«“Lolita”, a história de um pedófilo francês envolvido com uma ninfeta americana, é superiormente escrita em inglês por um autor russo. Depois de tão nebuloso e improvável puzzle, o leitor está pronto para enfrentar alguma lascívia, que é como quem diz, o carmesim da obscenidade.» Manuel S. Fonseca. Também sou um leitor atento de Lolita. E do famoso posfácio de Lolita. «Quanto a mim, uma obra de ficção só existe se me consegue proporcionar aquilo a que chamo sem rodeios o gozo estético, isto é, uma sensação de estar, de certo modo e algures, ligado a outros estados de ser em que a arte (curiosidade, ternura, generosidade, êxtase) é a norma. Não há muitos livros desses. Tudo o mais é um acervo de lugares-comuns ou aquilo a que alguns chamam "literatura de ideias", a qual não passa muitas vezes de um acervo de lugares-comuns em enormes blocos de gesso, cuidadosamente transmitidos de século para século, até que aparece alguém com um martelo e dá uma boa martelada a Balzac, a Gorki ou a Mann.»
Adenda: O Carlos Medina Ribeiro tem uma "Lolita", salvo seja, traduzida para oferecer. Escrevam-lhe.
6 comentários:
Li o livro e vi o filme com o Jeremy Irons. Gostei. Tive uma vez uma discussão com um amigo que me dizia que não era pedofilia. Consegui convence-lo que era.
Também gostei do Nabokov e da sua viagem Coast to Coast, com o assassínio da mãe da ninfeta de permeio, a fuga derradeira da pobre jovem. Declamei-no-lo, aliás, a mim mesmo e à minha esposa: disse expressivamente para nós toda a excitante e perversa narrativa.
A literatura é, por vezes, para quem sabe dela tirar o máximo partido o mais excelente preliminar, que digam Catulo, Ovídeo, Plauto, Terêncio, Horácio, Virgílio. Quem a fez e soube comer.
A minha vocação é construir a marreta estética que escafeda com muita da pedantaria publicada e muita da estratosfera inacessível de cromos que Portugal vai parindo e a quem a Crítica espuriamente chama escritores mas as vendas provam serem só escribas pífios.
PALAVROSSAVRVS REX
Daniela Major disse...
Esqueça esse filme e veja o do Kubrick com uma interpretação superlativa de todos os actores.
E peço desculpa mas atendendo à época e olhando mais de perto para a Sue Lyon não, não é pedofilia.
João, agradeço a referência e folgo com a afinidade literária que espero não seja a única (não há nada a fazer, tenho mais gosto em estar de acordo do que em conflito).
Parabéns pelo seu exemplar Portugal que, aqui na rede, só por antífrase é que é dos pequeninos.
A minha ideia era oferecer um exemplar do livro (Ed. Visão) no seguimento do melhor comentário que, AQUI, viesse a ser feito.
(O João Gonçalves designaria o vencedor, e o "Sorumbático" ofereceria o livro).
Ora, como não expliquei, a tempo, a minha ideia, a atribuição será feita de outra forma:
Os leitores serão desafiados a responder a uma pergunta muito simples acerca do livro, que será colocada, ainda esta manhã, no
"Sorumbático".
Como se verá, não é preciso saber muito de literatura para ganhar o livro...
O livro pode, então, ser ganho no seguimento de um passatempo simples [v. aqui], até às 20h de hoje, dia 22.
Pouco depois dessa hora, será divulgado o nome do vencedor, e ser-lhe-á pedido que indique morada para envio do livro.
Se, ao fazê-lo, o leitor disser que "foi recomendado" pelo Portugal dos Pequeninos, receberá um prémio adicional: um livro do poeta russo Ievgueni Ievtuchenko.
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