2.3.07

A FOLGA


Paulo Portas disse duas coisas - as únicas, aliás - interessantes a Judite de Sousa. A primeira, que o senhor engenheiro anda demasiado "folgado". A segunda, que perante Cavaco Silva o centro-direita deve agir com respeito e autonomia. De resto, quando afirmou "não ter a intenção" de se aliar a um Sócrates eventualmente não absoluto em 2009, não foi convincente. Portas é um homem com pressa a quem não assenta a mensagem da paciência. Nesse sentido, para recorrer a um termo de Maurice Blanchot, é "um homem em perigo". E Ribeiro e Castro pode - como se viu na sua declaração - ser um "osso" mais difícil de roer do que se imagina. Portas, mais do que convencer o CDS de que lhe é indispensável, precisa convencer o país que lhe faz falta. Ora eu não tenho a certeza que o país sinta, para já, falta de Paulo Portas. Depois, na mesma área, há outro "apressado", este com a vertigem-vantagem do improviso que falta a Portas: Santana Lopes. Todavia, dá-me ideia que está claro na cabeça destes dois homens que Durão Barroso foi o grande responsável pelo afundamento de uma determinada geração política do centro-direita. Como bom maoísta, quer regressar indemne de Bruxelas e "apagar" a sua foto daquela má "história" escrita por ele para se dirigir a Belém. É um fardo díficil de suportar pelo centro-direita partidário que, tal como deve ser autónomo de Cavaco, não pode voltar a curvar-se perante o seu coveiro mais directo. Os homens da direita precisam fazer um congresso extraordinário nas suas excelsas cabeças de modo a evitar alargar ainda mais a "folga" do senhor engenheiro. O regresso da política à arena é bom para agitar a mediocridade vigente e a fantasiosa "paz socrática". Desde que, naturalmente, a mediocridade da direita fique fora de jogo.

Adenda: A prestação "portista" vista da esquerda amiga. Amiga minha, é óbvio.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que me parece que o centro-direita precisa é de uma ideia/princípio, por muito elementar que fosse, para o País.

Por exemplo, vamos manter a imigração (de África, de Leste, etc), ou vai-se apostar na formação de trabalhadores, o que obriga a dar condições de maternidade, educação, etc?

Vai haver uma estratégia concertada de expansão da economia nacional, com centros de decisão portugueses, ou continuam a vender ao primeiro que aparecer com umas notas?


Até agora, só vi uns senhores com uma vaga preocupação contabilistica, e muito muito parecidos com dirigentes desportivos, que, por sinal, costumam ser empresários ....