13.5.08

«MUDANÇA»


A Constança Cunha e Sá, no programa Cartas na Mesa, da TVI, entrevistou D. Jorge Ortiga, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Bispo de Braga. Tratou-se de uma entrevista bem preparada em que D. Jorge procurou não ser politicamente incorrecto, isto é, onde deu a entender que a Igreja está aberta à "mudança" sem prejuízo da "doutrina". D. Jorge deseja uma laicidade que aceite as diferenças - "inclusiva" - e que rejeita, como lhe compete, o puro laicismo. Pura ilusão. À laicidade puxa-lhe, sempre que pode, o pé para o jacobinismo. A história, a remota e a presente, não evidencia outra coisa. Falar em "mudança", neste mundo sem Cristo, é ajudar à festa. Ratzinger não se cansa de repetir duas coisas. A primeira, que a Igreja não faz proselitismo. A segunda, que deve estar preparada para "viver" em minoria. É a esta "mudança" que a Igreja portuguesa deve atender. Não há outra.

9 comentários:

Anónimo disse...

sim, já há muito tempo que se sabe que o futuro da Igreja passará por comunidades mais restritas do que as paróquias e dioceses, mas nem por isso menos interventivas e sólidas. isso não significará, certamente, uma vivência clandestina (apesar de ser o desejo de muitos) mas simplesmente mais exigente e purificadora. em França, por exemplo, sabe-se que a diminuição da participação dos crentes na Eucaristia dominical, não significa um alheamento da vida da Igreja ou da prática religiosa quotidiana, mas revela novas formas de participação eclesial. ad multos annos. Vale!

Anónimo disse...

V. é um homem complicado,ó J.Gonçalves. Às vezes parece um ser racional,até com gostos apurados, como na música,alguma literatura,etc,outras vezes dá-lhe o amok e elogia o Machado dos skins a quem augura grande futuro ou,como neste post, diz simples disparates sobre Igreja e laicismo.Na sua visão,pelos vistos ou há sociedades e estados religiosos,ou há perseguição anti-religiosa que é consequência de todo o laicismo. Valha-nos S.Ambrósio. Então em França ou na Holanda a Igrela católica é perseguida e está refugiada nas catacumbas? O facto de o Estado ser neutro religiosamente implica necessariamente o jacobinismo ? Não regressemos ao século XIX,please! E a nossa Igreja não está agora melhor e mais "arejada" do que no tempo do seu bem amado dr.António? Outra estranha coisa,é sua afirmação de que o Papa Ratzinger declara que a Igreja não faz proselitismo. Como? Quando? E diz isso dois dias depois do Domingo de Pentecostes? Leu o Evangelho de anteontem?

Anónimo disse...

não sou crente. não conheço os problemas que a Igreja enfrenta a não ser de fora.o Papa actual tem outra preparação e outra perspectiva. concordo com ele. qualquer doutrina não se "ajeita" de acordo com o vento que passa. a miséria provocada pelo laicismo vai alterar o mundo futuro. as ideias de decadência do progresso e do ocidente estão para ficar

Nuno Castelo-Branco disse...

Pensava que o fim do século XX, atirando os Costas e quejandos para a estrumeira da História, nos trouxesse a normalização das relações entre o Estado e a Igreja. É o que qualquer ente normal deseja, mas neste período de comemoração (?!) daquela badalhoquice de 1910, lá os vemos de novo a inventar problemas que até agora não se têm colocado. E depois queixar-se-ão...

Anónimo disse...

As lojas maçónicas estão atentas e, neste momento, têm os seus camaradas bem instalados. Neste contexto, por cá, a igreja católica não pode esperar facilidades...

joserui disse...

" A segunda, que deve estar preparada para "viver" em minoria."
A igreja com a mania de baptizar à nascença há muito tempo que tem a ilusão de viver em maioria. Os jacobinos do sistema devem ser todos baptizados e no geral os católicos são de muito má qualidade (eu incluido).
E deixe-me que lhe diga, a maior parte do que aqui escreve também é muito pouco católico. -- JRF

Daniel Azevedo disse...

Caro João Gonçalves

"A primeira, que a Igreja não faz proselitismo. A segunda, que deve estar preparada para "viver" em minoria."

Começo pela segunda afirmação. Já que tantas vezes fustiga a populaça do seu Blog com o conhecimento da história, devería saber que desde os tempos de Costantino que a Igreja não sabe viver em minoria, e que desde essa altura nunca mais deixou de fazer "proselitismo"! Aliás queimou muitos 'cristãos' por partilharem de diferentes interpretações da 'verdade' oficial. Na própria essencia da religião está o poselitismo: 'A verdade está em Cristo'. Quem não acreditar está condenado! Quer mais explicito qe isto?

Gosto muito da sua prosa e partilho muitas das suas 'fúrias', agora, não me chame Totó com frases como as de cima! ;)

Cumprimentos

Anónimo disse...

a laicidade é uma exigência da doutrina cristã, está inscrita no nos seus elementos básicos/constitutivos.
aquilo que a história nos pode mostrar é que foram os cristãos que exigiram a separação entre estado e igreja. por uma questão de obrigação inscrita no livro - a césar o que é de césar...; e de reconhecimento da liberdade do outro para ele poder decidir sem coação, de acordo com a sua consciência.

PJMODM disse...

Percebo o sentido do post, sobre o contrasenso de em nome das maiorias, modas, politicamente correcto, olhares dos media, renunciar aos valores e entrar num pragmatismo em busca de votos ou assentimento dos fautores de opinião. Infelizmente, mesmo católicos com eloquência e especial responsabilidade por força do peso eco das suas palavras parecem ter uma agenda (de falas e silêncios) exclusivamente norteada por essa matriz. Saudo-o por notoriamente não alinhar nesse facilitismo, e assumir a diferença de ser católico num contexto dominado pelo jacobinismo (laicismo apesar de tudo é distinto e um produto do próprio cristianismo, mas isso é outra conversa).
Contudo, separadas as águas é necessário pensar e agir no sentido da «mudança» para além da que se aponta no post, e sempre presente no discurso do Santo Padre.
A rotura com um modelo de obscurantismo muito marcado por cultos (de raiz pagã) para cativar maiorias e voltar a repensar questões que geraram alguns cismas no cristianismo (estando a agora a Igreja Católica preparada para "viver" em minoria, e sendo pressionada não por outros cristianismos mas pelo ateísmo, incluindo algum com deu(ses) prêt a porter).
Um exemplo dos dias que correm: não só toda a feira em torno de Fátima mas uma Igreja que assume aí a charneira, a voz dos Catolicismo, devidamente encarnadada no Cardeal D. Saraiva MArtins - que perturba muitos católicos, em especial dos que estão preparados para "viver" em minoria.