O desemprego já vai quase nos quinhentos mil. Somos o quarto glorioso país da Europa a vinte sete nesta matéria. Mesmo assim, as universidades continuam a chutar cá para fora milhares de desempregados "altamente qualificados", as sondagens atribuem maiorias absolutas ao senhor engenheiro e o PSD de Menezes e de Ribau mostra diariamente o que vale. Significa isto que os portugueses estão satisfeitos com a sua vida de merda? Parece-me que não. Significa antes que têm medo de pior. A nossa raça nunca se distinguiu especialmente pela griffe "sangue, suor e lágrimas". Sou até tentado a pensar que o que se seguiu ao fantástico desembarque de 1415 em Ceuta foi fruto de uma circunstância feliz e rara a que, adequadamente, os espanhóis puseram termo em 1580. Daí em diante - não é preciso ser Bandarra para constatar o óbvio - "decaímos". A decadência foi a fórmula jeitosa encontrada para definir a nossa impotência e a nossa larvar estupidez. A democracia não melhorou as coisas, apenas as tornou mais transparentes. Vivemos de representações e à superfície. Sócrates, até mais ver, representa melhor do que os outros e flutua sobre as nossas cabeças como uma pena de peru de natal. Acabará, um dia, não sei quando, como o referido peru, servido quente ou frio.
8 comentários:
http://www.petitiononline.com/5336172/petition.html
caro João Gonçalves
...também não exagere! O "nosso" declínio começou no séc. XVII após a então, ainda, heróica batalha atlântica sobre a armada Holandesa a par da expulsão dos mesmos do território brasileiro. Daí até 1974, tirando Fátima e alguns partos na arte e na literatura, a expressão Portuguesa foi ficando cada vez mais decadente. De 1974 para cá nem de "expressão Portuguesa" podemos falar. Resta-nos a memória.
"A decadência foi a fórmula jeitosa encontrada para definir a nossa impotência e a nossa larvar estupidez."
É bom que cada um fale por si assim com esta propriedade!
O que me espanta é que haja portugueses que tenham orgulho em sê-lo. Não é possível, a quem tenha dois dedos de testa, ter orgulho em pertencer a este rebanho. Ou manada, ou cáfila, ou o que quer que o valha.
Valha-nos Deus!
Estamos a entrar no extremo de dizer que mais vale não ser nada do que propriamente Português. E isso é particularmente estúpido. Por muito que a história nos traga gradualmente mais ao fundo, traz também vontade de voltar a subir. O problema desta minha teoria é não saber qual é o dia em que os ditos perus serão todos servidos num belo jantar...
Devemos ficar contentes e felizes por pertencer e viver num país de campeões.
Campeões no desporto (todos os anos temos um campeão de futebol), nas boas e nas más artes, campeões nas dívidas e calotes autárquicos, nas promessas e mentiras e, mais recentemente, um campeão de cimeiras!
Cimeira aqui, cimeira ali, cimeira acolá ... "cimeirando a espalhar por toda a parte" ... (que me perdoe o Camões).
Cimeiras que são êxitos ... diz ele!
Já estava esquecendo que, por vezes, também somos campeões do ridículo: devemos ficar contentes e fazer uma festa, só porque o eurostat se "enganou" em 0,3% no desemprego ? ... então o importante não são os quase quinhentos milhares de desempregados ?
Que me desculpe o anónimo das 9,43 pm. mas acho que já não há Deus nem algum ser superior que possa valer a um povo "derrotado e sem esperança" e que só tem "campeões" ... mesmo que sejam de "coisas" que nada prestam para o nosso hoje e amanhã.
Há pouco, disse Manuel Alegre que existe "défice de autonomia na comunicação social".
Caro Manuel : PORTUGAL TEM DÉFICE DE TUDO O QUE FAZ UM PAÍS SER UM PAÍS A SÉRIO.
Estou a ver por aqui muito derrotismo.Vejam bem um negócio que vai de vento em popa: a venda de passaportes!Após o fim do império nova metodologia nasceu: fazê-lo cá dentro e como pagamos ninguém se vai atrever a chamar-nos nomes...
E agora até permite perseguir a extrema-direita por causa disso!
Com a cimeira UE-UA vão melhorar este revolucionário mecanismo de reconstruçaõ dum império de novo tipo.
Até já cá estão todos aqueles que contribuiram para a derrocada do anterior, todos dando uma ajudinha no novo...
Já que conversamos de representação e superfície, vale a pena ler este texto do Miguel Castelo Branco :
- «A Point de Vue acaba de publicar os dinheiros de algumas listas civis de chefes de Estado. É edificante e merece reflexão:
Isabel II, 15.500.000 Euros
João Carlos, 8.050.000 Euros
Beatriz I, 5.600.000 Euros
Margarida II, 8.600.000 Euros
Carlos XVI, 5.200.000 Euros
Harald II, 15.000.000 Euros
Alberto II dos belgas, 9.542.000 Euros
Henrique do Luxemburgo, 650.000 Euro
Cavaco Silva, 16.000.000 Euros
Sarkozy 100 Milhões (!)
É claro que a dotação para Belém passa sempre entre as malhas da discussão parlamentar, sem que se fale no caso, especialmente na comunicação social. Que contraste com o passado. A estes gastos, temos que somar três presidentes passivos, cada um com as suas mordomias (escritório, carrão, chauffeur e secretária). O atelier da rainha D. Amélia, passou para a posse de Sampaio, custando mais 800.000 ao erário. É claro que sai logo um republicano a terreiro dizendo que urgia recuperar o edifício ! Sugiro que para a comemoração da república, o presidente passe a consumir a mesma soma de há setenta anos atrás, como acontecia com D. Carlos. Na verdade, a dotação de D. Carlos I era exactamente a mesma desde o tempo de D. João VI e ainda por cima 20% era imediatamente cedida ao tesouro para minorar o défice. Ficava apenas com o dobro do salário de um ministro. Proponho, em conformidade, que em 2010 o Senhor Presidente receba o mesmo que o marechal Carmona em 1930, assim como o palácio de Belém passe a consumir o mesmo com que tinha de se arranjar naquela data. Havia de ser bonito, lá se iam as dótóras todas, os Mâcedes SLK e os assessores».
Publicada por Combustões em 5.12.07
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