23.8.09

PÔR O TERREIRO DO PAÇO COMO ELE ESTAVA



«António Costa conseguiu levar para a sua lista Helena Roseta...
Sim, mas quem é o vereador das finanças? Catarina Vaz Pinto? Nunes da Silva? Se calhar é Sá Fernandes ou Helena Roseta! Para esse pelouro fui buscar o administrador financeiro das Estradas de Portugal deste Governo. Já a lista de António Costa tem um lugar para uma pessoa de João Soares, outra próxima de Guterres, outra da sensibilidade do Alegre...
Está a dizer que é um saco de gatos?
Sim, uma caldeirada política. Com um objectivo: garantir que Costa sucede a Sócrates se este perder. Não é uma lista feita a pensar em Lisboa, mas a pensar no PS.
Se ganhar fica com o Terreiro do Paço nos braços. Que fará?
A solução viária entre o Cais do Sodré e a Praça do Comércio não tem pés nem cabeça, mas primeiro temos de decidir o que fazer no Terreiro do Paço. Quero tirar dali os ministérios da Agricultura, da Justiça e da Administração Interna e criar um pólo do Museu da Cidade.
Se vencer executa o projecto de Bruno Soares?
Não.
Mas a obra depende do Governo, através da Sociedade Frente Tejo.
Era só o que faltava fazer uma obra no Terreiro do Paço contra a posição da câmara. Costa vergou ao Governo, eu não. A administração central tem mais poder hoje nem Lisboa. É extraordinário.
Qual é a sua alternativa ao projecto de Bruno Soares?
Pôr a praça como ela estava. Não faz sentido mexer na cota do Terreiro do Paço, nem na cor do pavimento... O local precisa de sossego...
Cada vez que se refere à Frente Tejo parece que está a falar de uma associação de malfeitores.
Não falo assim das pessoas nem das sociedades. Mas é uma entidade intrusa, estranha aos interesses de Lisboa. Faz sentido que seja o ministro da Presidência a tutelar uma área tão vasta de Lisboa? Os poderes da Frente Tejo são inaceitáveis.»

Pedro Santana Lopes, entrevista ao Público

Adenda (da leitora Ana Laura): «
Além do Terreiro do Paço, outras situações gritantes existem em Lisboa. Veja a Casa dos Bicos entregue a Saramago. Esta Casa é um dos Monumentos mais importantes da Cidade pela sua vanguarda, mandado edificar pelo filho de Afonso de Albuquerque que era dono daquela zona de Alfama. Hoje está com cartões e afins nas janelas, aos ratos. A Igreja de São Francisco de Santarém passa para a autarquia como moeda de troca de uma condecoração a Sócrates. Monumentos Nacionais são isso mesmo, nossos. Cabe ao Ministério da Cultura e aos seus técnicos mantê-los e cuidá-los. Mas, quando encontramos naquela lista telefónica os nomes de Vitor Serrão, Luis Porfirio, Manuel Batoreo, que dizer? Esta gente vive da História de Arte, matam-se uns aos outros pelos tachos, é pena que deixam destruir esse Património que tinham e têm obrigação de defender por trinta dinheiros. Estranho que na blogosfera ninguém questione a debandada de Património. Concluo dizendo que numa Câmara um trabalho meu de investigação em Arte Sacra morreu na praia quase pronto, o dinheiro foi para um concerto de Tony Carreira.»

8 comentários:

JLR disse...

Eu tenho que passar pelo Terreiro do Paço para ver realmente o que aconteceu de tão grave para Santana Lopes vir para a comunicação social chorar que o Terreiro do Paço está uma desgraça.

Amanhã já vos digo.

Anónimo disse...

JLR,não te maces.
Pelo fel que destilas contra o homem já adivinhamos o que virás dizer.
Poupa-te e poupa-nos.

F.Ornelas

Xico disse...

