradora de controvérsia revela, além disso, a inoportunidade de se proceder a uma alteração de fundo deste alcance no actual momento de final da legislatura, em que a atenção dos agentes políticos e dos cidadãos se encontra concentrada noutras prioridades.» É assim que tem de ser. É assim que se separam águas.
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BEHRENS
Hildegard Behrens (1937-2009) como Brühnnhilde, Götterdämmerung. Metropolitan Opera Orchestra. James Levine. 1990. Uma homenagem em tempos crepusculares.
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23.8.09
A RAZÃO DE SÓCRATES
O admirável líder foi à Madeira dizer de sua graça. Falou do "velho programa" do PS para os próximos quatro anos (safa). Depois, sem nomear por causa da boa educação, olhou para as suas listas de candidatos a deputados e, em particular, para um que ele escolheu pessoalmente. «Não venho aqui para dar lições de boa educação, nem para ensinar boas maneiras ou o que é de bom gosto. Os que insultam, insultam-se a si próprios.» Até teve, por uma vez, razão. «A Madeira nunca falhou.» E agora também não vai falhar.
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UM CÓDIGO DE HONRA
CÓDIGO DE HONRA DO LANCEIRO*
PRIMEIRO O LANCEIRO É DIGNO DE PERTENCER À CAVALARIA.
SEGUNDO O LANCEIRO CULTIVA A ENERGIA PATRIÓTICA PARA A CONTÍNUA REDENÇÃO DO PORTUGAL ETERNO.
TERCEIRO O LANCEIRO SABE QUE SÓ ATINGE A MÁXIMA PERFEIÇÃO, QUANDO CUMPRE A SUA MISSÃO.
QUARTO O LANCEIRO ASSUME-SE COMANDANTE OU SUBORDINADO, COM A MESMA INTEIREZA, FORÇA E GENEROSIDADE.
QUINTO O LANCEIRO PRATICA ILIMITADAMENTE A VIRTUDE DA CAMARADAGEM.
SEXTO O LANCEIRO QUER SER SEMPRE O MELHOR, QUER NA GUERRA, QUER NA PAZ.
SÉTIMO O LANCEIRO CRÊ QUE O ESPÍRITO É A SUPREMA FONTE DE TODA A MORAL.
OITAVO O LANCEIRO AMA E PROSSEGUE OS CAMINHOS DA HONRA E DA GLÓRIA.
NONO O LANCEIRO JAMAIS TEM MEDO DA MORTE.
DÉCIMO O LANCEIRO BATER-SE-Á SEM TRÉGUAS ATÉ À VITÓRIA.
SEGUNDO O LANCEIRO CULTIVA A ENERGIA PATRIÓTICA PARA A CONTÍNUA REDENÇÃO DO PORTUGAL ETERNO.
TERCEIRO O LANCEIRO SABE QUE SÓ ATINGE A MÁXIMA PERFEIÇÃO, QUANDO CUMPRE A SUA MISSÃO.
QUARTO O LANCEIRO ASSUME-SE COMANDANTE OU SUBORDINADO, COM A MESMA INTEIREZA, FORÇA E GENEROSIDADE.
QUINTO O LANCEIRO PRATICA ILIMITADAMENTE A VIRTUDE DA CAMARADAGEM.
SEXTO O LANCEIRO QUER SER SEMPRE O MELHOR, QUER NA GUERRA, QUER NA PAZ.
SÉTIMO O LANCEIRO CRÊ QUE O ESPÍRITO É A SUPREMA FONTE DE TODA A MORAL.
OITAVO O LANCEIRO AMA E PROSSEGUE OS CAMINHOS DA HONRA E DA GLÓRIA.
NONO O LANCEIRO JAMAIS TEM MEDO DA MORTE.
DÉCIMO O LANCEIRO BATER-SE-Á SEM TRÉGUAS ATÉ À VITÓRIA.
*fonte: Polícia do Exército - Morte ou Glória. Bem hajam.
DO HOMEM E DA RATAZANA
Pacheco Pereira parece preocupado com o "tom" que se avizinha (já se instalou, aliás) em que deverá decorrer a campanha em curso. É evidente que, estando em causa a evicção de um poder literalmente absoluto - espalhado do topo visível ao submundo virtual - o "tom" não só não pode ser "respeitoso" como andará longe de ser "responsável". Não escapa nada nem ninguém, desde o Chefe de Estado ao mais insignificante dos cidadãos. Por isso, a tarefa dos que não alinham com os consensualismos estéreis que se instalaram, com as cumplicidades cobardes que se criaram ou com os adeptos domésticos do "partido universal do único" é parecida com a da filosofia. Incomodar a estupidez. E ver quem sobra, para que lado da refrega se inclina e por onde se abriga. Em suma, quem é que se distingue por ser um homem ou uma ratazana. Nem que fique a falar sozinho. Destruído mas nunca derrotado como o velho do Hemingway ou a "persona" de Hamsun*.
*com lembranças para o Vítor.
*com lembranças para o Vítor.
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