Maria Filomena Mónica escreveu um livrinho sobre Cesário Verde que não tenciono ler. Por causa da proeza, Mónica não tem parado de conceder entrevistas e, num artigo do Público de hoje, dá conta das suas melancólicas deambulações aos locais onde nasceu, viveu, trabalhou, passou e morreu o poeta de "o sentimento de um ocidental". Sempre gostei de Cesário mas jamais me passaria pela tola erguê-lo a "exemplo" da melhor poesia portuguesa. Joel Serrão redigiu uma bela "explicação" sobre o bardo para a velhinha edição da Portugália e, se bem me lembro, Jacinto Prado Coelho tem um ou dois ensaios concludentes. Mónica apenas se "apaixonou", como uma previsível adolescente, pelos versos de Cesário e, evidentemente, pela sua curta vida, aliás, pouco entusiasmante. O artigo do Público é esdrúxulo e não põe nem tira nada ao que interessa para a "compreensão" da poesia de Cesário Verde ou da já mencionada inexcitante vida do autor. Ao falar de Cesário, como de costume, Mónica fala dela própria e do seu caprichismo burguês. Deu voltas e voltas e acabou na Lapa, mais exactamente no quentinho pequeno-burguês da casa dela. Ficam-lhe mal estes ademanes solipsistas. Experimente antes um piquenique.
7 comentários:
foi exactamente isto que pensei ao ler o texto da mfm.
obviamente sem a consisão e acerto do joão.
já há muito que a sra filomena mónica se tornou irrespirável: seja em livro de memórias entrevistas opiniões biografias. neste caso aproveita cesário verde para se passear se mostrar, e como diz acabar no quentinho da lapa. ou na sua concha.
como antónio barreto, cada vez mais uma desilusão.
A piquena tem um ego do tamanho do mundo. Aliás o mundo só existe para rodar (de boca aberta) à sua volta.
Em todo o caso, já o li - o "livrinho" - e não me fez mal.
Não saberei julgar, com rigor académico, da consistência de tudo o que lá é escrito. Mas num país onde os livros são - tão frequentemente - tidos como aceitáveis ou a evitar em função do número de páginas que ostentem (um livro grande é, sem mais, uma maçada, para muito boa gente), este tem o mérito de, sucintamente, nos proporcionar uma visão de Cesário e, no plano da poesia (e não só), do Portugal do seu tempo.
Quem, depois dele, quiser ir mais longe, que o faça, seja quanto ao autor, seja quanto à época. Ou o que for.
Se é a apreciação mais solidamente fundamentada, não sei; se no livro há "demasiado" de MFM, talvez. É questão de estilo e de estética: onde, num trabalho de carácter biográfico, está o limite para a subjectividade do biógrafo?
Claro que se por esta ou aquela razão (que não se discute aqui) se nutre algum preconceito por MFM, tudo o resto fica, naturalmente, inquinado.
O que é perfeitamente legítimo. Mas nada terá necessariamente a ver com o valor (ou o desvalor) do que escreva.
Costa
...sempre contra a Maria Filoménica Mónica!! Porquê exactamente???
Gostaria mesmo de saber...só para compreender o "sempre cotnra"!!!!
O que a MFM escreveu não interessará MESMO a ninguém??
Natal,"saison"mercantilista por excelência.Vende-se (quase)tudo.Até improbabilidades:livros ,num país analfabeto...
A Sra. Dra. MFM sempre me foi uma figura simpática, com escritos interessantes e possuo quatro livros dela - incluindo a biografia.
E foi a referência neste último a Vasco Polido Valente que me fez alterar essa simpatia, pois a referência que faz ao convívio íntimo dos dois, foi descabido, desnecessário e gratuito. Com ele, deixou de ser uma Senhora...
Tratou-se de um qualquer ajuste de contas particular que desconheço, mas para quem era amigo do destinatário, almoçava regularmente com ele e continuava a confidenciar-lhe os seus projectos, foi de muito mau carácter.
Por isso não vou adquirir o livro de Cesário Verde...e se mo oferecerem, troco-o.
Digo eu...
Saloio
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