Pelo Eduardo Pitta, tomo boa nota da tradução portuguesa do livro de Camille Paglia, Personas Sexuais (Relógio D' Água). Diverti-me bastante a ler o anterior Vampes & Vadias. "Deixámos às gerações que vieram depois de nós num vácuo espiritual. Os jovens estão a lutar pela sua identidade num mundo definido pela desigualdade e pelas incertezas materiais, justapostas bolsas surrealistas de fome e fausto. Daí a sua vulnerabilidade ao politicamente correcto, única religião que conhecem. Os jovens imploram por alimento espiritual, e a elite das escolas oferece-lhe as amargas cinzas do niilismo." Como ela dizia numa entrevista, "é preciso varrer toda esta droga pós-modernista e estruturalista que não produziu nada a não ser postos académicos, promoções e salários de sucesso" e "a ideia de que gente que balbucia trivialidades esquerdistas é de esquerda" quando não passam de "materialistas grosseiros." A Paglia, ilustre crítica dos lugares-comuns "culturais" e identitários - em Espanha, por exemplo, Zapatero e o "correcto" estão a levar o "identitário" a um ponto de não retorno, nas regiões e nos costumes - tem um "plano" muito simples: a "fusão do arcaísmo e futurismo". Também simpatizo com a ideia, mais criativa que a do progressismo jacobino que nos governa a carteira e a alma. Todavia não chegamos lá.
2 comentários:
Experiência...
caro João Gonçalves
As pessoas só mudam quando são obrigadas e às vezes nem à estalada! Quer se queira quer não algo vai ter que mudar ao nível das mentalidades, ao nível da organização social. É impossível vivermos mais tempo em confrangedora decadência e empobrecimento apenas tendo como desculpa que o "modelo social" e a igualitariedade estão presentes e activas na politiquíce actual. Fomos enganados. Não vai ser necessário aparecer um líder para empreender uma nova revolução. A hemorragia vai ser geral. Infelizmente, vamos todos pagar.
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