25.8.10

TRISTE SINA

A Papelaria Fernandes fazia parte da paisagem. Fez, de gerações que iam lá em busca do material requerido obrigatoriamente por uma escola que entretanto também morreu. Parece que tudo o que era está rapidamente a deixar de ser. E o que está ou vem é sempre em pior - bruto, massificado, indiferente. Triste sina.

9 comentários:

Licurgo disse...

Tem toda a razão, João Gonçalves.
O que vem - ou está para vir - é (será) sempre pior.
Porquê esta sina...? Será porque são os brutos (medíocres, incompetentes, pesporrentes, corruptos) que hoje mandam em tudo...?
Quousque tandem...? Por que razão assistimos, impávidos e serenos, a tais atropelos?!

ZL disse...

Acompanho o lamento e lamento a minha resignação.

floribundus disse...

mais ano menos ano só haverá centros comerciais e hipermercados

MINA disse...

A paisagem vai mudando continuamente e a todos os níveis. As referências que se perdem nem sequer são substituídas por outras. Há quem clame "Não apaguem a memória!", apenas com um objectivo preciso. Ora importa não apagar a memória, não só a de casos particulares, mas a memória global, que é a que nos faz viver e que perpetua a existência de um povo. Os que pretendem instaurar o esquecimento fazem-no com intenções específicas. Há, aliás, uma campanha generalizada nesse sentido. Devemos combatê-la, pois um povo sem memória se não está já morto, está moribundo.

Anónimo disse...

Talvez um dos males da Papelaria Fernandes tivesse sido a sua "expansão" para centros comerciais de rendas caras e poucas vendas. Outro, talvez a gestão incompetente de um dos grandes "emblemas" desta cidade.

Anónimo disse...

Eu gostaria de ver um mundo sem telemóveis e sem ser necessário estar sempre "online", um mundo sem câmaras de vigilância (agora as escolas também vão ter, mas só à entrada - quem paga estas tretas?)... Será pedir muito?

Acho curioso que uma marca como a PF não tenha sido adquirida pelas empresas de sucesso do costume... O que faz um administrador de insolvência? Eu respondo, é um "burrocrata" (muito) cinzento.

PC

Graça Sampaio disse...

Tenho pena pela PF porque faz parte do meu imaginário infantil e de estudante adolescente. Mas, desculpem lá, não tenho saudades nenhumas daquele tempo nem daquela escola dos tempos áureos da Papelaria Fernandes... anos 50/60?
"Jamé"!!! Desse tempo só a música...

zé sequeira disse...

Foi o meu primeiro emprego, entre 1969 e 1984. Saí na altura em que deixou de ter patrões, eles próprios filhos de outros patrões, com os "dentes" profissionais nascidos na empresa e que estavam lá todos os dias, deslocando-se no seu próprio carro (o Presidente do Conselho de Administração andava de Fiat 127) e passou a ter "gestores" com belos ordenados, bons carrões, cartões de crédito, como passou a ser "moda" cá no rectângulo. Apenas lamento a má sorte dos que por lá andam há 40/50 anos a trabalhar e agora tiveram de passar pelo calvário dos ordenados às mijinhas, naquelas idades em que já nada mais há a fazer.

Para a Posteridade e mais Além disse...

a papelaria Fernandes em Lisboa
tal como outras pequenas papelarias pelo país, 2 na covilhã, 2 em Évora uma delas com 120anos, eram um monopóliozinho que vivia à sombra dos liceus nacionais, materiais também eles de produção nacional ou importados de alemanha e frança
o papel cavalinho
as folhas de 35 linhas
são tudo reminiscências de um tempo morto
são estruturas que não se adaptaram aos tempos
como a livraria Barateira ou a Bucholtz
massificado?
nunca houve tanta diversidade de materiais escolares
e eu é que sou pessimista?
pois...