Ontem, ao ver a maratona de Berlim, não pude deixar de reparar no pavimento em pavê de betão sob as portas de Bradenburg.
Quando vejo isso, e os terreiros de saibro de Versalhes, do Louvre ou de Schonbrunn, pergunto-me sobre as verdadeiras razões da obsessão que os portugueses têm com o chão que pisamos. Será que é por estarmos sempre com a cabeça baixa?

J. Alves Pinela disse...

Esse JRL, ao auto-apresentar-se no seu blogue - sintomaticamente intitulado "Atazanar a direita" -, fala de "bacuradas" (sic!).
O que, obviamente, o habilita - como faz num "post" - a julgar da qualidade da escrita alheia.
Há gente qua ainda vive no tempo em que não havia espelhos.

fado alexandrino. disse...

JLR disse...
Na realidade ao Terreiro do Paço ainda não aconteceu nada, salvo o estar completamente esventrado como pode ver nas fotos que coloquei no meu blog.
Não é esse o problema.
O problema, são dois.
O projecto que está aprovado e que Santana Lopes diz e muito bem que vai rasgar e a completa estupidez que foi o fechar praticamente ao trânsito o eixo Cais de Sodré/Santa Apolónia reduzindo a passagem de carros a carreiro de formigas.
Só um tolo podia ter inventado aquela solução, rematada com umas árvores de plástico num banquinhos de plástico para os tugas se sentarem.
Vá lá, como ameaça, e veja por si.

Anónimo disse...

Acho bem que Santana queira colocar alguma ordem no Terreiro do Paço e na Frente Ribeirinha. Que as decisões sejam tomadas à revelia da Câmara através de uma empresa pública tutelada pelo governo é considerar que o poder local não tem capacidade para lidar com essas questões o que sgnifica passar um atestado de menoridade à CML.
Discordo em absoluto de Ana Laura quando refere, de forma menos apropriada ao papel de pessoas como o Prof. Vitor Serrão na defesa do património histórico. Basta ler as suas críticas à forma como os diversos ministros da cultura têm gerido a área do património cultural, para se concluir que as afirmações da Ana não têm ponta por onde se pegue. Para além das obras publicadas por V. Serrão sobre a história de arte em Portugal.

ana laura disse...

Não tenho conhecimento de grandes críticas por parte do Professor Vitor Serrão a quem quer que seja.Alias trata-se de uma pessoa conhecida como de esquerda mas sem intervenção pública directa. É uma pessoa influente a nível político e social e, uma atitude sua, a existir, seria uma ajuda para nos livrar da humilhação perante a expoliação patrimonial que estamos a sofrer. Esta é uma atitude, mas mais ainda, uma obrigação por parte de pessoas que, dentro da área deveriam acautelar o interesse público. Integrar uma lista que oferece o nosso melhor Património a particulares é a contradição total com todo o seu trabalho. Falo de Vitor Serrão e outros, Mnuel Batoreo que ganhou um prémio Gulbenkian pela obra sobre o Mestre da Lourinhã, Luís Porfírio antigo Director do MNAA ou Eduardo Lourenço. A obra e o trabalho meritório de alguém é também, a sua maior responsabilidade, neste caso ácima de quaisquer interesses partidários ou outros.

Anónimo disse...

Cara Ana Laura, não há dúvida que Vitor Serrão é um excelente historiador, o facto de ser de esquerda não lhe confere mais credibilidade. Infelizmente até antes pelo contrario, ao tentar consecutivamente reescrever uma parte da historia. E estou me a referir ao período do Estado Novo em que ao abrigo de um saudosismo e patriotismo que hoje tanta falta faz se restaurou muito património.
Tudo no seu devido lugar, não é sem dúvida uma época de que nos orgulhamos, mas de facto havia respeito pelo nosso património e um entendimento de que seria fundamental transmiti-lo as gerações vindoras.
Um grande constraste com o comportamento narcisicó-paranoico de Saramago.

aluno de Vitor Serrão