Juro que este post não se destina a agradar aos "camaradas" algarvios. Nem o José Apolinário, que conheci no MASP-1, nem o Gonçalo Couceiro, director regional do ministério da Cultura, precisam de "agrados". Sucede que, por uma vez, não estou de acordo com Vasco Pulido Valente. VPV critica, no Público de hoje, a directa dependência da figura do secretário-geral da segurança interna da figura do primeiro-ministro, por um lado, e o "controlo" que aquela figura vai exercer sobre todas as polícias, por outro. Também é chamado à colação o "chip" que os automóveis terão de exibir como "prova" de que as liberdades já não são o que eram. Nisto tem razão, embora, como lembra no artigo, todo o "ocidente" dito democrático tenha, depois de Setembro de 2001, preferido viver a liberdade em segurança quando não mesmo sacrificar alguma liberdade em prol da segurança. Por cá é tudo infinitamente mais leve e, sobretudo, repetitivo e inconsequente. Sócrates não inventou a roda. Mário Soares, pai da pátria e insuspeito na matéria, quando presidia ao "bloco central" de 83-85, criou o "serviço de informações da República", o "SIRP" - com dois "ramos", um civil e um militar - na sua (ele era então 1º ministro) dependência. Manifestou-se a indignação habitual, agravada pela proximidade do "25 de Abril". Apenas dez anos separavam a data gloriosa desta ignomínia. Soares, o PS e o PSD foram na altura amplamente zurzidos na praça pública e nos jornais por causa deste inopinado "regresso ao fascismo". Todavia, o "fascismo" não regressou. O "sistema", como uma ou outra nuance, serviu até agora sem grandes protestos. E serviu mais cinco chefes de governo, entre os quais dois socialistas e Cavaco. Mais. O mesmo Soares que sustentou politicamente o "sistema" foi eleito presidente da República - e com votos da mesma gente que exigira a sua cabeça em nome do putativo "regresso ao fascismo" que ele promovera através do "SIRP" - cerca de ano e meio depois do episódio. VPV admira-se com o silêncio de um Mário Soares aparentemente feliz com um Sócrates que "não erra". Queria que ele dissesse o quê?
3 comentários:
Meu caro,
Penso que está a comparar o imcomparável. O principal objectivo do SIRP era a investigação de organizações estrangeiras "de cariz revolucionário", ou nacionais com apoio estrangeiro, com interesse na destabilização do país; o objectivo, agora, é a investigação dos cidadãos, tomados no seu conjunto como potenciais criminosos. Isso é que é inaceitável.
Contudo, penso que o problema maior passa um pouco ao lado desse: Mário Soares e quejandos têm muitos defeitos, mas nenhum deles é a estupidez. O mesmo não se pode dizer de Sócrates e seu bando. Ora, segundo alguém mais inteligente do que eu (não me lembro onde terei lido ou ouvido esta frase, mas é uma citação) "a estupidez está na origem de todos os males no mundo".
Nota: Se por acaso sabe quem é o autor da citação, agradecia que o apontasse aqui. Obrigado.
a patologia e paleontologia sindical e partidária rege-se por
palavras de ordem
carimbos
-traz o carimbo nº 3 da internacional socialista sobre segurança
politicos a baixo de cão
radical livre
Ainda sobre o post anterior, nos comentários do qual refere um post do Apdeites sobre o assunto: descobri dois outros, bastante mais antigos, no Bloco-notas (blog antecessor do Apdeites). Ambos se referem à cadeia FCCN/RCTS, que engloba também as redes de bibliotecas. Em (pelos vistos) todas as redes do Estado, a "política" é a mesma: qualquer página ou blog é "inconveniente" até prova em contrário, mas algumas páginas e alguns blogs são mais "inconvenientes" do que outros e outras. Por exemplo, as listas de actualizações em blogs contêm expressões (os nomes dos blogs!) tão inconvenientes como, por exemplo, "buraco da fechadura", "I wanna be nuno rogeiro", "o sexo dos anjos", "fascismo em rede" ou (este é realmente lixado) "meninas e moças, cachopas e gaijas".
Compreende-se a governamental reserva, por conseguinte.
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