22.8.08

O NADA CENTRAL

«(...) Passaram seis meses e ainda não sabemos o que pensa o PSD sobre assuntos que a todos dizem respeito: crescimento da economia, crise política internacional e o reacender da guerra fria, controlo de grandes empresas portuguesas pelo Estado angolano, reforma das leis laborais, TGV, auto-estradas, barragens... Acabámos de ver um anúncio de grande vitória por a economia ter registado um crescimento anual de 0,9 por cento, no ano terminado em Junho. Reacção da oposição: discurso de circunstância e mais nada. De facto, a economia, fruto das reformas já realizadas, comportou-se melhor do que no passado recente, quando a economia europeia desacelerou. Mas, mesmo assim, o resultado deste trimestre mostra que a meta (ou será previsão?) de 1,5 por cento de crescimento para este ano está definitivamente afastada para aqueles que alguma vez quiseram acreditar. Para tal acontecer no segundo semestre o crescimento teria, necessariamente, que se situar acima dos 2 por cento, o que é impossível. A oposição, e o PSD em particular, disse: nada. Mesmo a previsão do Banco de Portugal, de 1,2 por cento, será dificilmente alcançável, pois a economia, neste caso, teria de crescer no segundo semestre a 1,4 por cento. Não é impossível, mas é improvável. Quanto ao pacote em discussão pública sobre legislação laboral, a oposição do PSD disse nada. Pelo menos que se ouvisse. O Estado angolano tem vindo a tomar conta de empresas do sistema energético e financeiro nacional. As dúvidas são pertinentes. Primeiro, a privatização de grandes empresas não tem como objectivo serem nacionalizadas por outro Estado, seja ele qual for. Segundo, no caso concreto, é um Estado não democrático e que não segue as regras do mercado na sua intervenção pública. Terceiro, as empresas portuguesas em Angola têm sofrido pressões públicas inadmissíveis para venderem parte do capital à nomenklatura, por preços por ela determinados, naturalmente, e com chantagens claras e credíveis. Em conclusão, será que os portugueses consideram razoável que empresas críticas ao regular funcionamento da nossa economia fiquem nas mãos do Governo angolano? Sobre isto o PSD nada disse. Eu pelo menos nada ouvi ou li. Nos grandes projectos o PSD disse ter dúvidas e precisava de ver os estudos. Até aqui tudo bem, mas é pouco. Por um lado, já houve um milhão de portugueses (incluindo eu próprio) a fazer tal exigência. Por outro, é preciso dizer, caso a caso, o que pensa sobre o assunto. Quais os projectos em que não têm informação suficiente? Quais os que são para adiar ou para não fazer de todo? Quais os critérios de selecção? Sobre tudo isto o PSD disse: nada. Quando o Governo lança o primeiro (e pequeno) troço do TGV, da Margem Sul à margem mais a sul, o PSD nada disse. Ora, este pequeno facto torna irreversível a realização do TGV até Badajoz, o PSD disse: nada (...).

Nota: Este texto é parte do artigo do prof. Luís Campos e Cunha, publicado no Público, e é, aparentemente, dirigido ao PSD. Não "contra" o PSD, mas contra a "forma" como o PSD (não) faz oposição. De resto, é um texto crítico do governo - nas áreas fundamentais, só faltando a "administração interna" e a "segurança" que não existem - escrito por aquele que foi o primeiro ministro de Estado e das finanças de Sócrates. Sublinhados meus.

5 comentários:

Anónimo disse...

"actum est de (3ª) republica"
"acta est fabula"
die hard=me cago en los politicos

radical livre

Dinis disse...

Hum! e que estúpido é o José Sócrates! Demorou seis meses (6) a perceber que este extraordinário ser humano, amplamente citado pelos blggers mais notáveis deste país (antes de ser ministro) não tinha, afinal, jeito para ser Ministro...Uma sumidade. Um desperdício de talento.

Anónimo disse...

Que se pode esperar dos vendilhões da Pátria?
A corja politica vende tudo. Vendida já ela é há muito. Vendeu o idioma. Agora está empenhada na venda de interesses económicos e, por fim, venderá o território.
Parasitas imbecis.

CASUAL FRIDAY disse...

De facto, MFL não foi eleita presidente do PSD para ficar em casa, em silêncio. Por isso, é certeira a crítica de fundo de Menezes, à excepção de que Menezes é a ultima pessoa com autoridade moral para a criticar: se não fora o péssimo desempenho dele como líder, MFL não seria hoje a presidente do PSD.
Mas, MFL anunciou logo de ínicio que não falaria, no sentido de que, ao contrário de outros antecessores, não se deixaria enredar na teia de anúncios, réplicas, e contraditas mesquinhas do cenário político dos últimos tempos. Percebe-se a sua estratégia de, a cerca de um ano de distância das eleições, deixar o governo PS desgastar-se sozinho.
Por outro lado, MFL foi eleita sem programa e sem equipa: ao longo deste tempo congregou o seu team, e vem preparando o seu projecto. E percebe-se que a esta distância MFL não queira ainda apresentar soluções e propostas para as questões da actualidade. Esse é o papel do Governo, que claramente o vem desempenhando mal. E MFL não quer dar soluções e oferecer respostas ao PS.
Sobretudo, MFL não quer que as atenções do eleitorado se desviem da crise e das insuficiências do Governo PS para se focarem no debate PSD-PS. Ainda não é o momento para tal.
O momento actual é propício a deixar o governo PS sozinho na arena numa pega de caras ao touro da crise económica e da vaga de crimes… e com MFL a assistir na primeira fila da bancada….. esfíngica.
Mas, digo eu, assistir de bancada só, não pode ser. Não basta. É preciso vaiar o toureiro.
Até porque há razões de sobra.

Anónimo disse...

Eu acho que esse artigo do Prof. Campos e Cunha, pela análise que faz da situação, pode ser considerada uma dissimulada candidatura à liderança do PS.
Quanto às críticas à Dra. Manuela Ferreira Leite, usa a pouco original técnica tipo: "o autocarro vai aos ésses, a derrapar, em risco de se dispistar, o condutor vai mais preocupado com a sua aparência do que com a condução e o que diz a senhora que está sentada na 3ª fila no lugar junto à janela?"
Quanto a uma das funções fundamentais do Estado, a segurança interna, silêncio! Do Prof. Campos e Cunha e dos principais responsáveis do governo.