22.8.08

DIVORCIADA DA REALIDADE

A Fernanda Câncio - eminente especialista em direito da família e em casamentos, aliás, como eu - pronuncia-se sobre o veto presidencial à lei do divórcio. Se dúvidas houvesse sobre a qualidade de "adereço fracturante" da nova legislação, destinada a "deitar água na fervura" na política de não-esquerda prosseguida pelo PS e pelo governo, o artigo da Fernanda recoloca as peças no seu devido sítio. O pretexto são as mulheres cuja vida de casadas, presumo, a Fernanda, como eu, ignora profundamente. Onde Cavaco fala em situação de maior fragilidade e debilidade, Câncio decreta que Cavaco, "divorciado da realidade", define as mulheres como "frágeis e débeis". Estas bandeirinhas ridículas estão tão gastas como as solas daquelas "socas" pretas que toda a gente usava a seguir ao "25". Nenhuma mulher, nenhum homem, ninguém é obrigado a casar. O que não se deve é usar o contrato - pois é de um que se se trata - como a tal bandeirinha foleira para efeitos de mero gozo intelectual. A Fernanda gostava que a realidade fosse outra coisa e que, sobretudo, o país não fosse aquilo que é. O problema dela é que talvez Cavaco esteja mais perto dessa realidade do que as "cabeças no ar" que apreciavam que a realidade fosse o que vagueia no ar. Todavia, o "progressismo" quase nunca coincide com o "realismo". E - aprendi-o nas aulas de direito - a vida é sempre mais "rica" do que a nossa imaginação. Não se divorcie tanto da realidade, Fernanda. Ainda tropeça nela.

8 comentários:

CCz disse...

Basta atentar no título incluído na faixa inferior da primeira página do Público de hoje

Anónimo disse...

As cadelas apressadas, salvo seja, têm os filhos cegos.
A isenção do jornalista não é algo de abstracto. Pressupõe, nomeadamente, o estudo dos assuntos a tratar.
No caso, é patente um “parti-pris” vesgo da jornalista Câncio contra o actual Presidente da República - que ocupa legitimamente o cargo e tem vindo a exercê-lo com grande dignidade. Parece que esse “parti-pris” dispensou o estudo da questão com um mínimo de seriedade intelectual.
Se tal facto é profundamente lamentável, a verdade é que também serve para definir a fronteira entre o jornalismo responsável e o “articulismo” de trazer por casa, marcando quem pratica um e outro.

Anónimo disse...

O que quer? A mulher nasceu em Vila Franca de Xira, é o respirar do grand monde. Com tais inícios sente-se a pequenez do país a vida toda.

Anónimo disse...

VIDEO: Historia do Politicamente Correcto

A jornalista Fernanda Câncio é sem duvida alguma um dos expoentes maximos em Portugal daquilo que habitualmente se designa como "O Politicamente Correcto".Actualmente usa-se muito a expressão "politicamente correcto" mas a grande maioria das pessoas desconhece completamente a história desta mutissimo influente corrente de pensamento. Mesmo as proprias pessoas mais ardentemente
politicamente correctas muitas vezes desconhecem as origens das ideias politicamente correctas que defendem. Neste excelente video traça-se a história do pensamento politicamente correcto e identificam-se os seus principais expoentes. 3 videos altamente recomendaveis...o tipo de programa que nunca passaria na TV portuguesa.
http://www.youtube.com/watch?v=_DGoEWjT28Y&eurl=
http://www.youtube.com/watch?v=PvAshCchGhQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=_iAVOdNIYqU&feature=related

Video produzido por esta organização
http://www.freecongress.org/

Anónimo disse...

Já tropeçou. Aquelas prosas só podem ser escritas por alguém em fase de queda. Mas só vai perceber que tropeçou depois de bater no chão. É que, o importante não é a queda, é a forma como se aterra. E, pela leva da prosa, melhor, das prosas, percebe-se que não vai ser suave o contacto com o solo.

Anónimo disse...

"onde existem aranhas não há moscas"
bertolt brecht; a alma pura de Che Suan

radical livre

Anónimo disse...

O ser humano gosta de ser livre e muito mais de ser libertino. Mas a liberdade, por falta de cabecinha atilada,onde a sensatez predomine, e, muito mais ainda, a libertinagem, proporcionam-lhe, não raras vezes, situações críticas que procura resolver da forma mais estúpida.

Anónimo disse...

O artigo da Fernanda Câncio é desonesto (aquela do "... veto presidencial informa que as mulheres são fracas e débeis."!!!), preconceituoso, interesseiro (a condição da mulher agora e na discussão sobre o aborto mudou um pouco na cabeça da Fernanda Câncio) e, claro, profundamente desrespeitador ("...espécie de divórcio da realidade"???) das opiniões que divergem das dela. Demonstra bem a actitude democrata de determinada esquerda iluminada. Eles pretendem (bondosamente) regular a felicidade futura da Humanidade; os outros (maldosamente) querem levá-la para a idade das trevas. Não é difícil de imaginar que se a Fernanda Câncio pudesse, o homem Cavaco Silva seria "desencorajado" de dar opiniões.