24.5.06

NÃO EXISTEM INDEPENDÊNCIAS GRATUITAS


Anda por aí um alvoroço por causa de Timor. Depois da debandada de 1975, só conseguimos corrigir vagamente a coisa, por causa do que se seguiu ao referendo de 99, quando, num momento de rara inspiração, Guterres e Sampaio - sobretudo o primeiro - pediram a Bill Clinton para "falar" no assunto. Depois Timor percebeu que a Austrália - quando não mesmo a própria Indonésia - estava mais perto deles do que o venerável Portugal da "língua" e de Nossa Senhora de Fátima. Tirando uns esforçados professores de português que porventura se imaginam numa qualquer campanha de alfabetização, daquelas a que o PREC nos habituou, o interesse por Timor passou para o plano do romantismo e da nostalgia. Não foi por acaso que Sampaio, à beira de sair, escolheu Timor como derradeira romagem de saudade. Agora Timor anda de novo em pé de guerra doméstico. Nós, sempre curvados perante o nosso passado mal resolvido, parecemos dispostos a mandar para lá a GNR que, seguramente, deve ser o que está a fazer mais falta aos timorenses. Acontece que Timor é um país independente e que, por essa independência, maçou legitimamente muita gente. E se ainda não percebeu que não existem independências gratuitas, não julgo que devam ser os portugueses a fornecer a explicação.

Adenda: Ler este texto do João Morgado Fernandes

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