Durante anos, Fernanda Botelho morou perto de mim e retenho a imagem dessa mulher elegante, sempre com uma cesta de vime que usava nas compras. Na sua delicadeza escorreita e irónica, Fernanda Botelho é, por certo, menos lida do que muitas dessas galinhas e galos com penas na mão que vendem desalmadamente livros ultra light. A Botelho, sendo de todos os tempos, foi, nos dias que correm, uma personagem de outros e mais sustentados tempos. Ainda era prima de Camilo e viveu os últimos anos discretamente nas cercanias de Lisboa. ("Tudo à minha volta assume um cariz gerôntico. Estou a viver como uma espécie em vias de rápida extinção, ao lado da minha irmã, também ela invadida pela poeira branca do tempo, a esboroar-se rapidamente (...) Que torturada morte é esta ainda estúpida vida?") Um escritor português do século XX para não esquecer nem confundir com bagatelas.
5 comentários:
A tua referência à Botelho é de suma justiça em tempos que glorificam a mais estupidificante leveza!
Está na pomposa vacuidade de valores dos discursos cimeirescos. Está nos curricula de esse Ensino sem Reitor. É preciso reagir e resistir com toda a Verve.
Não conhecia... também os há que vão tentando aprender mais qualquer coisa, mas com tão poucas boas referência é difícil...
gostei muito de ler o excerto. por isso obrigado.
Obrigada, pelo post.
o' Joshua:de que Planeta e' que vens????Bolas!
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